28/09/2019 - 13:30 - 15:00 EO-1A - GT 1 - Saúde das populações do Campo, Floresta e Águas: pesquisas, experiências e vivências na direção de um conhecimento emancipatório. |
29921 - ENFRENTAMENTO E SUPERAÇÃO DO CÂNCER DE MAMA: NARRATIVA AUTOBIOGRÁFICA DE UMA MULHER NEGRA QUILOMBOLA ANA MARIA EUGÊNIO DA SILVA - UNILAB, FERNANDA IELPO DA CUNHA - UNILAB
INTRODUÇÃO
O processo da descoberta do câncer de mama, os impactos, as angústias, o medo e ainda a discriminação, foram os assuntos discorridos nesta pesquisa. A autobiografia de uma mulher negra quilombola, revelam o caminho percorrido para o tratamento realizado através do SUS e a importância da família, dos amigos, do território e, principalmente, do papel exercido pelos conhecimentos ancestrais rumo a cura, atreladas a dança de São Gonçalo e as sementes crioulas presentes em todo esse processo. Por fim, chama atenção, ainda, sobre a importância do recorte étnico racial frente as políticas públicas de saúde destinadas a população negra, especialmente da mulher quilombola.
O câncer de mama é um dos tipos de anomalia que mais mata mulheres em todo o mundo. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA, 2018), a mortalidade em mulheres ocorre em todos os países, independentemente, de seu desenvolvimento. Esta anomalia é a segunda causa de morte por câncer no mundo, perdendo somente para o câncer de pulmão. Este número só tende a crescer devido às desigualdades, socioeconômicas, políticas e culturais da população. A desigualdade se torna mais gritante ainda quando se trata da população negra camponesa quilombola, que tem suas particularidades negadas ao longo da história.
Portanto, tal recorte, será de extrema importância para problematizar a saúde da população negra. Por isso, o debate sobre câncer de mama em mulheres negras quilombolas necessita de um olhar mais minucioso, respeitando sua singularidade e suas expressões culturais, particularmente aqui, a Dança de Sâo Gonçalo.
OBJETIVOS
O objetivo geral desta pesquisa vislumbra sobre as narrativas autobiográficas e os impactos de uma experiência vivenciada, por uma mulher negra, mãe, militante, estudante e quilombola ao ser diagnosticada com Câncer de mama, ou seja, os impactos que a patologia trouxe para sua vida pessoal e coletiva.
Para construir o caminho da pesquisa com a finalidade de alcançar o objetivo geral, foram formulados os sequintes objetivos específicos: Chamar a atenção dos profissionais da saúde, em particular, do Serviço Social para a necessidade de atentar para as especificidades das mulheres negras; Fomentar o debate dentro e fora do mundo acadêmico, dando ênfase a particularidade dessas mulheres; Destacar a importância das ações possíveis de escrita e leitura, para o enfrentamento e superação do câncer de mama
METODOLOGIA
A metodologia adotada foi a pesquisa qualitativa, utilizando-se de narrativa autobiográfica, dialogando com a singularidade e particularidade de uma mulher negra quilombola rumo aos processos de enfrentamento e superação do câncer.
Assim, a autobiografia deixa para a ciência e a pesquisa os caminhos de aproximação com a realidade quilombola, suas crenças, valores, a relação com a terra e o território, a dimensão do sobrenatural revelado pelos ensinamentos dos seus ancestrais e a espiritualidade, ampliando o debater do câncer a partir das especificidades de uma mulher de origem quilombola com recorte étnico-racial, ainda pouco explorado e debatido nos espaços acadêmicos, de pesquisa e nas ações e intervenções da área de saúde
CONSIDERAÇÕES
Para além de resultados, as considerações finais importantes estão ligadas a visibilidade, as especificidades e singularidades dos corpos negros colocando-os como protagonista dessa realidade autobiografada, ainda distante dos profissionais da área de saúde. E no final de tudo, fica a vitória, transpondo o câncer, dançando e cantando nos braços de São Gonçalo e do seu amado Quilombo.
Com a presente autobiografia, expomos as narrativas do enfrentamento e superação de câncer de mama de uma mulher quilombola, ao mesmo tempo em que trouxemos de forma bastante relevante as questões étnicas raciais. São as mulheres negras que permanecem no intenso grau de vulnerabilidade social, encontrando-se imersas em um misto de resistência, violência, exclusão e preconceitos. Daí, a relevância da luta dos profissionais do SUS e da sociedade na defesa do sistema público de saúde universal, com atendimento integral respeitando as particularidades dos sujeitos, com instrumentos capazes de traçar o recorte étnico-racial, para que se reflita sobre e se busque meios para superar o estado de vulnerabilidade dessas mulheres portadoras da anomalia.
REFERÊNCIA
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretária de Gestão Estratégica e Participativa. Departamento de Apoio à Gestão Participativa. Políticas de promoção de equidades em saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. 14p,
GELEDÉS, Câncer de mama não vê cor? Mulheres negras têm mais chances de desenvolver a doença. 2018. Disponível em: Acesso em: 1 mar. 2018
GOLDENBERG, M. A arte de pesquisar: como fazer pesquisa qualitativa em ciências Sociais. 8. ed. Rio de Janeiro: Record, 2004.
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