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28/09/2019 - 15:00 - 16:30
CB-25A - GT 25 - Mãos que não se soltam na tecitura da RAPS

30939 - POTENCIALIDADES DO CUIDADO EM SAÚDE MENTAL NA ATENÇÃO PRIMÁRIA: A EXPERIÊNCIA DO NASF COMO DISPOSITIVO CLÍNICO-POLÍTICO
TIAGO LOPES BEZERRA - ENSP/FIOCRUZ - RJ, TATIANA WARGAS DE FARIA BAPTISTA - ENSP/FIOCRUZ - RJ


Contextualização: A atuação da rede de atenção primária no cuidado em saúde mental territorial tem sido fundamental tanto para viabilizar cuidado de usuários que por motivos diversos não conseguem acessar os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), quanto para evitar que outros casos se agravem, agudizem e necessitem de cuidados muito mais invasivos e traumáticos. Nessa direção, os Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) têm desempenhado um papel muito potente na organização do cuidado em saúde mental na atenção primária. No entanto, com as mudanças na Política Nacional de Atenção Primária (PNAB) e o redirecionamento dos investimentos para os leitos manicomiais e para as comunidades terapêuticas, os NASF e outros dispositivos da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) estão em risco, ameaçando a dimensão territorial do cuidado em saúde mental.

Descrição: Trata-se de uma discussão sobre a potência da estratégia de saúde da família como instrumento de cuidado em saúde mental no território, observada a partir da inserção de um assistente social com residência em saúde mental ocupando vaga em um Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) que cobre um total de oito equipes de Estratégia de Saúde da Família (ESF) distribuídas em dois serviços da rede de atenção primária do Rio de Janeiro, em áreas com grande vulnerabilidade social e alto número de usuários atendidos pela ESF que por inúmeras razões não realizam acompanhamento em saúde mental nos CAPS.

Período de realização: De Janeiro de 2016 a Maio de 2019.

Objetivo: Evidenciar, a partir da experiência profissional no NASF e assumindo o recurso cartográfico, as potencialidades e desafios da Estratégia da Saúde da Família no cuidado de pacientes com transtornos mentais e sofrimentos psíquicos.

Resultados: Os Agentes Comunitários de Saúde (ACS), enfermeiros, médicos, equipe NASF e outros profissionais de apoio ao serviço fazem grande uso das tecnologias leves (MERHY, 2014) em suas rotinas, a tecnologia que se produz a partir do encontro vivo com o usuário, que origina caminhos e modos de cuidado que não estão em nenhum material teórico ou clínico pré-existente, viabilizando, dessa forma, cuidado em saúde mental com potência imensurável. No entanto, fica claro que tais profissionais frequentemente não se dão conta do imenso potencial clínico desses movimentos de cuidado em saúde mental que eles realizam. São pequenas ideias, pequenos combinados, pequenas ações que viabilizam que grande número de usuários e familiares sejam acompanhados e cuidados em saúde mental no território pela atenção primária, o que a rigor significa agir de modo a evitar agudizações clínicas, articular redes de cuidado, evitar internações psiquiátricas ou até mesmo, no limite, sinalizar a necessidade da condução a uma emergência psiquiátrica, dimensão que frequentemente não é percebida pela própria família ou pelo próprio usuário, e cuja as equipes da ESF têm realizado contribuições fundamentais nesses sentidos.

Aprendizado: O cuidado em saúde mental na atenção primária tem um potencial incrível, dada a profundidade da dimensão territorial do trabalho. Os médicos, enfermeiros e técnicos conhecem bem os usuários de suas equipes, e os agentes comunitários de saúde conhecem e residem naqueles territórios, e por isso conseguem se aproximar dos casos de saúde mental de forma extremamente potente. Utilizam uma linguagem muito mais acessível no trato com os usuários, e em especial mais acessível que a linguagem dos profissionais da saúde mental, e a partir disso, com o apoio da equipe NASF, conseguem sinalizar caminhos viáveis de Projetos Terapêuticos Singulares (PTS), de modo a fazer conexões de rede de cuidado para cada usuário, firmar combinados totalmente dentro do possível desses usuários, além de reconhecerem facilmente quando os casos começam a se agravar e diante disso sinalizam às equipes ESF, NASF e de atenção psicossocial.

Análise crítica: Em tempos de revisão da PNAB prevendo diminuição significativa dos ACS nas equipes; de retrocessos na política de saúde mental e de drogas com maior investimento em comunidades terapêuticas e leitos manicomiais, significa que evidenciar a potência da atenção primária no cuidado em saúde mental é essencial para a defesa clínica e política do cuidado antimanicomial, destacando a grandeza do caráter territorial no cuidado aos usuários com transtornos mentais. Apostar no cuidado em saúde mental na atenção primária relatando e analisando a potencialidade desse cuidado é fazer a defesa intransigente das Reformas Psiquiátrica e Sanitária pelas quais lutamos durante tantas décadas.

Referências:
MERHY, E. Um ensaio sobre o médico e suas valises tecnológicas: fazendo um exercício sobre a reestruturação produtiva na produção do cuidado. In: Saúde – a cartografia do trabalho vivo em ato / Emerson Elias Merhy. São Paulo: 4ª Edição, Hucitec Ed., 2014, p. 93-114.

local do evento

Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

Campus Central

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