28/09/2019 - 15:00 - 16:30 EO-1B - GT 1 - Saúde das populações do Campo, Floresta e Águas: pesquisas, experiências e vivências na direção de um conhecimento emancipatório. |
31589 - O ADOECIMENTO DAS MULHERES PESCADORAS EM AMBIENTES DE TRABALHO E OS IMPACTOS DOS GRANDES PROJETOS CAMILA BATISTA SILVA GOMES - CONSELHO PASTORAL DOS PESCADORES- CPP CE
DESCRIÇÃO:
O projeto de intervenção intitulado “O Adoecimento das Mulheres Pescadoras em Ambientes de Trabalho e os Impactos dos Grandes Projetos” aconteceu na comunidade de Jardim – Fortim/CE entre os meses de Outubro de 2017 a Março de 2018 e teve a intenção de relacionar os impactos dos grandes projetos sobre as pescadoras artesanais do Sítio Jardim no município de Fortim Ceará, que a exemplo das comunidades tradicionais pesqueiras de outros estados do Brasil, vem resistindo a esses projetos devastadores e buscando condições de articular a luta pelo reconhecimento das doenças ocupacionais das pescadoras agravadas pela chegada desses empreendimentos nos seus territórios tradicionais pesqueiros.Estudar os impactos dos grandes projetos na vida das pescadoras foi importante para fortalecer o processo de visibilidade da luta dessas mulheres por direitos socioambientais. A escolha do tema e da comunidade se deu pela expressividade da pesca das mulheres na região do Rio Jaguaribe e devido à falta de reconhecimento dessa atividade tão importante para a manutenção dos recursos naturais para a economia das famílias. Outro aspecto que justificou o desenvolvimento desse projeto foi à identificação das longas jornadas de trabalho que as mulheres pescadoras estão submetidas e que causam agravos a saúde. As pescadoras enfrentam diariamente problemas como:Impactos negativos na produção de pescados por conta dos grandes projetos de carcinicultura, eólicas, poluição e assoreamento do Rio Jaguaribe,machismo nos espaços de gestão da pesca e na família, adoecimento físico e psíquico das pescadoras, falta de conhecimento sobre os direitos (previdenciários e a saúde) das pescadoras,atendimento de saúde precário.
METODOLOGIA: Como estratégias metodológicas foram utilizadas: observação e participação nas reuniões da Articulação Nacional das Pescadoras, visitas de campo nos locais de trabalhos dessas mulheres.Rodas de conversas com as pescadoras para identificar os problemas sobre desigualdade de gênero na atividade pesqueira, nas suas vidas visitas em sites com informações sobre os temas abordados.Baseado nos princípios da educação popular na Pedagogia da alternância o projeto buscou evidenciar a relação das mulheres pescadoras enquanto produtoras de saberes. Onde a troca de saberes prevaleça nas rodas e cirandas de mulheres se desnudam ao juntar – se para falar das dores e também das potencialidades. O papel do projeto é forças para a construção de caminhos e alternativas coletivas de superação de entraves e torna-las protagonistas de suas lutas. Esse processo metodológico de intervenção social junto as pescadoras tem a função de fortalecer o processo de educação política. OBJETIVOS: 1 – Dar visibilidade aos conflitos ambientais causados pela chegada dos grandes projetos nos territórios pesqueiros,2 - Sensibilizar outros setores e parceiros do campo dos direitos humanos, pesquisa, vigilância ambiental e saúde, para que se somem a luta e fortaleçam a resistência dessas mulheres;3 – Identificar o processo de adoecimento das mulheres pescadoras da comunidade do Sítio Jardim e a relação com os grandes projetos e as altas jornadas de trabalho;4 – Empoderar as pescadoras para atuarem de forma qualificada nos espaços estratégicos para a garantia da saúde, direitos previdenciários e reconhecimento das pescadoras como trabalhadoras da pesca.
Resultados: Foram realizadas rodas de conversas temáticas para levantamento dos conflitos socioambientais na comunidade do Sítio Jardim e para identificação das jornadas de trabalho das pescadoras bem como os riscos e adoecimentos decorrentes da atividade pesqueira envolvendo cerca de 20 mulheres. Foram realizadas visitações aos locais de pesca e um encontro de retomada do plano de ação da Articulação Nacional das Pescadoras para incidências em espaços estratégicos de controle social do SUS e atenção à saúde do trabalhador/a como o CEREST (Centro Estadual de Referência em Saúde do Trabalhador).O projeto buscou fortalecer as pescadoras sobre seus direitos, pautar atendimento especifico das doenças ocupacionais nos órgãos de saúde, fortalecer a luta em defesa dos territórios pesqueiros, fortalecer a identidade de pescadoras. APRENDIZADOS E ANÁLISE CRÍTICA: A história da pesca artesanal sempre foi retratada com lacunas no que diz respeito a participação das pescadoras. Os escritos históricos da pesca artesanal no Brasil evidenciam a presença dos homens materializadas pelas ações patriarcais e mesmo com relatos da valiosa contribuição das mulheres nos espaços de organização comunitária. Durante anos as mulheres foram identificadas como presença coadjuvante na pesca e nos espaços de decisões.Com o processo de formação algumas mulheres foram mudando suas mentalidades e assumindo seu papel nesses espaços pautando respeito e autonomia e deixaram de ser presença silenciada nas reuniões.
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