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Grupos Temáticos

28/09/2019 - 15:00 - 16:30
CB-25A - GT 25 - Mãos que não se soltam na tecitura da RAPS

31617 - IMPLICAÇÕES DOS CURSOS DE VIDA DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE NAS PRÁTICAS DE CUIDADO COM USUÁRIOS/AS DE ALCOOL E DROGAS NA RAPS
MARILYN DIONE DE SENA-LEAL - UPE, LUÍS FELIPE RIOS DO NASCIMENTO - UFPE


Apresentação/Introdução: O trabalho consiste em um recorte de uma pesquisa de doutorado em psicologia, realizada em um CapsAD da Região Metropolitana do Recife/PE (RMR).O modo como os serviços se organizam para dar conta das práticas profissionais afinadas com os marcos regulatórios (legais, teóricos e ético-políticos) constitui um elemento primordial para a produção do cuidado em álcool e outras drogas (AD). Um dos contribuintes do cenário de vulnerabilidade programática ao AD se revela na dificuldade dos próprios profissionais em lidar com o tema. Nesse contexto, alguns estudiosos chamam atenção para os processos de estigmatização e como interferem na produção do cuidado. Alguns estudos se dedicam a pensar currículo e carreiras acadêmicas dos profissionais de saúde, mas poucos estudos têm abordado os cursos de vida mais amplos e como estes possibilitam mais ou menos recursos para práticas profissionais efetivamente cuidadoras. Objetivos: Investigar o curso de vida de profissionais de saúde na caracterização da resposta governamental ao agravo Vulnerabilidade Programática de usuários de crack, álcool e outras drogas em um CAPSad da RMR. Metodologia: Trata-se de um estudo etnográfico que utilizou da observação participante (agosto/2015 à março/2016) e entrevistas semiestruturadas (fevereiro/2016 à junho/2016), com enfoque biográfico com 12 profissionais (ensino médio e superior) de um CapsAD da Região Metropolitana do Recife. Os dados coletados foram analisados mediante o uso da análise temática. Para fins da análise consideramos algumas dimensões intervenientes na produção do cuidado, a exemplo das normativas que regulam o cuidado em álcool e outras drogas; a organização da Raps e do próprio serviço, e as pessoas-profissionais, seja em interação durante o cuidado no CapsAD como também o atravessamento de elementos do seu curso de vida intervindo em sua prática de cuidado junto aos usuários/as. Resultados e discussão: Em que pese o comprometimento da equipe do CAPSad em produzir práticas cuidadoras e do engajamento dos usuários na luta por garantia de um serviço de qualidade, os resultados também apontaram para obstáculos relacionados ao “sucateamento da instituição”, com comprometimentos na estrutura física, na disposição insumos para as atividades e no quadro (quantidade) de profissionais. Focando no curso de vida dos profissionais, eles relatam carência nas formações acadêmicas sobre o cuidado em AD antes da entrada no serviço, fato que os remetem ao sentimento de “cair sem paraquedas” quando ingressam no serviço. Do mesmo modo, elementos do curso de vida da pessoa-profissional apareceram atravessando o cuidado com os usuários/as de drogas. Muitos profissionais, ao entrarem no CapsAD tinham internalizadas visões estigmatizantes sobre usuários/as de drogas devido às experiências pessoais com este público, inclusive familiar. No entanto, para alguns profissionais, o próprio contato com os/as usuários no serviço ressignificou estas experiências e as implicações morais que atravessaram o cuidado foram ressignificadas em implicações empáticas. É importante destacar que a compreensão acerca da noção de Redução de Danos, que deveria sustentar teoricamente as práticas, permanece um desafio teórico-prático para muitos profissionais, porque desafia a moralidade que construíram ao longo da vida. Conclusões/Considerações Finais: Observamos a necessidade de investimento na educação permanente em saúde em um formato que considere a subjetividade do profissional, com base nas implicações que este construiu ao longo do seu curso de vida, visando uma prática de cuidado norteada pelos marcos teórico-epistemológico e normativos das políticas de saúde mental e drogas, bem como pela consideração de aspectos idiossincráticos do cuidador com o público a ser cuidado. Tal processo formativo deve ter continuidade, evitando os formatos das denominadas “capacitações” rápidas, esporádicas e descontínuas, sem considerar as especificidades do profissional que já está inserido na Raps e do que está chegando. Para que este último não tenha a sensação de cair na rede sem paraquedas é necessário uma formação na recepção de quem chega à rede, que considere aspectos teórico-epistemológicos, visitas aos equipamentos da Raps do território onde irá desenvolver o seu trabalho, bem como oficinas que possibilitem a estes novatos a consciência progressiva de suas implicações pessoais para o cuidado em AD.

local do evento

Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

Campus Central

A Universidade Federal da Paraíba é reconhecida pela sua excelência no ensino e em pesquisas tecnológicas e, atualmente, encontra-se entre as melhores Universidades da América Latina.

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