29/09/2019 - 15:00 - 16:30 CB-25B - GT 25 - Formação para o Cuidado em Liberdade |
31355 - RESIDÊNCIAS MULTIPROFISSIONAIS EM SAÚDE: ONDE ESTÃO OS PROFISSIONAIS EGRESSOS E QUE DISPOSITIVOS DE CUIDADO EM SAÚDE MENTAL ESTÃO PRODUZINDO? VERA LÚCIA PASINI - UFRGS, ANA MARIA P. PRETTO - UFRGS
Introdução: O SUS, a partir de sua emergência na Constituição de 1988, coloca em questão os modos de trabalhar e “formar” trabalhadores para o campo da saúde, tendo em vista a ampliação do conceito de saúde e a necessidade de produção de novos olhares e práticas de cuidado. Assim, “ordenar a formação de Recursos Humanos na área da saúde” passa e ser uma de suas atribuições, visando aproximar as práticas dos trabalhadores às diretrizes do sistema. Em 2005, as Residências Multiprofissionais em Saúde (RMS) são legalmente instituída como formação especializada de profissionais da área da saúde, em nível de pós-graduação lato sensu,oferecendo aos profissionais recém graduados preparação subjetiva e tecnica para o trabalho em saúde, em diferentes frentes de atuação. A inserção dos residentes em cenários de serviços também visava propiciar as equipes formadoras a possibilidade de se renovar, rever práticas que valorizem de forma permanente o trabalho em equipe interprofissional e a potência da rede de serviços que constituem o sistema. Compõem as RMS 14 profissões da área da saúde : Biomedicina, Ciências Biológicas, Educação Física, Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Medicina Veterinária, Nutrição, Odontologia, Psicologia, Saúde Coletiva, Serviço Social e Terapia Ocupacional.
Objetivos: A pesquisa que estamos desenvolvendo, desde 2017, busca conhecer o perfil de egressos de programas das RMS no período de 2005 a 2014 e sua inserção em serviços da saúde após a conclusão dos programas de residência com ênfase/área de concentração em Saúde da Família/Atenção Básica/Atenção Primária em Saúde e Saúde Mental, desenvolvido no estado do Rio Grande do Sul (RS) - onde havia, naquele período, 16 instituições proponentes. Visa ainda conhecer os possíveis efeitos nos modos como os profissionais se inserem nos equipamentos de saúde após uma formação em RMS, especialmente quanto no que se refere a produção de mudanças no olhar e na abordagem dos processos de sofrimento psíquico, da implicação com o projeto da atenção integral dos indivíduos e coletivos, do exercício do trabalho em equipe, da articulação entre atenção, gestão, educação e controle social. Em suma: quais os efeitos sobre as ações de cuidado, especialmente em saúde mental, podem ser visibilizados a partir da inserção de egressos de RMS em estabelecimentos de saúde?
Metodologia: A partir das informações fornecidas pelas instituições de formação, contatamos os egressos solicitando que respondessem ao formulário de questões da pesquisa. Serão ainda realizados grupos de discussão com egressos selecionados, a partir das respostas dadas a questões do questionário, visando aprofundar discussões de interesse da pesquisa; bem como entrevistas com os gestores dos locais onde estes egressos estão atualmente inseridos e observações do trabalho que desenvolvem nestes locais. Os dados quantitativos foram analisados descritivamente com o auxílio do software SPSS e para a análise das informações qualitativas da pesquisa utilizaremos o software NVivo como ferramenta de apoio a análise.
Resultados e discussão: Na análise possível até o momento de escrita deste resumo realizamos o mapeando dos programas e seus egressos, a inserção atual em serviços de saúde e os possíveis efeitos da formação nas suas práticas atuais, possibilidades e problemas apontados e capacidade de mudança nas práticas, especialmente na relação com os cuidados em Saúde Mental, a partir da formação em RMS. Participaram da pesquisa 73 egressos de RMS, com idades entre 20 e 28 anos (83,6%), a maior parte mulheres (79,5%) brancas (63%). Quanto à importância da inserção em uma RMS na construção de um pensar sobre o cuidado em Saúde Mental os residentes apontam a formação em equipe multiprofissional como elemento a ser destacado, ao propicia o trabalho com diferentes profissões e áreas de conhecimento, favorecendo a capacidade inventiva e “transgressora” das lógicas instituídas e a produção de ferramentas para trabalhar com casos complexos. Mesmo os residentes que realizaram a formação na Atenção Básica apontam que o cuidado em saúde mental sempre está presente e a formação na residência possibilita ampliação do olhar dos profissionais de saúde, facilitando a criação, invenção e produção de novos dispositivos de cuidado em saúde mental. Considerações finais: Preliminarmente visualizamos a importância do percurso formativo na modalidade RMS para a qualificação do cuidado em saúde mental dos profissionais egressos, especialmente no que diz respeito à ampliação do olhar para as problemáticas de saúde mental presentes nos diferentes âmbitos de atenção, bem como quanto ao processo de produção de sofrimento dos trabalhadores em seu encontro com as problemáticas cotidianas dos usuários dos serviços, constituindo-se como um espaço importante de resistência aos retrocessos nas políticas de Saúde Mental que se anunciam em nosso país.
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