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Grupos Temáticos

28/09/2019 - 13:30 - 15:00
EO-36B - GT 36 - Eixo 1 – Aprender com Dona Maria: artes e espiritualidades populares na construção do bem viver.

29868 - CONVULSÕES NA INFÂNCIA: CONCEITOS, CRENÇAS E TRATAMENTO TRADICIONAL EM UMA COMUNIDADE QUILOMBOLA NO ESTADO DO CEARÁ, BRASIL
VITHÓRIA RÉGIA TEIXEIRA RODRIGUES - UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI, CÍCERO ALDEMIR DA SILVA BATISTA - UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI, LAÍS BARRETO DE BRITO GONÇALVES - UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI, IZABEL CRISTINA SANTIAGO LEMOS DE BELTRÃO - UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI, GEORGE PIMENTEL FERNANDES - UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI, MARTA REGINA KERNTOPF - UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI


Introdução: As crises convulsivas são consideradas como os distúrbios neurológicos mais comuns durante a infância. A terapêutica não-farmacológica relacionada aos tratamentos tradicionais, mágicos e/ou religiosos para o manejo de quadros convulsivos recorrentes e não recorrentes persistem atualmente em diversas comunidades tradicionais. Objetivo: investigar quais os conceitos, as crenças e os tipos de tratamentos tradicionais empregados para o manejo de convulsões agudas e/ou crônicas na infância em uma comunidade quilombola localizada na zona rural do estado do Ceará, na região nordeste do Brasil. Metodologia: A pesquisa ocorreu na comunidade quilombola Sítio Arruda, estado do Ceará, nordeste do Brasil, entre janeiro de 2017 a fevereiro de 2018. A população do estudo foi composta por 19 participantes, dentre eles benzedeiras, rezadeiras e parteiras. Foi aplicado um formulário sociodemográfico e um roteiro de entrevista semiestruturada. Para análise dos dados foi empregada a técnica do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC). A pesquisa é uma vertente do estudo: Pesquisas Etnobiológicas em Comunidades Tradicionais no estado do Ceará, aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Regional do Cariri, sob nº 1367311 e cadastrada no Sistema Nacional de Gestão do Patrimônio Genético e do Conhecimento Tradicional Associado (SISGen), com cadastro de acesso nº: A52C550. Resultados e Discussão: Para as perguntas realizadas foi encontrado um total de 17 ideias centrais (IC). Acerca dos conceitos de convulsão, as IC prevalentes foram: “Convulsão é um tipo de doença mais comum em crianças” (50%) e “Não sei definir o que é convulsão” (27,8%). Relativo às crenças envoltas no desencadeamento de episódios convulsivos em crianças, destacam-se as IC: “A convulsão ocorre por causa da febre” (42%), “A convulsão ocorre por causa do quebranto” e “A convulsão ocorre por falta de fé” (15,8%). Sobre tratamentos empregados na comunidade Sítio Arruda para os casos de convulsão em criança, foram listados tratamentos associados à religião e à espiritualidade, com destaque para rezas e benzeção (15,8%) e a prática de simpatias (21,1%). Todavia, a o uso de plantas foi o recurso mais utilizado, emergindo a ideia central: “Na comunidade tratamos e prevenimos a convulsão com o uso de plantas” (63,2%). Durante o estudo, observou-se que uma das razões atreladas ao uso de tais práticas tradicionais de cuidado inclui a forma como o indivíduo compreende a patologia. Por exemplo, de acordo com alguns moradores, as convulsões eram causadas por falta de fé e/ou feitiço (quebranto), sendo necessário, portanto, o uso de recursos da natureza (criação) e rezas (Deus) para tratá-la. Notou-se ainda a crença na segurança e na eficácia das plantas, rezas e simpatias para tratamento inicial de crises convulsivas, como também a associação de rezas e de medicamentos anticonvulsivantes para crianças com diagnóstico de Epilepsia. Nesse aspecto, um fato curioso diz respeito às espécies citadas, para algumas delas, tal como o Gossypium hirsutum, não há evidências de ensaios farmacológicos conclusivos que apontem para efeitos terapêuticos anticonvulsivantes, todavia, os moradores relataram eficácia no uso de todas as plantas mencionadas, emergindo o elemento cultural na percepção de cura e como aspecto sensível para o cuidado culturalmente competente. Considerações Finais: Os resultados do estudo levantam questões importantes que abrangem a valorização do saber tradicional. Sentiu-se que o uso de plantas e de rezas pela comunidade perpassa o viés utilitarista, sendo compreendido como um elemento de resistência cultural, eficaz, e ancorado em tradições ancestrais, necessário para a perpetuação do próprio sentido lídimo de comunidade. Para finalizar, pois muitas foram as elucubrações possíveis, mediante o contato com a comunidade, observamos a necessidade em aliar aspectos próprios da antropologia cultural para a imersão nos saberes vívidos do Sítio Arruda, sendo os princípios da antropologia cultural de nítida relevância para os acadêmicos e os profissionais de saúde que realizam intervenções na comunidade e desenvolvem ações de Promoção da Saúde, norteando o fomento de um ambiente propício para a aprendizagem mútua e adesão terapêutica participativa. A sensibilização para o cuidado atrelado aos aspectos culturais deve iniciar ainda na graduação e consonante a esse pensamento, frisa-se que as pesquisas conduzidas na comunidade inspiraram a criação do Grupo de Extensão Promoção da Saúde e Sustentabilidade em Comunidades Quilombolas/ PROSS-Quilombolas, aprovado pela Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Regional do Cariri (PROEX/URCA) na chamada pública 25/2018, o referido grupo realiza ações mensais, com foco para as necessidades de saúde e manejo da terra expressas pela comunidade, contando com apoio do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde Coletiva – PRMSC/URCA, bem como de docentes do Instituto Federal do Ceará (IFCE).

local do evento

Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

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