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Grupos Temáticos

29/09/2019 - 13:30 - 15:00
EO-32F - GT 32 - Trabalho, saúde e estratégias de formação

31178 - DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIAS PARTICIPATIVAS E DIALÓGICAS EM SAÚDE DO TRABALHADOR: OFICINAS, DIÁRIOS E CADERNETAS DE SAÚDE DE PROFESSORES DE UNIVERSIDADE PÚBLICA
KATIA REIS DE SOUZA - FIOCRUZ, ANDREA MARIA DOS SANTOS RODRIGUES - FIOCRUZ, MARIA BLANDINA MARQUES DOS SANTOS - FIOCRUZ


Apresentação
Metodologias de pesquisa a respeito do trabalho e da saúde que reconhecem o próprio trabalhador como sujeito do conhecimento e da ação estão presentes desde os primórdios do campo da saúde do trabalhador (anos de 1970), mais especificamente na experiência que ficou conhecida como Modelo Operário Italiano (MOI). De fato, é possível afirmar uma tradição, no Brasil, de estudos e estratégias de produção de conhecimento procedentes da experiência operária e sindical italiana. Neles, encontramos inspiração para desenvolvimento das “cadernetas e diários de saúde e trabalho” e das “Oficinas em Saúde do Trabalhador” desenvolvidas com docentes no contexto de universidades públicas. Importa considerar que as abordagens de caráter participativo, que adotam o trabalhador como protagonista do conhecimento, permitem a compreensão, de uma forma mais precisa, sobre o modo de como as transformações estruturais afetam o cotidiano do trabalho e suas repercussões na saúde do ponto de vista, qualitativo, dos próprios trabalhadores. No que tange a caracterização das Cadernetas e diários de saúde e trabalho, são instrumentos de registros (caderno de pequeno porte) que servem como ferramenta para o trabalhador anotar e memorizar aspectos de sua saúde relacionados ao trabalho. Assim, pode-se ter acesso à experiência e subjetividade dos trabalhadores de um modo mais profundo, acessando diretamente a vivência e os significados da saúde. Quanto às “Oficinas em saúde do trabalhador”, são espaços onde trabalhadores e pesquisadores reunidos discutem temas de trabalho relacionados à saúde, pautados em elementos da investigação participativa e da pedagogia freireana, bem como dos fundamentos do campo da saúde do trabalhador, principalmente o MOI e a teoria de Gramsci.
Objetivos
Desenvolver e atualizar ferramentas da tradição crítica e participativa procedentes dos estudos operários e sindicais de maneira a se conhecer, com maior profundidade e extensão, os cenários do mundo do trabalho em sua relação com a saúde.
Metodologia
No tocante ao campo de estudo, foram realizadas reuniões e aplicação das cadernetas durante o segundo semestre de 2016. Participaram da pesquisa oito docentes, sendo cinco professoras e três professores. Todos pertencem ao mesmo instituto de uma universidade federal, localizada no Rio de Janeiro. Assim, baseados no aporte conceitual do MOI de “Grupo Homogêneo”, “Observação Espontânea”, “Validação Consensual” e “Crítica Coletiva”, desenvolveu-se um método de investigação a respeito do trabalho e da saúde, combinando observações individuais dos trabalhadores (cadernetas) e discussão coletiva (oficinas em saúde do trabalhador). A qualidade especial das cadernetas, como técnica de investigação, refere-se ao papel protagonista atribuído ao trabalhador no processo de pesquisa, autor do diário e coparticipante do estudo. Nas oficinas, que se efetivam pelo desenvolvimento de reuniões com grupos, elegeu-se o diálogo como categoria privilegiada do processo de produção de conhecimento e da ação educativa. Nessa vertente, os grupos de discussão são fontes de conhecimento e fornecem elementos à serem objetos de interpretação crítica, conferindo uma conotação epistemológica ao diálogo. Em relação à análise dos materiais, adotou-se a vertente da análise temática, chegando-se quatro eixos principais de discussão: intensificação do tempo de trabalho do professor; precarização das condições de trabalho em universidades e saúde docente.
Resultados e discussão
No plano empírico, as falas e registros procedentes das reuniões das Oficinas e dos registros das cadernetas especificaram queixas e agravos à saúde, tais como, palpitações, angústia, desânimo, irritação, cansaço, frustração, vontade constante de chorar e estresse. Com efeito, quando o tema é saúde docente, ganha destaque, tanto na literatura quanto no ponto de vista dos próprios professores, referências à saúde mental. Ademais, aspectos como precarização da infraestrutura do trabalho em universidades e intensificação do tempo de trabalho contribuem para a sobrecarga das atividades docentes, suscitando um quadro difuso de queixas de saúde. Incentivou-se a socialização dos problemas e o processo de partilha da experiência com potencial para a geração de conhecimento em perspectiva coletiva.
Considerações Finais
Afirma-se que as cadernetas e as oficinas mostraram-se como estratégias metodológicas adequadas ao desenvolvimento de estudos sobre a relação trabalho e saúde, levando-se em consideração a experiência do trabalhador em seu próprio contexto de trabalho. A possível limitação metodológica refere-se ao preenchimento da caderneta, bem como a participação nas oficinas serem considerados como tarefa adicional do professor. No entanto, verificou-se, ao fim, que não foram impeditivas à realização do estudo, permitindo que os participantes assumissem o lugar de observadores e autores críticos de sua própria história.

local do evento

Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

Campus Central

A Universidade Federal da Paraíba é reconhecida pela sua excelência no ensino e em pesquisas tecnológicas e, atualmente, encontra-se entre as melhores Universidades da América Latina.

Campus I - Lot. Cidade Universitaria, João Pessoa - PB, 58051-900