30/09/2019 - 15:00 - 16:30 CB-26B - GT 26 - Biografia, Efeitos e Éticas de Tecnologias de Saúde: da Produção à Publicização |
31516 - ESTUDO DE NARRATIVAS EM TEXTOS MIDIÁTICOS SOBRE O CONSUMO EPIDÊMICO DE OPIOIDES JOSE CARLOS BORGES TRINDADE - ENSP/FIOCRUZ, FATIMA SCARPARO CUNHA - UNIRIO
Estudo de narrativas em textos midiáticos sobre o consumo epidêmico de opióides
Jose Carlos Trindade, ENSP/Fiocruz e Fátima Scarparo Cunha, UNIRIO
Em maio de 2017, 12 membros do Congresso dos Estados Unidos da América escreveram à então diretora-geral da OMS, Margaret Chan, para alertá-la sobre uma epidemia internacional de drogas em expansão propagada pelo que eles chamaram de uma "imprudente", "gananciosa" e "perigosa" organização. O assunto da carta foi a fabricante de opióides norte-americana PurduePharma e sua contraparte global a Mundipharma Internacional. Os congressistas autores da carta representam regiões dos EUA que têm sido duramente atingidas pela epidemia nacional de overdose e vício de opiáceos,2 e sua advertência exige urgência de atenção em todo o mundo. Entre 2001 e 2015, mais de 530 mil americanos morreram de overdoses de drogas. Os opióides prescritos mais comumente envolvidos em overdoses foram metadona, hydrocodone, e oxicodona, uma versão de ação prolongada da qual, Oxycontin, é produzido pela Purdue Pharma e pela Mundipharma. Nosso intento neste resumo é informar brevemente aos leitores as observações feitas com foco analítico central nos discursos em pesquisa em curso na ENSP, a partir da análise linguístico-discursiva de produtos de linguagem escrita na forma do objeto textos de artigos de reportagem na mídia, que alertam sobre o consumo epidêmico de opiódes nos EUA, publicados no jornal inglês The Guardian. O número de artigos analisados foram quatro (A dor é politica –somos iguais, mesmo quando estamos sofrendo de Arwa Mahdawi; “Ele precisa tornar você descontável”: o documentário opióide feito para chocar a américa, de Amanda Holpuch; Quando se trata de crise de opióides, os democratas não são inocentes, de Ross Barkan e Dor crônica: como uma mudança em 1996 na política de opióides teve efeitos de longa duração, Edward Helmore). O documentário em cinco episódios que estreou no Showtime em 2018, ignora o cronograma didático de como os EUA chegaram a esta posição e, em vez disso, coloca a audiência em cenas sem retoques do sofrimento humano. Um estilo íntimo que o diretor Matthew Heineman usou no Terra Cartel indicado para o Oscar, e coloca um rosto para as pessoas afetadas pela crise. O documentário, analisa os principais desenvolvimentos políticos que que têm lugar durante as filmagens, que durou de julho de 2016 a novembro de 2017. A pesquisa social tem sido marcada por suas características, usos e possibilidades, por estudos que valorizam o emprego de métodos qualitativos, que perpassam as áreas Ciências Sociais, Administração, Clínica, Academia, etc. Nossa pesquisa fundamenta-se no aparato teórico da Linguística Sistêmico Funcional (LSF), sob influência de HALLIDAY (1976, 1979); HALLIDAY; HASAN (1989) percorrendo os seus caminhos, na Avalialiação da Linguagem (Apraisal in English) (Martin J. R. e With, P. R, 2005) e na exploração da interação na escrita através de Metadiscurso (Hyland, K, 2019). O metadiscurso é amplamente utilizado na análise do discurso atual. É uma abordagem relativamente nova que se refere às formas como os escritores se projetam em seus textos para interagir com os seus receptores. Trata-se de uma visão de escrever ou falar como um engajamento social (Hyland, 2005 e Hayland 2019). Nossa pesquisa pretende se integrar e subsidiar, colaborativamente com os estudos, eventualmente, já desenvolvidos no Brasil, ou em andamento sobre o consumo de opiódes analgésicos. Cientes de que como prescreveu Dowell, D. e seus colegas do CDC na lista de 12 recomendações que foram elaboradas para o uso de opióides: “de importância primária, a terapêutica não opióide é a preferida para a dor crônica. Só deve ser usada quando os benefícios para dor e função compensem os riscos. Antes de iniciar o uso de opióides, os médicos devem estabelecer metas de tratamento com os pacientes e considerar como os opióides serão interrompidos se os benefícios não superarem os riscos” (Santos, T. 2016).
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