29/09/2019 - 15:00 - 16:30 CB-26A - GT 26 - Tecnologias, Programas e Serviços de Saúde |
30514 - SAÚDE COLETIVA COMO VETOR DE PRODUÇÃO DE TECNOLOGIA DURA : ENFRENTAMENTO À SUSTENTABILIDADE DO SUS. MÁRIO FABRÍCIO FLEURY ROSA - PPGCTS/FCE/UNB, SILVIA MÁRIA FERREIRA GUIMARÃES - PPGCTS/FCE/UNB, REBECA SOARES - SC/FS/UNB, CECILIA REIS - SC/FS/UNB
Introdução
Este trabalho buscou averiguar a participação da saúde coletiva no processo de desenvolvimento de equipamento médico e/ou tecnologia dura para o tratamento do pé diabético realizado pela parceria entre o Ministério da Saúde (MS) e a Universidade de Brasília (UnB) com vigência entre 2016 e 2018. Internacionalmente, as contribuições das pesquisas científicas vinculadas aos sistemas e serviços de saúde transpõem, cada vez mais, os muros das academias buscando desfecho direto na sociedade. O Ministério da Saúde brasileiro, visando agilizar o acesso por tecnologias pela população através do SUS, introduziu a agenda de prioridades de pesquisa (MS, 2018) que inclui o eixo do desenvolvimento de tecnologias e inovação em saúde. E, tradicionalmente as universidades nacionais oferecem importante contribuição para o setor nacional de desenvolvimento tecnológico de equipamentos médicos e/ou tecnologias duras. Nesse cenário, esse relato de pesquisa buscou demonstrar o envolvimento e o papel da saúde coletiva, apoiado em seus fazeres e práticas, no processo de desenvolvimento e construção do equipamento médico portátil para neoformação tecidual com aplicação para o tratamento e cura do denominado pé diabético. Tecnologia dura que visa contribuir para o processo de sustentabilidade do SUS uma vez que essa tecnologia poderá atender recorte epidemiológico importante que depende das tecnologias em saúde disponibilizadas no SUS.
Objetivo
Trata-se de um estudo de caso explanatório da produção, desenvolvimento e inovação no processo de
incorporação de tecnologias desenvolvidas no âmbito da universidade em parceria com MS com base na pesquisa interdisciplinar em ciência, tecnologia e inovação visando atender necessidade em saúde da sociedade no contexto do pé diabético. Pretendeu-se observar o papel da saúde coletiva na interface entre as dimensões tecno-científicas e sanitárias, que juntas, buscam uma saída para transformação do conhecimento em produtos capazes de atender a demanda do SUS.
Metodologia
Foi um estudo de caso apoiado no modelo de investigação qualitativa com processo metodológico misto, priorizando os métodos de observação participante, cujo unidade de análise – aspecto qualitativo/quantitativo – esteve vinculado à participação da saúde coletiva no desenvolvimento e produção da tecnologia dura. A investigação qualitativa foi conduzida por um único investigador, que, com base nesse arcabouço observacional e documental adquirido em campo, codificou as categorias de análise e procurou distinguir a descrição da informação obtida pela observação participante e a análise de conteúdo.
Resultados e discussão
Durante o período de análise, observou-se que no processo de desenvolvimento e produção da tecnologia dura para o tratamento e cura do pé diabético, os sanitaristas que compunham o grupo de pesquisa, demostravam conhecimento sobre processos de pesquisa interdisciplinar, políticas públicas em saúde e gerenciamento de sistemas de saúde. Esses conhecimentos foram importantes para que os pesquisadores e/ou profissionais de outras áreas científicas (engenharias e da própria saúde) pudessem aumentar a possibilidade da pesquisa de bancada transpor as dificuldades ou lacunas inerentes a esse tipo de desenvolvimento e dialogar com o mercado. A atuação dos sanitaristas começou a ser notada à medida que problemas de caráter não técnicos vinculados à tecnologia dura começaram a sobressair e necessitavam de novos olhares sobre esses problemas.
Conclusões
A saúde coletiva demonstrou contribuições importantes visando a redução de lacunas do processo de desenvolvimento e produção da tecnologia dura visando o tratamento e cura do pé diabético à medida que buscou equilibrar o pendulo entre a parte tecnológica representada pela funcionalidade do protótipo e os requisitos básicos para atender as solicitações dos órgãos reguladores como a Anvisa/Inmetro e Conitec. Estabelecer o diálogo entre a racionalidade tecnológica e a racionalidade sanitária em busca do diálogo com o processo de assimilação da tecnologia em saúde na cobertura do SUS, foi a maior contribuição da saúde coletiva nesse processo.
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