29/09/2019 - 15:00 - 16:30 CB-1C - GT 1 - Saúde das populações do Campo, Floresta e Águas: pesquisas, experiências e vivências na direção de um conhecimento emancipatório. |
31486 - ENTRE ITINERÁRIOS, LUTAS E PERSPECTIVAS: UMA JORNADA INVESTIGATIVA ACERCA DO ACESSO DE TRABALHADORAS RURAIS À SAÚDE ANNIE LÍVIA TORRES DE ALBUQUERQUE ARAÚJO - UFERSA, DÉBORA MARIA MARQUES BEZERRA - UFERSA, DÁVINNA NYARA LIMA MOURA - UFERSA, JULIANA KADJA MELO DA SILVA - UFERSA, MYRELLA LORENA ALMEIDA PEREIRA - UFERSA, LÁZARO FABRÍCIO DE FRANÇA SOUZA - UFERSA
Na saúde rural, as particularidades envolvidas no cuidado à saúde das camponesas incluem aspectos como acesso à saúde, noções de liberdade, cidadania e autonomia. Contando com uma significativa porção da população – 15,28% (IBGE, 2015) –, o meio rural brasileiro se constrói a partir de especificidades históricas, culturais, sociais, políticas e ambientais, como um lugar físico diferenciado, um lugar de vida e de onde se vê o mundo social (WANDERLEY, 2001). Este relato expõe as vivências de uma investigação sobre a saúde de trabalhadoras rurais e evoca as experiências no trajeto desde a escolha do tema (no início de 2017) até o momento atual da pesquisa (em junho de 2019, já que as vivências permanecem em construção), existindo como um recorte de um Trabalho de Conclusão do Curso (TCC) de Medicina na Universidade Federal Rural do Semi-árido (UFERSA).
O trabalho volta-se para o acesso de mulheres rurais à saúde, partindo de suas percepções e das políticas públicas que se concentram neste público e tomando como foco as trabalhadoras rurais do Assentamento de Reforma Agrária Sítio do Góis, no município de Apodi/RN. Desse modo, tem por objetivos descrever uma jornada investigativa sobre o tema supracitado, dentro da graduação, abordando obstáculos e facilidades e ainda realizar uma reflexão crítica sobre as vivências da pesquisadora com relação à temática.
Um dos pontos decisivos na investigação, com os direcionamentos apontados pelo professor orientador, foi a compreensão de que, do ponto de vista da saúde, o cenário rural apresenta-se com uma série de especificidades, que se intensificam quando se toma como sujeito as mulheres rurais. Pensando com um enfoque de gênero, algo essencial para a compreensão deste quadro, emergiu a necessidade de se compreender o impacto das assimétricas relações de gênero no acesso das mulheres à saúde.
Refletindo acerca de que as interações da mulher com o sistema de saúde são mediadas pelo acesso, e de que é um dever do Estado oferecer um acesso universal e igualitário, se observou uma relativa dificuldade em encontrar fontes sobre o assunto com um olhar local e da medicina. De um modo geral, distâncias espaciais, fragilidade na infraestrutura e nas políticas públicas e dificuldades no transporte – algo inclusive agravado pelas questões de gênero, (MACIAZEKI-GOMES; NOGUEIRA; TONELI, 2016), funcionam como obstáculos na conexão das mulheres rurais com o sistema de saúde.
Impulsionada pelo interesse de compreender o processo de transformação das políticas públicas de um caráter abstrato e idealizado para uma medida governamental concreta e prática, foram elencadas para o trabalho, a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher – PNAISM (BRASIL, 2004) e a Política Nacional de Saúde Integral das Populações do Campo, da Floresta e das Águas – PNSIPCFA (BRASIL, 2013). Assim, a revisão de literatura e a observação participante, somadas, deram combustível a algumas indagações: será que fatores específicos interpõem-se entre as/os trabalhadoras/es rurais e seu acesso à saúde? No caso das mulheres, estas percebem seu acesso à saúde sob uma ótica igualitária em comparação com seus companheiros ou com habitantes da zona urbana, por exemplo? Seriam as políticas públicas existentes capazes de suprir possíveis fragilidades neste acesso?
Atualmente o trabalho encontra-se em seu estágio de incursões em campo, mais especificamente à Unidade Básica de Saúde (UBS) Góis, onde, com a observação participante, empreende-se um exame da dinâmica da unidade e iniciam-se as entrevistas com a equipe de saúde – em andamento – e com as mulheres – em fase de recrutamento. Espera-se, então, prosseguir com as fases de coleta e análise de dados, dando continuidade com a atividade investigativa em coerência com as informações levantadas e com o caminho percorrido e aqui narrado.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
BRASIL. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher: Princípios e Diretrizes. Ministério da Saúde, Brasília, DF, 2004. 82 p.
BRASIL. Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa. Departamento de Apoio à Gestão Participativa. Política Nacional de Atenção Integral das Populações do Campo e da Floresta. Ministério da Saúde, Brasília, DF, 2013. 48 p.
IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. PNAD - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – 2015. IBGE, 2015. Disponível em: . Acesso em 26 abr. 2018
MACIAZEKI-GOMES, R. de C.; NOGUEIRA, C.; TONELI, M. J. F. Mulheres em contextos rurais: um mapeamento sobre gênero e ruralidade. Psicologia & Sociedade, v. 28, n. 1, p. 115–124, 2016.
WANDERLEY, M. DE N. B. A ruralidade no Brasil moderno. Por um pacto social pelo desenvolvimento rural. In: Una nueva ruralidad en América Latina? Buenos Aires: CLACSO, Consejo Latinoamericano de Ciencias Sociales, 2001. p. 31–44.
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