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Grupos Temáticos

29/09/2019 - 15:00 - 16:30
CB-25B - GT 25 - Formação para o Cuidado em Liberdade

31668 - SENTAR, CONVERSAR E OUVIR. SAÚDE MENTAL NA ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL UNIVERSITÁRIA
JESSICA CICI DE CARPES - UFRGS


No ano de 2015 entrei na Universidade Federal do Rio Grande do Sul ocupando uma vaga graças a Políticas de Cotas no curso de Ciências Sociais, onde no mesmo ano fui selecionada como beneficiária do Programa de Assistência e Benefícios da Instituição, cuja gestão é da Pró-Reitoria de Assistência Estudantil (PRAE), responsável pelo planejamento de ações e iniciativas previstas no Programa Nacional de Assistência Estudantil (PNAES). Em março de 2015 fui selecionada à ocupar uma vaga na Moradia Estudantil da Universidade, a Casa do Estudante Universitário (CEU). A partir da experiência de proximidade com estudantes que muitas vezes são perpassados pelas variáveis: abrigo, alimentação, água, amor e amigos, e através do aprendizado propiciado por esse espaço institucional, imensas subjetividades puderam ser observadas.
Esses estudantes passaram por edital de processo seletivo público da Instituição para acessar à moradia estudantil, compartilhando, além dos critérios de seleção, experiências, momentos, emoções, narrativas e valores. É através dessa troca interdisciplinar proporcionada pelo ambiente da moradia estudantil, que projetos de Ensino, Pesquisa e Extensão vem surgindo desde 2016.
A minha experiência de fazer etnografia na moradia estudantil vem desde este ano quando, morando na CEU, as narrativas de adoecimento mental “batiam na minha porta”. Por conta disso, tornou-se necessário pensar em estratégias para o relacionamento com meus colegas de moradia, propiciando espaços sensíveis de escuta e solidariedade. Foi nesse momento que se deu a decisão de pesquisa, no campo empírico, sobre a saúde mental do público de assistência estudantil universitária.
A partir da identificação da presença de nuances nas narrativas de saúde mental universitária, questiona-se se seriam essas nuances importantes para a avaliação das ações de assistência relativas à atenção à saúde?
A partir da observação participante realizada nos espaços de convivência da CEU, percebi a relevância de aprofundar na história da trajetória de organização estudantil em torno da demanda de saúde mental, obtendo acesso aos documentos do Movimento de Casas de Estudantes da UFRGS entre os anos de 2015 e 2018. Desta forma o próximo passo foi a pesquisa bibliográfica sobre a temática de saúde mental universitária. Ao encontrar a antropologia da saúde, através de uma revisão bibliográfica com foco no conceito de saúde mental e as perspectivas que poderiam ser trabalhadas dentro das ciências sociais, me aproximei à teoria dos signos, significados e práticas em saúde mental, criada por Gilles Bibeau e Ellen Corin, herdeiros da escola canadense de Psiquiatria Transcultural. Essa teoria propõe o desenvolvimento de uma antropologia crítica, “sistematizando os diferentes elementos do contexto que intervém na identificação do que é problemático, na decisão de tratar ou não um problema e na escolha do terapeuta apropriado” (UCHOA e VIDAL, 1994).
Em paralelo, a pesquisa bibliográfica me levava a aprendizados interdisciplinares que me faziam refletir sobre a importância da mobilidade e bem-estar no Ensino Superior. Nesse sentido pensa-se em uma Política Institucional em Saúde Mental Universitária, com base na proposta adotada pela Universidade Federal de Minas Gerais, no âmbito da UFRGS e como os moradores da CEU seriam atores importantes para a discussão das demandas de usuários desse programa.
Para essa discussão de demandas e pensando nas diversas categorias que reivindicam planejamento e participação nas ações de atenção à saúde, percebe-se que muitos desses coletivos podem colaborar nos Grupos de Trabalho instituídos pela Universidade para pesquisas da saúde mental do discente. Sendo exemplos desses coletivos, experienciados com o olhar da observação participante: a) O coletivo de Mulheres da CEU, b) O Movimento de Casas de Estudantes (MCE) a nível local e Nacional, c) representantes Institucionais da Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (PRAE) da UFRGS, d) Beneficiários PRAE (estudantes que recebem auxílios do programa de benefícios da UFRGS).
Esses coletivos apresentaram interpretações sobre o Programa de Saúde da PRAE - aqui nomeado como atendimento psicológico - que possibilita o recebimento do valor de R$ 250,00 para atendimento psicoterapêutico e/ou psiquiátrico. Considerando-se o trabalho das autoras Sonia Maluf e Ana Paula de Andrade (2017) elucida-se “a importância de confrontar as políticas públicas com as experiências sociais a fim de garantir uma avaliação qualitativa das próprias políticas públicas”. Por isso o enfoque no público com vulnerabilidade socioeconômica, a priori.
É necessário, contudo, retornar aos interlocutores, pois “levar a cabo a perspectiva etnográfica é também levar em consideração as perguntas que esses sujeitos fazem em relação ao Estado”.

local do evento

Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

Campus Central

A Universidade Federal da Paraíba é reconhecida pela sua excelência no ensino e em pesquisas tecnológicas e, atualmente, encontra-se entre as melhores Universidades da América Latina.

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