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Grupos Temáticos

29/09/2019 - 13:30 - 15:00
CB-1A - GT 1 - Estudos com abordagens teóricas e metodológicas com diversos sujeitos em situação de vulnerabilidade

30570 - ANÁLISE ESPACIAL DA MORTALIDADE INFANTIL NO CONTEXTO DA RURALIDADE PARAIBANA
RACKYNELLY ALVES SARMENTO SOARES - UFBP, SANDRA COSTA CAVALCANTE LEITE DE ABREU - SECRETARIA DE SAÚDE DO ESTADO DA PARAÍBA, RODRIGO PINHEIRO DE TOLEDO VIANNA - UFPB, RONEI MARCOS DE MORAES - UFPB


INTRODUÇÃO: Ainda que de forma desigual pelo território, em 2010 o Brasil cumpriu a meta dos Objetivos do Milênio (ODM) reduziu a mortalidade infantil (MI) para menos de 15,7 óbitos/1000 nascidos vivos (NV). Atualmente, o objetivo é ainda mais desafiador, trata-se da agenda 2030 apresentada pela Organização das Nações Unidas que objetiva, entre outras coisas, reduzir a mortalidade neonatal para pelo menos 12/1.000 NV até 2030. No caso do Brasil, é fundamental considerar as iniquidades em saúde que se referem desigualdades entre grupos populacionais. A polarização Norte/Nordeste X Sul/Sudeste; Brancos X Negros; Urbano X Rural, é bastante significativa quando o assunto é mortalidade infantil. Nos últimos 20 anos, o Brasil priorizou a Atenção Primária à Saúde por intermédio da Estratégia Saúde da Família contribuindo para a redução da MI no país. As mudanças recentes nas políticas de transferência de renda, já dão sinais de retrocesso na área da Saúde e entre os tantos impactos esperados está o aumento da MI. A ABRASCO já alertou sobre esta mudança observada em 2016. No Brasil, de 2015 para 2016 o aumento foi de 12,4 para 12,7/1000 NV. A distribuição geográfica de eventos de saúde é bastante utilizada na epidemiologia, para subsidiar a tomada de decisão. Este tipo de estudo possibilita agregar informações ambientais, socioeconômicas e comportamentais. Na perspectiva da MI, vários autores utilizam a análise espacial para explicar a variação desse indicador no espaço geográfico. OBJETIVO: Realizar análise espacial do óbito infantil a partir da tipologia de ruralidade definida pelo IBGE. MÉTODO: Trata-se de estudo ecológico referente aos óbitos entre menores de um ano, no período de 2007 a 2016. Tais dados foram provenientes do Sistema de Informação de Mortalidade. Os dados geográficos referentes aos shapefiles dos municípios paraibanos foram disponibilizados pelo IBGE. A classificação urbano/rural utilizada foi aquela adotada pelo IBGE a qual classifica os municípios paraibanos como rural adjacente, intermediário adjacente e urbano. As análises espaciais implementadas foram: mapeamento temático quantitativo e qualitativo e mapa de fluxo. RESULTADOS: A Paraíba é majoritariamente rural. Entre os 223 municípios que compõe o estado 62,8% são classificados como rural adjacente. O percentual de mortalidade precoce na Paraíba foi de 53,2%, o que explica o esforço de organismos internacionais acerca da redução deste componente da MI. Ressalta-se que embora a redução da TMI tenha sido observada no conjunto de todo o estado, a análise espacial da TMI por município evidenciou desigualdades geográficas preocupantes. Enquanto 73,5% dos municípios paraibanos conseguiram atingir a meta dos ODM de 15,7/1000 NV, até o segundo quinquênio do estudo, outros 14,8% não conseguiram atingir, nem no primeiro, nem no segundo quinquênio. No primeiro quinquênio, entre 2007 e 2011, identifica-se que 51,56% dos municípios paraibanos conseguiram atingir a meta dos ODM de 15,7/1000 NV. No quinquênio seguinte, entre 2012 e 2016, este percentual subiu para 73,54%. Entretanto observou-se importantes desigualdades nessa redução. A partir dos mapas produzidos identificou-se quatro situações mutuamente excludentes: 1 - municípios que atingiram a meta dos ODM no primeiro e no segundo quinquênio (89/39,9%); 2 – municípios que atingiram a meta dos ODM apenas no primeiro quinquênio (26/11,7%); 3 - municípios que atingiram a meta dos ODM apenas no segundo quinquênio (75/33,6%) e, na pior situação, 4 - municípios que não atingiram a meta dos ODM em nenhum dos dois quinquênios (33/14,8%). Entre as quatro mesorregiões da Paraíba, a mata paraibana apresentou melhor situação, visto que boa parte de seus municípios conseguiram atingir a meta ODM nos dois quinquênios. Entre aqueles municípios que não atingiram a meta dos ODM, apenas três são classificados como urbanos - Cajazeiras, Sousa e Lagoa Seca. O mapa de fluxo é um resultado que dá sinais de barreira de acesso ao parto daquelas mães que vivem nos municípios rurais cuja mediana da distância entre a cidade onde ocorreu o óbito infantil e o município da mãe foi quase 30km a mais que aquelas residentes em municípios urbanos. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Embora a Paraíba tenha apresentado redução da MI, essa redução não ocorreu de forma homogênea. A espacialização da MI permitiu identificar contextos de vulnerabilidades na Paraíba. Informações espaciais como estar na região do semiárido, ser município rural adjacente mostraram sua importância nas análises evidenciando a importância das políticas de promoção de equidade. Esse resultado é preocupante, pois o Brasil, sendo signatário da agenda 2030, tem um grande desafio no tocante à redução da mortalidade neonatal. Visto que mesmo em um cenário favorável, municípios rurais sequer conseguiram reduzir a mortalidade infantil, como alcançar uma meta ainda mais complexa diante de importantes cortes orçamentários?

local do evento

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