29/09/2019 - 15:00 - 16:30 CB-1C - GT 1 - Saúde das populações do Campo, Floresta e Águas: pesquisas, experiências e vivências na direção de um conhecimento emancipatório. |
30533 - OFICINAS DE VIGILÂNCIA E PROMOÇÃO À SAÚDE EM ÁREAS DE REFORMA AGRÁRIA: UMA EXPERIÊNCIA DE EDUCAÇÃO POPULAR EM SAÚDE, NA PERSPECTIVA DA ECOLOGIA DE SABERES. JULIANA LÚCIA COSTA SANTOS MORAES - ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DE MINAS GERAIS, ALESSANDRA RIOS DE FARIA - ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DE MINAS GERAIS, MAÍRA ARAÚJO CÂNDIDA - MOVIMENTO DOS TRABALHADORES E TRABALHADORAS SEM TERRA DE MINAS GERAIS, LUDMILA BANDEIRA PEDRO DE FARIAS - MOVIMENTO DOS TRABALHADORES E TRABALHADORAS SEM TERRA DE MINAS GERAIS, MARLENE LEMES ROCHA - MOVIMENTO DOS TRABALHADORES E TRABALHADORAS SEM TERRA DE MINAS GERAIS, TEREZINHA SABINO DE SOUZA - MOVIMENTO DOS TRABALHADORES E TRABALHADORAS SEM TERRA DE MINAS GERAIS, MAYARA ALVES DA SILVA - MOVIMENTO DOS TRABALHADORES E TRABALHADORAS SEM TERRA DE MINAS GERAIS, JULIANE NASCIMENTO DE JESUS - MOVIMENTO DOS TRABALHADORES E TRABALHADORAS SEM TERRA DE MINAS GERAIS, KÁTIA ESTER MARQUES CAMBIAGHI - MOVIMENTO DOS TRABALHADORES E TRABALHADORAS SEM TERRA DE MINAS GERAIS, KELLY GOMES SOARES - MOVIMENTO DOS TRABALHADORES E TRABALHADORAS SEM TERRA DE MINAS GERAIS, JANETE PARTELI DE MACEDO - MOVIMENTO DOS TRABALHADORES E TRABALHADORAS SEM TERRA DE MINAS GERAIS, ANA FLÁVIA QUINTÃO - ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DE MINAS GERAIS, JULIANA GALVÃO AFONSO - -, ADRIANA MENESES MITRE - -, NATHÁLIA RAMOS LOPES DOS SANTOS - MOVIMENTO DOS TRABALHADORES E TRABALHADORAS SEM TERRA DE MINAS GERAIS, ÉRICA MENEZES DOS REIS - ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DE MINAS GERAIS
Muitos são os desafios em relação à garantia de condições de vida e saúde da população do campo, das florestas e das águas. Quanto às condições de saúde, destacam-se doenças ligadas ao trabalho, em especial, as intoxicações por agrotóxicos. Em resposta aos desafios, observa-se um encontro crescente entre diferentes atores na construção de experiências articuladas ao protagonismo dos movimentos sociais do campo, seja no campo da saúde ambiental, quanto da valorização de práticas e conhecimentos tradicionais, bem como da promoção e educação em saúde. Esse encontro pode favorecer uma maior autonomia das pessoas em seus territórios e nortear políticas públicas promotoras da saúde no campo. Nesse sentido, e considerando a Política Nacional de Saúde Integral das Populações do Campo, da Floresta e das Águas (PNSIPCFA), a Escola de Saúde Pública de Minas Gerais (ESP-MG) promoveu as “Oficinas de Vigilância e Promoção à Saúde em Áreas de Reforma Agrária”, considerando o contexto de vida e trabalho do trabalhador rural e suas necessidades de saúde em áreas de reforma agrária no Estado de Minas Gerais, bem como as necessidades de promover a produção de alimentos e de cuidados de forma saudável. A partir de diálogos com as mulheres do Setor Saúde do Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras sem Terra (MST) de Minas Gerais, foram definidas as temáticas das oficinas: os agrotóxicos e sua relação com a saúde e com o ambiente; a agroecologia e o papel da mulher nesse contexto; produção de alimentos e de cuidados com a saúde de forma saudável e saneamento ecológico. Toda a ação educacional, incluindo idealização e elaboração do projeto pedagógico, definição do conteúdo programático, cronograma, escolha de docentes, definição do local de realização das atividades educacionais e elaboração da cartilha educativa, foi realizada de forma coletiva com essas mulheres. As metodologias utilizadas se basearam nos princípios da educação popular em saúde e da educação permanente em saúde, conforme preconizados pela Política Nacional de Educação Popular no SUS (PNEP-SUS) e pela Política Nacional de Educação Permanente no SUS (PEP-SUS) e buscaram trazer um diálogo sobre as potencialidades, os desafios, as dificuldades e as perspectivas sobre o território, no que tange aos temas abordados. A ação aconteceu em dois módulos presenciais (08/08 a 11/08/2017 e 28/11 a 01/12/2017), intercalados com um Tempo Comunidade, em que os participantes desenvolveram atividades educativas em seus territórios, para compartilhar os conhecimentos construídos nas oficinas com a comunidade. Os participantes foram mulheres trabalhadoras Sem Terra, vinculadas ao Setor de Saúde, de regiões de Minas Gerais (Norte, Vale do Jequitinhonha, Vale do Rio Doce, Centro Oeste, Metropolitana, Zona da Mata, Alto Paranaíba, Triângulo Mineiro, Sul) e trabalhadores do SUS dessas regiões ligados a Atenção Básica, Vigilância em Saúde e Saúde do Trabalhador. Considerando que a educação popular e a ecologia de saberes são potentes na produção de conhecimentos, a ação educacional visou promover o encontro entre esses atores e pesquisadores da área, no sentido de promover uma troca de saberes e experiências, além de sensibilizá-los e mobilizá-los, de forma a atuarem na multiplicação de ações de prevenção, promoção e cuidado em saúde, no âmbito comunitário e do SUS. No primeiro módulo os participantes discutiram, através de rodas de conversa e visita a sítio agroecológico, o tema agrotóxico e sua relação com a saúde e o ambiente, a agroecologia como uma prática alternativa ao modelo tradicional de produção, bem como métodos de saneamento ecológico, considerando as dificuldades de saneamento encontradas no meio rural. No segundo módulo foi dada ênfase ao papel da mulher na agroecolgia e aos seus conhecimentos tradicionais nos cuidados à saúde em áreas de reforma agrária. Foi realizada roda de conversa acerca da PNSIPCFA e os desafios de sua implantação. O tema Trabalho, Saúde e Ambiente foi debatido na perspectiva dos desafios e compromissos na formação, pesquisa e atuação no SUS. Além disso, foram realizadas oficinas de compostagem, produção de cosméticos e fitoterápicos. Essa ação educativa também teve como resultado a produção de uma cartilha educativa, construída de forma coletiva entre ESP-MG e MST, onde foram abordados os temas das oficinas, retratando o contexto de vida, saberes e experiências das trabalhadoras e trabalhadores do MST, possuindo uma grande possibilidade de utilização, por parte das comunidades, pelo significado da produção coletiva e reconhecimento com relação à forma de construção e linguagem utilizada. Acredita-se que essa ação produziu diversas descobertas, ressignificações e mobilização de sentidos em seus participantes, bem como contribuiu para dar visibilidade aos modos de vida e trabalho desse setor da sociedade, tão vulnerabilizado diante dos contextos social, político, econômico e ambiental de Minas Gerais.
|

|