29/09/2019 - 13:30 - 15:00 EO-25B - GT 25 - Pesquisar e Cuidar para Garantir a RP |
30950 - A REDE DE SAÚDE MENTAL NA ATENÇÃO AO SUICÍDIO NO MUNICÍPIO DE CAMPOS DOS GOYTACAZES – REVISITANDO OS DIFERENTES NÍVEIS DE ATENÇÃO. DENISE SALEME MACIEL GONDIM - UENF, PAULA MOUSINHO MARTINS - UENF
O suicídio e suas tentativas, enquanto fenômeno psíquico, social, cultural e histórico constitui um grande problema, representando a 13ª causa mortis no mundo. No Brasil, apesar de as taxas não serem consideradas muito altas, percebe-se que esse índice tem aumentado consideravelmente nos últimos anos. Em 2012, por exemplo, foram registradas 11.821 mortes por suicídio, no país, sendo 9.198 homens e 2.623 em mulheres (WHO, 2014). Esse número representou um aumento de 10,4%, em relação a 2002, sendo que o aumento foi de 17,8%, entre mulheres, e de 8,2%, entre os homens (Ferreira Junior, 2015). Entre 2011 e 2016, foram registrados 62.804 óbitos, classificados nessa categoria, perfazendo uma média de 11 mil suicídios por ano (Brasil, 2017). Um estudo recente realizado pela Organização Panamericana de Saúde (OPS, 2016), indica que a cada 40 segundos uma pessoa tenta se matar. Bahls e Botega (2007) chamam a atenção para o fato de que os números contabilizados são subestimados, uma vez que alguns suicídios e suas tentativas são considerados e/ou registrados como acidentes, e outros como morte com causa indeterminada. Atualmente, as tentativas de suicídio ocupam grande parte dos atendimentos nos serviços de saúde no município de Campos. Mesmo quando a assistência é prestada com cuidado e acolhimento, é necessário que diferentes dispositivos sejam colocados em cena para que haja continuidade na assistência. Para isso, as presenças do dispositivo ambulatorial e de atenção básica cumprem um papel fundamental ao lado da emergência, para o estabelecimento de uma rede de serviços que garanta a atenção aos sujeitos em sofrimento psíquico decorrentes do ato suicida. A presente pesquisa, além de ter o objetivo de analisar a política de atenção ao suicídio no município, pretende apresentar o fenômeno do suicídio de acordo com a perspectiva da integralidade, destacando o papel dos diferentes níveis de atenção na assistência aos sujeitos e suas famílias. A integralidade é entendida como um modo de organizar ações e serviços garantindo o acesso aos serviços de promoção, prevenção, tratamento e reabilitação à saúde (Mattos, 2001). Trata-se de uma pesquisa qualitativa, onde a escuta clínica tem sido feita com sujeitos que tentaram o suicídio inseridos em diferentes dispositivos de saúde. Posteriormente, serão realizadas entrevistas semiestruturadas a fim de pesquisar como se dá a assistência em todos os níveis de atenção da rede de saúde mental diante do fenômeno do suicídio. Na atenção terciária/emergencial, é necessário um cuidado especializado para a intervenção na crise, de modo que a equipe seja capaz de acolhimento e resolutividade de uma situação grave de sofrimento psíquico. Na atenção secundária ‒ Caps e ambulatório ‒ é importante que os sujeitos atendidos ocupem um espaço de protagonismo, de forma a não entrar na única lógica da medicalização. Na atenção básica o trabalho deve ser voltado para a identificação dos sujeitos e famílias que apresentam sofrimento psíquico, na tentativa de oferecer cuidados de saúde e evitar o grave adoecimento que leva à autoagressão e ao ato suicida. Sabe-se que o trabalho em rede não tem sido fácil ou bem organizado, mas acredita-se que a o princípio da integralidade é fundamental para manter funcionamento da rede de saúde mental.
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