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30/09/2019 - 15:00 - 16:30
CB-26B - GT 26 - Biografia, Efeitos e Éticas de Tecnologias de Saúde: da Produção à Publicização

29173 - ALÉM DA SAÚDE BASEADA EM EVIDÊNCIAS: REFLEXIVIDADE PARA LIDAR COM AS INCERTEZAS NA INTERFACE CIÊNCIA-POLÍTICA
TATIANA PEREIRA DAS NEVES GAMARRA - AGÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE SUPLEMENTAR


A saúde baseada em evidências é caracterizada como a ligação entre estudos adequados e uma prática clínica apropriada. Desse modo, pode ser definida como saúde baseada na redução da incerteza. Essa redução da incerteza pode ser realizada através da melhoria e do rigor da metodologia – para minimização dos vieses – do aumento do tamanho da amostral em cada pesquisa ou da realização de metanálises, para redução dos efeitos do acaso. Assim, a saúde baseada em evidências consiste na busca da melhoria da qualidade da informação na qual são fundamentadas as decisões em cuidados de saúde, de maneira a auxiliar o profissional a evitar sobrecarga de informação e, simultaneamente, a obter e aplicar a informação mais útil (Bosi, 2011). Porém, nem todas as incertezas podem ser reduzidas por meio de maiores estudos, uma vez que há diferentes níveis de incertezas: estatística, de cenário e ignorância reconhecida (Thompson e Warmink, 2017). Nessa perspectiva, este estudo crítico de natureza teórico-conceitual busca discutir os diferentes tipos de incertezas presentes nas evidências científicas e apresentar estratégias reflexivas para lidar com elas na interface ciência-política. Estes diferentes tipos de incerteza não são independentes, mas formam um componente integrante da complexidade dos processos de tomada de decisão nos diferentes contextos institucionais. Também significa que as estratégias a serem selecionadas para lidar com elas dependem da capacidade de se reconhecer os diversos tipos de incertezas e do desenvolvimento de estratégias de intervenção apropriadas para gerenciá-las (Dewulf e BIesbroeck, 2018). Há diferentes metodologias reflexivas descritas na literatura relacionada ao tema para analisar/gerenciar as incertezas: NUSAP (numeral, unidade, qualidade, avaliação e pedigree), checklist de avaliação da qualidade do conhecimento, meta-reflexão, QAAT (ferramenta assistente para a garantia da qualidade), dentre outras. Algumas dessas metodologias contemplam aspectos qualitativos das incertezas, outras lidam com os elementos quantitativos das incertezas, considerando-se a complexidade das ações em saúde, optou-se por detalhar a meta-reflexão, já que é uma estratégia que pode ser usada em pesquisas quantitativas e qualitativas e foi delineada para análise de evidências no campo da saúde. De acordo com Forssén et al. (2011), considerando-se que todo conhecimento é situado, a meta-reflexão divide-se em três partes: elementos iniciais, intermediários e finais. Os elementos iniciais incluem perguntas como: Quem financia o estudo e por quê? Por que foi iniciado? Quem o delineou e como isso influencia o projeto? Que compreensões de saúde , doença e prevenção são subjacentes ao projeto? Até que ponto depende da tecnologia disponível? Quais escolhas e, portanto, valores, são inerentes às definições de uma doença e as avaliações de risco? Porque a pergunta de pesquisa foi feita agora? Os elementos intermediários relacionam-se a questões que os comitês de ética costumam desconsiderar como qual o contexto em que o estudo será realizado e quais dimensões e valores a metodologia contém. Os elementos finais consistem nos potenciais efeitos de um projeto , como as possíveis consequências, benefícios, custos, riscos e oportunidades para o indivíduo, para o sistema de saúde e para a sociedade. Também deve ser perguntado como o projeto pode influenciar a compreensão geral e médica da condição ou doença e como isso pode direcionar futuras abordagens em prevenção e tratamento Tal análise é importante uma vez que muitas vezes as evidências são apresentadas como fonte de certeza na tomada de decisão em saúde. Conforme Meland e Brodersen (2016), na meta-reflexão, deve haver disposição para analisar de que maneira as perspectivas e os pressupostos dos pesquisadores impactam na interpretação dos dados e quais lacunas seus métodos implicam. Estas reflexões devem também examinar as conseqüências intencionais e não intencionais dos resultados e das conclusões do estudo. Como destaca Frieden (2017) não existe uma abordagem única para o estudo de intervenções em saúde; decisões clínicas ou políticas de saúde são geralmente baseadas em dados imperfeitos, dessa forma, promover a transparência dos estudos e de seus métodos, garantindo a coleta padronizada de dados para os principais resultados e usando novas abordagens para melhorar a síntese de dados são passos críticos na interpretação dos resultados e na identificação dos dados para a ação. Deve ser reconhecido também que as conclusões podem ser modificadas ao longo do tempo e sempre haverá um argumento para mais pesquisas e melhores dados, contudo, a espera por mais dados é muitas vezes uma decisão implícita de não agir ou agir com base na prática passada ao invés de se utilizar as melhores evidências disponíveis, de modo reflexivo como foi discutido neste estudo, considerando suas incertezas inerentes e suas possíveis contribuições para subsidiar a tomada de decisão em saúde.

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