29/09/2019 - 15:00 - 16:30 CB-25B - GT 25 - Formação para o Cuidado em Liberdade |
29943 - O IMPACTO DA ATUAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DO NASF NA ATENÇÃO À SAÚDE MENTAL NA REGIÃO AMPLIADA DE SAÚDE OESTE/MG. CARLOS ALBERTO PEGOLO DA GAMA - UFSJ, DENISE ALVES GUIMARÃES - UFSJ, VÍVIAN ANDRADE ARAÚJO COELHO - UFSJ, CECÍLIA GODÓI CAMPOS - FIOCRUZ- MG, AGRIPINA MARIA DE SOUZA FRAGA - SES=MG, MARIA ADELAÍDE JANUÁRIO DE CAMPOS - UFSJ, VANESSA CRISTINA DE PAIVA OLIVEIRA - UFSJ, LAURA LUIZA MENEZES SANTOS - UFSJ
Introdução - A implantação de ações de atenção à Saúde Mental na Atenção Primária à Saúde (APS) envolve a aproximação das políticas e saberes relacionados à Reforma Psiquiátrica e à Saúde Mental com as ações e saberes da Estratégia de Saúde da Família (ESF). Identifica-se falta de capacitação dos profissionais da APS e um desconhecimento a respeito dos princípios da Reforma Psiquiátrica que produz ações normatizadoras, infantilização do paciente e medicalização do sofrimento psíquico. O Núcleo Ampliado de Saúde da Família (NASF) é uma proposta que tem como objetivo transferir tecnologia de profissionais especialistas para profissionais generalistas da APS. Na área da Saúde Mental o profissional do NASF tem a tarefa de introduzir a lógica da Saúde Mental dentro da ESF baseada no paradigma psicossocial e nas propostas da Saúde Coletiva propondo a horizontalidade na gestão, valorizando a compreensão multidisciplinar dos problemas e incentivando ações que incluam as potencialidades oferecidas pelo território habitado pelo sujeito em sofrimento psíquico. Neste sentido as ações dos profissionais do NASF tem potencial para influenciar na mudança do modelo de atenção à Saúde Mental favorecendo uma prática que combata a estigmatização do usuário e proponha ações de defesa dos direitos humanos.
Objetivo - Compreender a atuação dos profissionais do NASF na atenção em saúde mental nos municípios da Macro Região Oeste do Estado de Minas Gerais na perspectiva de mudança de paradigma de atenção.
Metodologia – Foi realizada uma pesquisa quanti-quali com os profissionais da APS e dos NASF pertencentes à Região Ampliada. Para a coleta de dados utilizou-se um questionário eletrônico que foi enviado aos gestores da área de saúde mental dos 54 municípios da Região Ampliada com questões relativas à RAPS, ao NASF e sobre a organização da Saúde Mental. Em seguida foram realizadas 12 entrevistas semiestruturadas com profissionais da Saúde Mental do NASF e 12 Grupos Focais (GF) com profissionais da APS que são matriciados pelos NASF. O material coletado foi analisado com ferramentas da estatística descritiva e com a Análise de Conteúdo. Foi realizado evento para devolutiva dos dados para os gestores e profissionais da região ampliada
Resultados: A RAPS da Região Ampliada possui 27 Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), 12 Ambulatórios de Saúde Mental e 2 Residências Terapêuticas. A ESF está implantada em 86,62% dos municípios e o NASF em 34 (62,96%). Apresenta índice de 1,71 CAPS/100.000 habitantes. No entanto, 14,49% da população não possui acesso a este serviço.
Os profissionais pertencentes à Saúde Mental do NASF relatam problemas que atribuem a dificuldades da gestão: alta rotatividade dos profissionais, ausência de diagnóstico do território, ausência de uma política de saúde mental e planejamento das ações. Percebem que os serviços que compõe a RAPS não se comunicam e a rede é fragmentada. A maior parte do tempo dos profissionais do NASF é dedicada a atividades de assistência. As propostas de ações intersetoriais, ações de humanização e grupos, visitas domiciliares, consultas conjuntas, construção de projetos terapêutico singulares e matriciamento são realizadas de forma esporádica e informal e não foram incorporadas na prática cotidiana na maioria dos municípios. Identificam a existência de uma cultura de internação que é potencializada pela existência de grande número de comunidades terapêuticas. Avaliam que houve pouca mudança na lógica da atenção aos casos graves em SM pois ocorrem situações de preconceito e negligência. Apesar das dificuldades os entrevistados consideram o NASF uma ferramenta importante na mudança da lógica das intervenções.
Os profissionais da APS que participaram dos GF demonstraram conhecimento superficial da proposta do NASF. Não está claro qual o papel do profissional de referência em SM do NASF. Prevalece a visão de que os profissionais do NASF têm que suprir as deficiências da assistência em saúde mental. Relatam dificuldades para atender os pacientes em crise e os casos de dependência química. Afirmam que os profissionais do NASF não tem perfil para a função. Relatam algumas parcerias para a realização de atividades grupais mas estas iniciativas enfrentam resistência da população e tem baixa adesão.
Considerações finais - Constatou-se dificuldades na pactuação da RAPS nos municípios com menos de 15.000 habitantes, baixo índice de CAPS i e CAPS ad, insuficiência de CAPS III e escassa implementação de leitos em Hospitais Gerais. O trabalho desenvolvido pelos profissionais da Saúde Mental no NASF continua reproduzindo o modelo biomédico e incorpora de maneira muito frágil ações baseadas no paradigma psicossocial. As dificuldades estão ligadas principalmente a problemas de gestão, a falta de perfil dos profissionais contratados, ausência de uma política de recursos humanos e a falta de uma política de Educação Permanente em Saúde que possa impulsionar a mudança na dinâmica de trabalho na APS.
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