28/09/2019 - 15:00 - 16:30 CB-25A - GT 25 - Mãos que não se soltam na tecitura da RAPS |
30584 - A EXPERIÊNCIA DO PALHAÇO CUIDADOR COMO AGENTE DE SUBVERSÃO DO MANICÔMIO IAGO FREITAS DANTAS DE SOUSA - UFPB, ALDENILDO ARAÚJO DE MORAES FERNANDES COSTEIRA - UFPB, JANINE AZEVEDO DO NASCIMENTO - UFPB
Desde 2010, existe na Universidade Federal da Paraíba o projeto de extensão “PalhaSUS”, que objetiva promover cuidado em espaços de saúde através da educação popular e da palhaçaria. Os extensionistas do projeto passam por um processo formativo até desenvolver o papel de “Palhaço Cuidador”, a fim de utilizar a ludicidade e o humor como instrumento de humanização e empoderamento dos usuários e profissionais dos espaços em que atuam. O trabalho de palhaços em instituições de atenção à saúde vem crescendo no Brasil, mas não são muitas as experiências de palhaços em ambientes ligados à saúde mental. O autor deste trabalho atuou semanalmente como Palhaço Cuidador no Complexo Psiquiátrico Juliano Moreira, da cidade de João Pessoa durante o ano de 2017. Este Complexo consiste em um antigo manicômio em processo de reformulação de sua estrutura; entretanto, como é recorrente em outros contextos similares, as práticas e a lógica manicomial permanecem fortes, evidenciando-se nas pequenas violências do cotidiano e nas práticas institucionais. É neste cenário que o Palhaço Cuidador surge como um agente subversivo, por não se enquadrar na lógica tecnicista que impõe uma barreira intransponível entre profissionais e usuários do serviço. Conforme o vivido e observado pelos próprios extensionistas, afirmamos que o palhaço, por não ser especialista em nada, permite-se brincar com as representações sociais da loucura, fazendo do próprio corpo um instrumento de questionamento do que seria ou não “normal”. Através do afeto e do riso, é possível inclusive questionar injustiças e provocar reflexão sobre as opressões a que os sujeitos estão submetidos, num papel análogo à figura arquetípica do “bobo da corte”. Diante das ameaças recentes à reforma psiquiátrica e à Rede de Atenção Psicossocial, acreditamos que palhaçaria e afeto podem ser instrumentos potentes de resistência, denúncia e fortalecimento dos serviços substitutivos em saúde mental.
|