29/09/2019 - 15:00 - 16:30 CB-25B - GT 25 - Formação para o Cuidado em Liberdade |
30039 - PRÁTICAS DE ACOLHIMENTO AOS USUÁRIOS EM PROCESSO DE SOFRIMENTO MENTAL ENTRE PROFISSIONAIS DE SAÚDE DE NÍVEL SUPERIOR E NÍVEL MÉDIO VALQUIRIA FARIAS BEZERRA BARBOSA - IFPE CAMPUS PESQUEIRA, ALINE BARROS DE OLIVEIRA - IFPE CAMPUS PESQUEIRA, DÁRIA CATARINA SILVA SANTOS - IFPE CAMPUS PESQUEIRA, ANA CARLA SILVA ALEXANDRE - IFPE CAMPUS PESQUEIRA, IANDRA RODRIGUES - IFPE CAMPUS PESQUEIRA, SILVANA CAVALCANTI DOS SANTOS - IFPE CAMPUS PESQUEIRA, GLEYDSON MATEUS DA SILVA PEREIRA - IFPE CAMPUS PESQUEIRA, ALESSANDRA QUITÉRIA BARBOSA DE OLIVEIRA - IFPE CAMPUS PESQUEIRA
INTRODUÇÃO: O acolhimento é um termo utilizado com frequência para expressar as relações estabelecidas entre usuário e profissionais na atenção à saúde, entretanto, acolher vai além de uma simples relação de serviço prestado, implica uma relação cidadã e humanizada, de escuta qualificada. A prática do acolhimento está presente em todas as relações de cuidado envolvendo profissionais de saúde e usuários, a exemplo dos atos de recepcionar e escutar os indivíduos, podendo ocorrer de vários modos conforme cada profissional. OBJETIVO: Analisar as práticas de acolhimento aos usuários com adoecimento mental realizadas por profissionais de saúde da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS). METODOLOGIA: Trata-se de um relato de pesquisa descritivo- exploratória sobre as práticas e estratégias de acolhimento aos usuários em processo de sofrimento e adoecimento mental desenvolvidas nos pontos de atenção da RAPS por profissionais de nível superior e por agentes comunitários de saúde na atenção primária, desenvolvida no período de 2017 a 2019, no município de Pesqueira – PE. Foram selecionados seis profissionais sendo duas psicólogas, um médico, uma fisioterapeuta, uma nutricionista e uma enfermeira de quatro serviços da RAPS: um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) II, um Centro de Especialidades, um Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (NASF-AB) e o hospital de média complexidade do município. Participaram também seis agentes comunitários de saúde, três de unidade básica de saúde da zona urbana e três de uma unidade da zona rural. A coleta de dados se deu por meio de entrevistas semiestruturadas. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com parecer favorável nº 1.803.905. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Quanto as práticas e estratégias de acolhimento para pessoas com adoecimento mental, embora os seis profissionais entrevistados relataram que existiam de forma geral para todos os usuários, foram descritas práticas de acolhimento que vão ao encontro do modelo de atenção psicossocial como a escuta qualificada do usuário e o diálogo. Essas ferramentas são fundamentais para que seja estabelecido o vínculo com o usuário e assim auxiliá-lo na resolução de suas demandas de maneira qualificada. A prática da escuta aos usuários do serviço de saúde é considerada de suma importância, pois ser ouvido faz com que o indivíduo se sinta respeitado no diálogo entre profissionais e usuários. Quanto aos profissionais agentes comunitários de saúde, os resultados apontaram para outra vertente, evidenciando-se que a prática desses profissionais enfatiza a prescrição medicamentosa e a consulta médica como centrais no processo terapêutico, além da presença de medo e estigma em trabalhar com a demanda de saúde mental. Há um contrataste entre as práticas realizadas por profissionais de nível superior e de nível médio, o que, no contexto estudado, está relacionado ao fato dos profissionais de nível médio terem apenas capacitações de poucas horas no âmbito da saúde mental o que vem a comprometer a assistência prestada, fazendo-os replicar práticas que vão contra os princípios da reforma psiquiátrica. Quanto aos de nível superior, demonstraram uma melhor capacidade de interpretação sobre o desenvolvimento de práticas de acolhimento. Evidenciou-se no perfil desses profissionais a formação em nível de especialização em saúde mental ou áreas afins, o que proporciona uma melhor atuação frente às demandas encontradas nos serviços de saúde. Faz-se necessário o processo de educação permanente para os trabalhadores de saúde para que possam acolher a demanda de saúde mental, como também o investimento em práticas de apoio matricial que proporcionem troca de conhecimentos entre profissionais especialistas e os profissionais generalistas no suporte frente aos casos que chegam diariamente nos serviços. CONCLUSÃO: Houve um contraste entre as práticas de acolhimento dos profissionais de nível superior e nível médio, demonstrando a necessidade de educação permanente para os profissionais que atuam nos dispositivos da RAPS, para uma assistência mais qualificada. A pesquisa contribuiu para a formação acadêmica e profissional da discente pesquisadora, a partir da imersão na rede e do contato com os profissionais que nela atuavam. Fez despertar o conhecimento e interesse por novas experiências, oportunizando o protagonismo na construção de novos estudos que potencializem o dispositivo acolhimento em saúde mental.
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