28/09/2019 - 15:00 - 16:30
CB-32B - GT 32 - Trabalho, ambiente e saúde |
29856 - ESTRESSE OCUPACIONAL EM PROFISSIONAIS DAS EQUIPES DE SAÚDE BUCAL NA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA
CAROLINE DANTAS ALBUQUERQUE CARNEIRO - FIOCRUZ-PE, LUCIANA CAMÊLO DE ALBUQUERQUE - SECRETARIA DE SAÚDE DO RECIFE
INTRODUÇÃO
O trabalho representa um dos fatores determinantes da situação de saúde dos trabalhadores, podendo contribuir para fortalecê-la ou deteriorá-la (Carvalho, 2014). Os sujeitos gastam maior parte do tempo de suas vidas dedicado à atividade laboral, seja dentro ou fora do ambiente e expediente de trabalho. Logo, o trabalho deveria significar realização, satisfação e prazer (Selligmann-Silva, 1994). Entretanto, especialmente na sociedade capitalista, o trabalho se apresenta como um meio de exploração e desigualdade social, e, consequentemente, atua como fonte ou intensificador de problemas de saúde (Dias et al., 2011).
Atualmente, uma das principais causas de adoecimento é o estresse ocupacional, instituindo-se como importante fator de risco ao bem-estar psicossocial do indivíduo, afetando diretamente a saúde e a qualidade de vida afetiva, social e profissional (Costa, 2010). O estresse ocupacional é considerado como a soma de respostas físicas, mentais e fisiológicas que, quando se tornam intensas, a ponto de ultrapassar a capacidade de enfrentamento do indivíduo, se convertem em reações emocionais negativas (Yarker et al., 2007).
Diante da carência de estudos relativos às condições de estresse dos profissionais de saúde bucal, achou-se pertinente realizar estudo com o objetivo de analisar as condições de estresse ocupacional em que estão submetidos os profissionais de Equipes de Saúde Bucal na Estratégia de Saúde da Família no município de Recife (Pernambuco).
OBJETIVO
Analisar as condições de estresse ocupacional em que estão submetidos os profissionais de Equipes de Saúde Bucal do Distrito Sanitário II do Recife
METODOLOGIA
Estudo descritivo transversal realizado com 66 profissionais da odontologia da Estratégia de Saúde da Família, analisando as situações de esforço e recompensa no trabalho a partir do questionário Effort-Reward Imbalance.
RESULTADOS
Segundo o cálculo da razão de desequilíbrio esforço-recompensa, 90,3% da amostra se encontram em situação de equilíbrio entre esforço despendido no trabalho e recompensa recebida. Apesar de a pesquisa revelar resultados positivos e relevantes na questão da gestão do trabalho do município, os dados podem ter sofrido influência de alguns vieses, como, por exemplo, a população ser composta por profissionais mais velhos, experientes e com vínculo estável.
Além disso, os resultados nas três dimensões do questionário mostraram-se equilibrados: 45,5% dos participantes encontram-se com alto esforço no trabalho, 53% com baixa recompensa e 47% com alto comprometimento excessivo, o que revela uma população que vivencia situações de estresse ocupacional e que está propensa a desordens ao bem-estar no trabalho e na saúde dos profissionais.
Vale salientar as discrepâncias encontradas quanto a situação de recompensa e remuneração dos Técnicos e Auxiliares de Saúde Bucal que, quando comparadas as dos cirurgiões-dentistas, são bem menores. Medidas que promovam a valorização (profissional e salarial), reconhecimento e igualdade de tratamento devem ser adotadas, buscando melhoras na relação de trabalho no setor de saúde do município.
CONSIDERAÇÕES
Este tipo de pesquisa tem a sua importância no trabalho de sensibilização dos responsáveis pela gestão política e, especificamente, do trabalho no município. A partir dos expostos, espera-se que o estudo seja útil na reflexão e análise das condições de trabalho das Equipes de Saúde Bucal da Estratégia de Saúde da Família e na compreensão dos impactos do estresse sobre a vida e desempenho profissional, para que, assim, se efetivem práticas de vigilância e assistência à saúde dos trabalhadores e trabalhadoras de saúde do município.
REFERÊNCIAS
CARVALHO, Geraldo M. Enfermagem do trabalho. 2ª Edição, Rio de Janeiro: Guanabara. Koogan, 2014.
COSTA, Maria A. de S. et al. O estresse no trabalho e a auto-avaliação da saúde entre os trabalhadores da enfermagem das unidades de urgências e emergências da Secretaria Municipal de Saúde de Campo Grande/MS. Tese de Doutorado – Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Rio de Janeiro, 2010.
DIAS, Elizabeth C. et al. Employment conditions and health inequities: a case study of Brazil. Cadernos de Saúde Pública, v. 27, n. 12, p. 2452-2460, 2011.
SELLIGMANN-SILVA, Edith. Degaste mental no trabalho dominado. Rio de Janeiro: Cortez, 1994.
YARKER, Joanna, et al. Management competencies for preventing and reducing stress at work: Identifying and developing the management behaviours necessary to implement the HSE Management Standards. Health and Safety Executive Books, 2007.
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