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Grupos Temáticos

30/09/2019 - 13:30 - 15:00
EO-32G - GT 32 - Produção de saúde, acidentes e agravos no trabalho

31174 - O PRAZER, SAÚDE E TRABALHO DOS SERVIDORES TÉCNICO-ADMINISTRATIVO DE UMA UNIVERSIDADE PÚBLICA NO RIO DE JANEIRO
TATIANA DOS ANJOS MAGALHÃES - ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA SÉRGIO AROUCA- ENSP, LUCIA ROTENBERG - INSTITUTO OSWALDO CRUZ/ FIOCRUZ


Introdução: No imaginário social, os servidores públicos são representados como burocratas (NUNES et al, 2009), aqueles que deixam o paletó largado na cadeira (RIBEIRO, MANCEBO, 2013). Segundo Ribeiro e Mancebo (2009), a imagem pejorativa deste grupo de trabalhadores é antiga, porém se intensificou a partir de 1995 com a implementação da reforma do Estado no governo FHC. Neves (2005) observa que o processo de debilitação da identidade dos servidores públicos foi permeado por Programas de Demissão Voluntária e pelo aprofundamento de campanhas de desmoralização profissional, como a chamada “Caça aos Marajás” e o arrocho salarial. Tal desvalorização tende a afetar a saúde, de forma que os transtornos mentais são as principais causas de afastamento do trabalho entre os servidores públicos (SCHLINDWEIN, et al, 2018). De maneira recorrente, os estudos com servidores públicos têm dado atenção às questões referentes ao adoecimento desses trabalhadores, porém o presente estudo, parte da perspectiva de que o trabalho pode atuar como um operador de saúde, quando o trabalhador consegue transformar sua situação de trabalho e se reconhecer no trabalho bem realizado (SILVA, RAMMINGER, 2014). A análise dos aspectos do trabalho associados à produção de saúde nos trabalhadores constitui uma lacuna na literatura especializada em relação à qual temos a expectativa de contribuir. Considerando (i) que os assistentes em administração são a categoria mais numerosa entre os servidores da Universidade Federal Fluminense (UFF), (ii) que, como servidores, sofrem o estigma do funcionário que não trabalha, atuam em uma atividade intermediária considerada “invisível” (LOUREIRO, 2017), com pouca autonomia (FARIA et al, 2017) em atividades consideradas rotineiras (RIBEIRO, 2012) e (iii) que a maioria dos estudos sobre o contexto universitário abordam os docentes, havendo pouca informação sobre os assistentes em administração, o presente estudo buscou responder à questão Que fatores contribuem para o prazer e a saúde entre esses trabalhadores com relação ao seu trabalho? O marco teórico que guiou o estudo baseia-se em conceitos desenvolvidos por Georges Canguilhem e Christophe Dejours. Objetivo: O estudo teve como objetivo discutir a produção de saúde de assistentes em administração da UFF a partir de um instrumental metodológico que priorizou dar voz a estes trabalhadores através de suas narrativas sobre o trabalho. Metodologia: A pesquisa é caracterizada como um estudo qualitativo, que utilizou como instrumentos a entrevista individual semiestruturada e um questionário sociodemográfico. A amostra do estudo contou com 20 assistentes em administração, que foram selecionados a partir da técnica de bola de neve (VINUTO, 2014). O roteiro abordava aspectos relacionados ao trabalho e à saúde, ao desgaste mental, à autonomia dos servidores e suas atividades. A pesquisa foi aprovada pelos Comitês de Ética da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (Fiocruz) e da Universidade Federal Fluminense. Resultados: Entre as atividades de trabalho, estão aquelas que os servidores realizam para além do que é prescrito, ou seja, predeterminado para aquela categoria profissional. Pode-se perceber uma preocupação com missão da universidade. Por exemplo, agem no sentido de viabilizar as aulas, embora não haja a prescrição de que devam correr o prédio para verificar se as salas têm cadeiras suficientes ou se está tudo certinho para as aulas. Em alguns momentos, os servidores conseguiram perceber a transposição das atividades consideradas rotineiras para um novo sentido, modificando a concepção de trabalho. Dejours (1992) refere que o conteúdo significativo do trabalho comporta uma relação dialética entre o sujeito, com sua história e a atividade realizada. Para Canguilhem (2017), é a capacidade de enfrentar situações novas e criar outras normas é o que define a saúde, como exemplificado por servidores que sempre têm aprendido alguma coisa na universidade ou que se mobilizam para resolver situações imprevistas que venham a prejudicar o funcionamento da universidade. A contribuição para a missão da universidade, o vínculo com a universidade, a inteligência e capacidade criativa, assim como os sentidos do trabalho, atuaram como potencializadores da saúde dos servidores, revelando seu comprometimento com a atividade profissional. Considerações finais: Em conjunto, os resultados desafiam o imaginário social sobre o servidor público. Conhecer os aspectos potencializadores da saúde dos servidores é fundamental para propor políticas que contribuam para a sua saúde, promovendo condições em que venham a criar novas normas e ressignificar o trabalho diante de cenários adversos, contribuindo para que possam exercer sua função precípua de servir à sociedade.

local do evento

Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

Campus Central

A Universidade Federal da Paraíba é reconhecida pela sua excelência no ensino e em pesquisas tecnológicas e, atualmente, encontra-se entre as melhores Universidades da América Latina.

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