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Grupos Temáticos

28/09/2019 - 15:00 - 16:30
EO-1B - GT 1 - Saúde das populações do Campo, Floresta e Águas: pesquisas, experiências e vivências na direção de um conhecimento emancipatório.

30916 - ASSENTAMENTO VIDA NOVA-QUESTÃO AGRÁRIA VÍNCULOS E SAÚDE APÓS A CONQUISTA DA TERRA
ANA PAULA DIAS DE SA - REDE NACIONAL DE MÉDICAS E MÉDICOS POPULARES, CLAUDIA FREITAS DE OLIVEIRA - PROF. UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ, ELAINE MARIA BARBOSA CARDOSO - MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA, LEANDRO ARAÚJO COSTA - REDE NACIONAL DE MÉDICAS E MÉDICOS POPULARES, VICTOR VICTOR TEIXEIRA DO MONTE - MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA, GISLEI SIQUEIRA KNIERIM - FIOCRUZ, VIRGÍNIA DA SILVA CÔRREA - FIOCRUZ


O presente relato, descreve a experiência realizada durante o projeto de intervenção por ocasião da conclusão do curso de especialização em Promoção e Vigilância em Saúde, Ambiente e Trabalho realizado pela Fiocruz em parceria com a Rede Nacional de Médicos Populares, na cidade de Fortaleza – CE 2017 a 2018, o cenário de prática foi o Assentamento Vida Nova, localizado no Município de Canindé-CE, com tema relacionado a questão agrária: o vínculo e à saúde após a conquista da terra. O Assentamento Vida Nova é fruto da luta pela reforma agrária protagonizada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no Ceará, conquistado há mais de 20 anos, enfrentou e enfrenta diversos desafios, com destaque a resistência frente a seca que há 9 anos atinge o sertão cearense. Nesse árduo processo de resistência a seca, a comunidade percebeu que houve fragilidade dos vínculos quanto a construção de alternativas em coletivo. Nessa perspectiva, a Comunidade apontou como alternativa para as dificuldades levantadas o resgate dos vínculos através de ações em torno da saúde, por meio das Práticas Integrativas e Complementares (PICS) em especial a prática de uso e cultivo das plantas medicinais.
OBJETIVO
Fortalecer os vínculos e resgatar as práticas populares de saúde por meio de diversas ações coletivas junto com a Comunidade entre as quais o uso e cultivo das plantas medicinais no Assentamento Vida Nova -CE.
METODOLOGIA
Após discussões e orientações realizadas no período de um ano, foi desenvolvido o trabalho a partir das seguintes etapas realizadas concomitantemente:
• Pesquisa Bibliográfica: foi realizado levantamento de dados referentes à história e a luta do MST no Brasil e no Ceará, as noções e conceitos acerca dos conceitos de saúde, vigilância e território saudável e sustentável, assim como a revisão sobre as PICS.
• Pesquisa de Campo: foram realizadas seis visitas, das quais tivemos na primeira a realização da territorialização do espaço, a segunda e terceira visita envolveram atividades de educação popular em saúde com roda de conversa sobre o conceito de saúde, já nas últimas três visitas foram realizadas atividades práticas com o plantio de dois quintais medicinais e oficina de manejo e beneficiamento das plantas medicinais. Essas atividades contaram com o compartilhamento de vivências e promoção das práticas integrativas e complementares em saúde junto à comunidade.
RESULTADOS
Ao todo, foram 11 meses de trabalho de campo entre a revisão bibliográfica e a realização das oficinas, onde por meio da educação popular, foi possível proporcionar espaços de roda de conversa como meio de fortalecer o vínculo entre os moradores do Assentamento, problema que a comunidade nos apresentou como desafio desde o primeiro momento. No entanto, para além das rodas de conversa, o trabalho coletivo contribuiu positivamente nesse processo do fortalecimento do vínculo, o regaste do cultivo e uso das plantas medicinais, proporcionaram não só um olhar de maior autonomia no cuidado em saúde, mas também apontou perspectivas de geração de renda a partir do beneficiamento de algumas plantas como vimos na oficina de produção de sabonetes, álcoolaturas, tinturas e pomadas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Concluímos a partir desse trabalho e de seus resultados, que obtivemos diversos aprendizados e experiências, dentre eles o de perceber a importância do resgate e da valorização do saber popular, do quão libertador foi a retomada do conhecimento das plantas medicinais para a autonomia do cuidado em saúde, o que provocou uma reflexão sobre o modelo biomédico ofertado pela equipe de saúde, que por meio de medicalizações e procedimentos, oferece uma assistência muitas vezes mais centrada na doença, do que na saúde das pessoas. Compreendemos também a importância do trabalho coletivo no fortalecimento e na criação de novos vínculos, assim como foi notório a força da mulher campesina presente em maioria em todas as oficinas e encontros, mostrando a capacidade transformador da mulher em seus coletivos. E de maneira impactante, percebemos a importância de colocar a academia a serviço do comunitário, o curso de especialização em Promoção e Vigilância em Saúde, Ambiente e Trabalho, nos possibilitou esse olhar e aproximação com a Comunidade e mostrou como é possível e potente unir o saber acadêmico ao saber popular.

local do evento

Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

Campus Central

A Universidade Federal da Paraíba é reconhecida pela sua excelência no ensino e em pesquisas tecnológicas e, atualmente, encontra-se entre as melhores Universidades da América Latina.

Campus I - Lot. Cidade Universitaria, João Pessoa - PB, 58051-900