28/09/2019 - 15:00 - 16:30 CB-25A - GT 25 - Mãos que não se soltam na tecitura da RAPS |
31375 - DESAFIOS COTIDIANOS DA REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA NAJARA SOUSA MEDEIROS - UFPB, FRANCILEA DE OLIVEIRA SANTOS - UFPB, JULIA RAMOS VIEIRA - UFPB, MÁRCIA DE MEDEIROS FRANÇA - UFPB, RENATA OLIVEIRA NOBREGA DA SILVA - UFPB, DANDARA BATISTA CORREIA - HULW, NARJARA CINTHYA NOBRE OLIVEIRA - HULW
CONTEXTUALIZAÇÃO
O presente texto trata-se de uma reflexão teórico-prática que tem por objetivo relatar as experiências vivenciadas na Residência Multiprofissional em Saúde Mental da Universidade Federal da Paraíba, a partir de uma análise da política de saúde mental na contemporaneidade.
Ao analisarmos as últimas publicações de leis e documentos ministeriais , tais como: Decreto Nº 7.179 de 2010, que institui o Plano Integrado de Enfrentamento ao Crack e Outras Drogas de 2017, a Portaria Nº 3.588, e em 2019, a Nota Técnica Nº 11/2019, é possível identificar uma tendência a “remanicomialização” do cuidado numa lógica do fortalecimento do mercado e reversão dos direitos, desconsiderando o processo construído ao longo de décadas no contexto da Reforma Psiquiátrica Brasileira. (GUIMARÃES; ROSA, 2019)
Assim, torna-se necessário problematizar a saúde mental frente ao avanço do conservadorismo e da ideia de colocar o hospital novamente no centro da Rede Atenção Psicossocial (RAPS), de uma maneira que exclui os sujeitos do convívio social nos territórios.
DESCRIÇÃO
Descreve-se sobre as vivências da RESMEN no contexto da RAPS dos munícipios de João Pessoa/PB e Bayeux em que incluem os serviços de CAPS, Hospital Psiquiátrico e Hospital Geral. Foram sistematizadas as observações realizadas no cotidiano dos serviços, sobretudo da interação entre os sujeitos usuário/familiares/profissionais/gestores, através da realização de acolhimentos diários, oficinas, rodas de conversas, visitas domiciliares e institucionais e reunião familiar que foram organizadas com o intuito de abordar o cuidado integral, equânime e igualitário destinado aos usuários da RAPS.
PERÍODO DE REALIZAÇÃO
Relato de Experiência entre o período de abril/2018 a maio/2019.
OBJETIVO
Relatar as experiências de residentes e preceptores multiprofissionais em saúde mental da UFPB, em relação aos desafios da RAPS na contemporaneidade.
RESULTADOS
Foram desenvolvidas inúmeras atividades de promoção e prevenção à saúde junto aos usuários, familiares e profissionais, dentre os quais destacam-se o projeto “Café com Prosa”, Campanha Alusiva ao Outubro Rosa, Oficinas de Redução de Danos e atividades “Cuidando do Cuidador”.
Através dessas iniciativas foi possível apreender um contexto de fragilização de rede de saúde mental, em termos de práticas assistenciais que não alteram a lógica manicomial, as quais foram enaltecidas na política do atual governo federal.
Nessa perspectiva, o primeiro aspecto a ser considerado refere-se ao fato das equipes técnicas ainda desconhecerem os diversos serviços ofertados na RAPS, dificultando a intersetorialidade e, sobretudo, o trabalho de base comunitária. Com isso, as demandas não são apreendidas em sua totalidade, de modo a reforçar o isolamento social dos sujeitos.
Outra questão, são os problemas estruturais, uma vez que não há oferta de leitos de saúde mental em hospitais gerais, além de uma realidade de falta de materiais e profissionais suficientes para atender aos usuários em diversas demandas, dentre as quais em situação de crise. Nesse contexto, ao usuário resta-lhe uma assistência em hospital psiquiátrico, contrariando o cuidado que deveria ser integral, humanizado e de base territorial.
APRENDIZADOS E ANÁLISE CRÍTICA
O grande desafio da RAPS é o rompimento com as “amarras” do modelo manicomial, ainda presente no cotidiano dos serviços através de uma assistência frágil em termos de infraestrutura, disponibilidade de pessoal, promoção da intersetorialidade e do cuidado integrado que promova a autonomia dos sujeitos.
Frente a tais questões, é primordial o fortalecimento de encontros produtivos e sistemáticos entre os profissionais da RAPS. Assim, a construção de Projeto Terapêutico Singular constitui uma estratégia de promoção do cuidado integral, pois configura-se como o principal instrumento de trabalho interdisciplinar dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), possibilitando a participação efetiva, a reinserção e construção de autonomia dos usuários e familiares da saúde mental.
Faz-se necessário a criação de projetos sociais, entre instituições públicas e privadas, visando promover o cuidado integral, a reinserção social da pessoa com transtorno mental e sobretudo, sua incidência política frente a efetivação dos seus direitos.
Compreender os fundamentos da Reforma Psiquiátrica e da Luta Antimanicomial é primordial para operar mudanças que propicie aos sujeitos a capacidade de operar e realizar suas escolhas, respeitar as diferenças, rompendo com as amarras do modelo manicomial e hospitalocêntrico (ALVES; GULJOR, 2004, apud PASSOS, 2019).
REFERÊNCIAS
GUIMARÃES, T. A; ROSA, L. C. S. In: O Social em Questão - Ano XXII - nº 44 - Maio a agosto/2019
PASSOS, Rachel Gouveia. Luta Antimanicomial no cenário Contemporâneo: desafios atuais frente a reação conservadora. In: Revista Socied. em Deb. (Pelotas), v. 23, n. 2, p. 55-75, jul./dez.2017.
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