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Grupos Temáticos

29/09/2019 - 13:30 - 15:00
CB-1A - GT 1 - Estudos com abordagens teóricas e metodológicas com diversos sujeitos em situação de vulnerabilidade

31264 - A UTILIZAÇÃO DO MATERIALISMO HISTÓRICO DIALÉTICO COMO MODELO EPISTÊMICO PARA FORMAÇÃO E PESQUISA EM SAÚDE
DIEGO FRANCISCO LIMA DA SILVA - MESTRANDO DO CENTRO DE PESQUISA AGGEU MAGALHÃES FIOCRUZ-PE, ARYADNE CASTELO BRANCO CORREIA LINS - MESTRANDA CENTRO DE PESQUISA AGGEU MAGALHÃES FIOCRUZ-PE, RAÍSSA LORENA BANDEIRA LANDIM - MESTRANDA DO CENTRO DE PESQUISA AGGEU MAGALHÃES FIOCRUZ-PE, JOELSON CONCEIÇÃO SOUZA - MESTRANDO DO CENTRO DE PESQUISA AGGEU MAGALHÃES FIOCRUZ-PE


Em nossa sociedade a formação em saúde sofre transformações na transição do século XVIII para o século XIX, principalmente com a forte influência do positivismo e com a fundação da medicina moderna. É necessário pontuar a importância do positivismo como uma teoria propõe a aquisição do conhecimento por meio da investigação empírica e contextualização das 'verdades científicas'. No entanto, a compreensão dos aspectos referentes à saúde torna-se bastante limitada quando centrada no anatomopatológico e na interpretação empirista, pautada na análise do imediato.
No Brasil, a inicial influência do Positivismo na saúde no início do século XX é refletida a partir das lutas por democracia, no período da Ditadura Civil-Militar. O Movimento de Reforma Sanitária, movimento influenciado pelo pensamento que saúde e a doença na coletividade não conseguem ser explicadas exclusivamente pelas dimensões biológica e ecológica (PAIM, 2008). Destacam-se nesse sentido as críticas elaboradas por Cecília Donnangelo e Sérgio Arouca em seus estudos sobre a interface entre o capitalismo e a medicina e na crítica ao Modelo Preventivista, ambos os estudos possuem raízes fincadas em uma análise materialista da sociedade
Com a ampliação dos campos de estudos na Saúde Coletiva percebe-se a importância de considerar outras categorias como Raça, Classe e Gênero que não podem ser visualizadas de maneira fragmentadas.
É necessário pensarmos que a escolha do método é um exercício fundamental para a pesquisa e cada corrente de pensamento propõe um caminho a ser percorrido objetivando a produção do conhecimento. Neste sentido, a pesquisa no âmbito do Materialismo propõe ir além da visão Funcionalista e Biologicista, apresentando aspectos referentes à cultura, à economia e à sociedade como fundantes da determinação social da saúde .
No método histórico-dialético a teoria caracteriza-se pela reprodução ideal do movimento real do objeto pelo sujeito que pesquisa. Nela inicia-se pelo concreto e aparente que surge como dados pela análise. Parte-se da aparência e chega-se à essência do objeto que se investigou. Conforme Kosik (1969), analisar a realidade sob a perspectiva da totalidade, longe de pretender ingenuamente conhecer todos os aspectos presentes, entende a realidade como um todo estruturado e que em sua análise é possível apreender racionalmente um ou mais fatores.
Apesar da notável contribuição histórica do materialismo na Reforma Sanitária Brasileira, durante a formação em saúde, no âmbito da pós-graduação, a discussão sobre diferentes modelos epistêmicos e Métodos Científicos não consideram o materialismo como caminho possível para produção de conhecimento crítico no âmbito da saúde coletiva.
A experiência relatada no presente texto ocorreu entre os anos de 2016-2019, momentos da realização de cursos de pós-graduação stricto sensu e lato sensu pelos autores, as pesquisas realizadas tinham por objeto os estudos de Raça, Classe e Gênero e possuem o Materialismo Histórico e Dialético (MHD) como método. O presente relato tem como objetivo apontar o MHD como modelo epistêmico possível e necessário para compreensão da realidade, formação e pesquisa em saúde no âmbito do SUS.Dentro das possibilidades apresentadas durante a pesquisa sob o referencial teórico do MHD destaca-se a possibilidade de aproximação entre a realidade vivenciada e o campo da pesquisa, característica intrínseca deste Método Científico.
De acordo com Kosik (op. cit.) na concepção materialista dialética do conhecimento significa um processo indivisível que consiste na superação da pseudoconcreticidade, da aparência feitichizada do fenômeno e da falsa totalidade, buscando assim o conhecimento de sua autêntica objetividade. Do mesmo modo, percebe-se a necessidade de uma análise pautada na Totalidade Concreta, para compreensão de categorias estruturantes como a Raça e o Gênero: o objeto de pesquisa tem que ser compreendido em relação aos elementos que o compõe e o cercam, longe da tentativa de apreensão da realidade por intermédio da compreensão de suas partes – como pretende o Positivismo Clássico.
Esse modelo epistêmico se propõe a análise do todo por compreender o mesmo como indivisível e dialeticamente inter-relacionado, algo que deveria estar presente nas pesquisas que tratam Raça e Gênero e visam entender o objeto, suas demandas e necessidades por intermédio da consideração do contexto histórico, social e político em que o mesmo está inserido, sobretudo no atual contexto de avanço do conservadorismo.
REFERÊNCIAS

KOSIK, Karel. Dialética do Concreto. 2. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1976.
PAIM, JS. A reforma sanitária como objeto de reflexão teórico-conceitual. In: Reforma sanitária brasileira: contribuição para a compreensão e crítica [online]. Salvador: EDUFBA; Rio de Janeiro: FIOCRUZ, 2008, pp. 153-174.

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