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Grupos Temáticos

28/09/2019 - 13:30 - 15:00
EO-26A - GT 26 - Gênero, Controle, Aprimoramento e Subjetividades

29769 - CONTROVÉRSIAS EM TORNO DO “HIPOGONADISMO TARDIO” E SEU TRATAMENTO: UM ESTUDO DAS DISCUSSÕES MÉDICAS SOBRE O ENVELHECIMENTO MASCULINO
JANE ARAUJO RUSSO - UERJ, LIVI FERREIRA TESTONE DE FARO - UERJ, AYMARA MONTEZUMA - UERJ


Desde a segunda metade do século passado, os chamados hormônios sexuais têm sido considerados fundamentais para a redefinição da sexualidade feminina. O lançamento e a difusão do uso da pílula anticoncepcional e a intensa difusão da reposição hormonal para mulheres no climatério ou menopausa são os exemplos mais evidentes desse processo. Nos dois casos, devido ao impacto na vida reprodutiva de homens e mulheres, com importantes consequências nos comportamentos e moralidades, os hormônios femininos sintetizados e comercializados por laboratórios farmacêuticos e receitados por médicos transformaram-se em poderosos agentes de transformação social. O papel dos hormônios sexuais ditos masculinos, como a testosterona, e de seus usos na reconfiguração de corpos e mentes tem sido menos discutido, apesar de sua relevância.
Nos anos 40 alguns médicos e laboratórios tentaram lançar a “andropausa” como uma espécie de menopausa masculina, que necessitaria de reposição hormonal. Uma iniciativa que não teve sucesso, na medida em que o declínio físico e sexual do homem tendia a ser visto como uma fase natural da vida, cujos efeitos poderiam ser diminuídos através de uma vida regrada e moralmente sadia. Apesar dessa dificuldade de (ou desinteresse em) submeter o corpo masculino a um escrutínio médico mais sistemático, o uso dos hormônios sexuais masculinos encontrou outras vias de difusão, que, na verdade, não foi menos intensa que a dos hormônios sexuais femininos, mas que certamente foi menos medicalizada. Pensamos aqui no uso dos anabolizantes (derivados da testosterona) entre fisiculturistas e, em especial, entre atletas de alta performance (homens e mulheres) e em certas profissões vistas como masculinas (policiais e militares).
Ao mesmo tempo em que este uso não inteiramente controlado pela medicina (e muitas vezes ilegal) permanece largamente difundido, assistimos atualmente, no discurso e na prática médicas, a um ressurgimento da andropausa masculina (hoje chamada de hipogonadismo tardio) como deficiência a ser corrigida com a reposição de testosterona.
Em nossa pesquisa realizamos um levantamento da literatura médica em torno dos usos da testosterona em corpos masculinos objetivando perceber as contradições e controvérsias que cercam a caracterização e a delimitação de uma disfunção ou doença (o chamado “hipogonadismo tardio”) e de seu tratamento medicamentoso. No caso específico (contexto semelhante ao da reposição hormonal na menopausa feminina) boa parte das controvérsias giram em torno da dificuldade em delimitar o envelhecimento “normal” de uma disfunção hormonal. Trata-se, portanto, de discutir a medicalização não somente do corpo masculino, mas também de uma certa fase da vida.
Foram levantados artigos publicados entre 01/01/2006 e 31/12/2017 através do site PubMed. Os descritores utilizados na busca foram testosterone e male no título e no resumo. Foram adicionados os filtros: artigos de revisão, na língua inglesa e sobre humanos. Classificamos os artigos encontrados em grupos temáticos a partir do título e do resumo. Neste trabalho apresentaremos uma primeira análise dos achados em quatro dos grupos temáticos (Testosterona e Andrógenos como terapias hormonais; Hipogonadismo; Deficiência Androgênica; Envelhecimento). Foram lidos e classificados 148 resumos nesses quatro grupos. Em um segundo momento selecionamos para leitura os artigos mais representativos das diferentes posições no campo. Em nossa leitura focalizamos as controvérsias em torno do uso terapêutico da testosterona, da construção do diagnóstico de Hipogonadismo Tardio (Late Onset Hipogonadism), buscando capturar o modo como médicos e pesquisadores negociam e produzem diferentes concepções acerca dos “sinais e sintomas” indicativos da disfunção (ou simplesmente do envelhecimento) e da definição (e consequente mensuração) do nível normal da testosterona entre homens idosos. Nessa negociação, as chamadas doenças crônicas, em maior ou menor grau associadas ao envelhecimento, têm uma papel primordial, bem como a noção de “estilo de vida” em suas diferentes acepções. As categorias “interrelações” e “associação” são intensamente utilizadas e pretendemos discutir seu papel na resolução ou atenuação das controvérsias com que nos deparamos.

local do evento

Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

Campus Central

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