29/09/2019 - 13:30 - 15:00
EO-32E - GT 32 - Trabalho, ambiente e território |
30991 - PREJUÍZOS AMBIENTAIS E À SAÚDE HUMANA CAUSADOS PELO AMIANTO
MARIA PAULA DO AMARAL ZAITUNE - UNB, VERIDIANA SILVA RAMALHO - UNB, NATAN MONSORES DE SÁ - UNB
Apresentação/ Introdução: A inalação ou ingestão de fibras de amianto afeta, principalmente, trabalhadores que manuseiam diretamente o mineral, mas não se restringe a este grupo, afetando suas famílias e qualquer pessoa que possa entrar em contato com este mineral ou com produtos derivados dele. Além dos efeitos negativos à saúde humana, o amianto causa sérios danos ao meio ambiente, desde a fase de extração à destinação dos rejeitos (Martin-Chenut, 2016). Acompanhando a tendência internacional, o Brasil proibiu recentemente a extração, industrialização, comercialização e a distribuição do amianto. Mesmo com o banimento, doenças relacionadas ao amianto e a mortalidade diminuiria apenas depois de algumas décadas, por conta do longo período de latência (OMS, 2014). Na questão ambiental, uma das maiores questões está nos passivos ambientais deixados pelas minas desativadas, que geram inúmeras condições de exposição humana à substância. Nesse sentido, o Núcleo de Evidências da Faculdade de Ciências da Saúde buscou estruturar estratégias de tradução do conhecimento como forma de transformar o conhecimento em ação efetiva, a fim de promover o advocacy em saúde e subsidiar as políticas públicas em saúde. Objetivo: Elaborar síntese de evidências para levantar opções para o enfrentamentos dos problemas ambientais e de saúde relacionados à exposição humana ao amianto. Metodologia: Foi utilizada a metodologia SUPPORT, que utiliza de revisões sistemáticas para encontrar as melhores evidências de opções para o enfrentamento dos problemas. As bases consultadas foram Epistemonikos, Health Systems Evidence, Social Systems Evidence e Pubmed. As palavras-chaves utilizadas foram asbestos, health, environmental e "Tobacco Smoke". A última palavra-chave foi utilizada na base Health Systems Evidence para buscar evidência indireta, já que não apresentou resultado sobre asbestos. Resultados e discussão: Como resultados, foram obtidos 207 textos. O framework Rayyan identificou 49 artigos como duplicatas, que por consequência foram excluídos, e os 158 restantes foram para análise de título e resumo. Destes, apenas 6 foram selecionados e lidos na íntegra, finalizando com apenas três após análise e avaliação de qualidade pelo instrumento AMSTAR. Sobre o enfrentamento dos prejuízos ambientais em revisões sistemáticas, há lacuna de evidências, ou seja, a literatura não aponta para opções de qualidade para o enfrentamento deste problema. A opção de enfrentamento encontrada trata de política de saúde para a população exposta ao amianto, com foco nacional e outra no âmbito das empresas, de modo que as ações nas empresas dessem suporte à política nacional. Essa política mais específica é importante pelo fato de se conhecer a fonte de exposição no trabalho, o que faz com que os trabalhadores sejam os mais frequente e reconhecidamente expostos, tanto na extração do mineral, quanto na comercialização, na restauração e nas demolições de materiais com amianto que podem deteriorar (OMS, 2017). Dessa forma, as empresas devem acompanhar a saúde dos trabalhadores (que estão na empresa e os que já saíram) e fazer programas de educação/ treinamento. Esse registro de expostos, possibilita um sistema nacional de registro de trabalhadores expostos ao amianto. Por consequência, permite o planejamento de intervenções, bem como triar e dar continuidade do cuidado aos que precisam. Contudo, nos casos encontrados, a vigilância se resumiu a acompanhar trabalhadores e verificar o número de óbitos e não havia intervenção. Para empresas, foram encontradas quatro barreiras para implementar a política: o custo, a responsabilidade, o contexto e as relações sociais (MacEachen et al., 2008). Conclusão/ Considerações finais: Este estudo sugeriu que revisões sistemáticas devem ser elaboradas para as questões ambientais relacionadas ao amianto a fim de subsidiar as ações que concretizarão a implementação do banimento do amianto no país. Para o setor saúde, a síntese de evidências encontrou a opção de política de vigilância e intervenção para diminuir a incidência e a mortalidade de doenças relacionadas ao amianto. Mesmo com a importância dessa opção, diante da gravidade das consequências da exposição ao amianto, há algumas barreiras locais que podem dificultar a sua implementação.
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