28/09/2019 - 15:00 - 16:30 CB-25A - GT 25 - Mãos que não se soltam na tecitura da RAPS |
30748 - I ENCONTRO DE CO-GESTORES EM SAÚDE MENTAL: POTENCIALIZANDO A ARTICULAÇÃO REGIONAL DA RAPS ANDRÉ FELIPHE JALES COUTINHO - CEFOR-RH (PB), MARIA DAS GRAÇAS DA COSTA SILVA - MINISTÉRIO DA SAÚDE
A Região de Saúde (RS) da Paraíba referente a esse relato possui a cobertura de 09 CAPS tipo I; 01 CAPS tipo II e 01 CAPS Álcool e Drogas (AD). Alguns dados sociodemográficos do Plano Regional Integrado dessa RS (2018) concernentes ao ano de 2010 facilitam o mapeamento do cenário, a qual expressa a maioria da população feminina, com 96,5 homens para cada 100 mulheres; um grau de urbanização crescente (63,8% da população em áreas urbanas); e uma crescente população idosa (13,7%). A partir desse panorama e refletindo sobre a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), diagnosticou-se a lacuna de espaços articuladores entre os serviços dos CAPS nessa região de saúde. Houve, então, a construção do “I Encontro de Co-Gestores em Saúde Mental da X Região de Saúde (PB)” (I ECSM2RS) por meio do Apoiador Institucional e da Coordenadora da Atenção Básica de uma Gerência Regional de Saúde (GRS-PB), contando com a presença de nove gestores, a coordenadora da Saúde Reprodutiva e os dois profissionais da organização do encontro. Nesse encontro, privilegiou-se metodologias dialógicas, participativas e sensíveis: A) abertura com um coral de usuários do CAPS AD; B) a fala inicial (gerente regional) seguido da contextualização (coordenadora da atenção básica) do histórico dos espaços de articulação da RAPS que ocorreram entre 2010 e 2013, em reuniões técnicas entre a atenção primária em saúde e a RAPS; C) a roda de conversa de avaliação dessa articulação regional da RAPS, registrando as falas-chave dos gestores em tarjetas no chão, configurando uma mandala espiralar, com o apoio de três motes: c.1) “O que existe, hoje, de articulação entre os CAPS nessa RS?” (Que bom?); c.2) “O que dificulta, hoje, a articulação entre os CAPS nessa RS?” (Que pena?); e c.3) “O que poderia acontecer para potencializar a articulação entre os CAPS nessa RS?” (Que tal?); D) a sistematização de propostas e encaminhamentos de linhas de ação; E) o diálogo sobre a possibilidade de criação de um Grupo Condutor Regional em Saúde Mental; e F) o encerramento em círculo, com uma roda de olhares; beijos nas mãos de quem se encontra ao lado; síntese do encontro a partir de uma palavra-chave; e um abraço em travesseiros artesanais aromatizados, simbolizando os usuários dos CAPS. Tal encontro foi desenvolvido em 21 de maio de 2019 (matutino), e pretende ser um propulsor de outros espaços semelhantes. O objetivo principal desse encontro foi potencializar a articulação da RAPS na RS, fomentando espaços de elaboração sobre as potencialidades, os desafios e os inéditos viáveis de tal articulação. Baseado nessa experiência, conseguiu-se delinear um conjunto de conteúdos simbólicos referente ao desenho de como está, atualmente, a articulação da RAPS regionalmente, por exemplo: Que bom? (“Não existe essa articulação, mas pode ser construída”; “Humanização”; e “Grupo do WhatsApp” entre os coordenadores dos CAPS e da GRS-PB [...]); Que pena? (“Falta de comunicação”; “Limites de comunicação entre os secretários de saúde e os coordenadores dos CAPS”; e “Rotatividade de profissionais dos CAPS” [...]); e Que tal? (“Divulgar a sistematização do encontro para os secretários de saúde”; “A organização de uma reunião entre os coordenadores dos CAPS e os secretários de saúde”; e “Organizar mais um INTERCAPS, que é um encontro amplo entre os CAPS, com usuários, trabalhadores da assistência, gestores...” [...]). Ademais, deliberou-se: pela sistematização da discussão desse encontro e divulgação entre os coordenadores dos CAPS; por uma reunião entre esses coordenadores e os secretários de saúde na Comissão Intergestores Regional (CIR); pela institucionalização de um Grupo Condutor Regional Psicossocial com reuniões trimestrais; além de espaços de encontro e discussão para tratar sobre intersetorialidade e interação entre usuários, trabalhadores e gestores. Ao final do espaço, foi unânime o reconhecimento da importância de momentos de diálogo e construção coletiva semelhantes ao I ECSM2RS. É como base nesse processo que se evidenciaram aprendizados no tocante: a condução de processos grupais; ao exercício em negociar, sintetizar, organizar o tempo de fala e retomar os objetivos de cada momento da programação quando necessário; a construção coletiva do espaço e de suas deliberações. Então, é interessante conectar o fio condutor desse relato com a necessária caixa de ferramentas teórico-metodológicas que permitiram produzir o I ECSM2RS. Tais ferramentas estão na educação popular em saúde, com seus princípios de participação, diálogo e sensibilidade; na esquizoanálise, na leitura das relações desejantes, de poder e saber, política, social, institucional e clínica; e no marxismo, buscando compreender o particular/singular conectado dialeticamente com a totalidade histórica, cultural, econômica e social. Por fim, é pertinente observar que o I ECSM2RS foi um espaço instituinte, que necessita seguir se agenciando rumo a transversalização de saberes e autogestão das práticas da RAPS regional.
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