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Grupos Temáticos

29/09/2019 - 13:30 - 15:00
EO-28C - GT 28 - Saúde, Currículo, Formação: Experiências, Vivências, Aprendizados e Resistência Sobre Raça, Etnia, Gênero e Seus (Des)Afetos: Formação

29984 - O CORREDOR CENOPOÉTICO DO CUIDADO: A INCLUSÃO DA MULTIDIMENSIONALIDADE HUMANA NAS FORMAÇÕES EM SAÚDE
MAYANA DE AZEVEDO DANTAS - ANEPS, MARIA ROCINEIDE FERREIRA DA SILVA - UECE, ANDRÉ RIBEIRO DE CASTRO JUNIOR - UECE, RAIMUNDO FÉLIX DE LIMA - ANEPS, ANTONIO EDVAN FLORÊNCIO - SMS FORTALEZA, VANDERLÉIA LAODETE PULGA - UFFS, VERA LÚCIA DE AZEVEDO DANTAS - SMS FORTALEZA, MIKAELLY DOS SANTOS LIMA - UECE, MARIA ALICE OLIVEIRA DA SILVA - UECE


INTRODUÇÃO: O corredor cenopoético do cuidado é uma prática forjada a partir da articulação de experiências de movimentos populares. Surgiu com as formações de massoterapia nas Comunidades Eclesiais de Base cearenses (1). Em contato com atores do Movimento Escambo Popular Livre de Rua, as práticas populares de cuidado fundiram-se com a cenopoesia. Como articulação de linguagens, capazes de transformar os/as praticantes e seus mundos por meio da força amorosa do encontro e de suas artes (2), a cenopoesia imprimiu, no corredor, o caráter de ritual provocativo sobre a condição humana, o gestar de seu corpo e seu estar no mundo (3). Posicionados em duas fileiras, os/as participantes são preparados/as individualmente por um grupo de cuidadores/as a partir de suas potências (4). Os/As que formam o corredor são orientados/as a cuidarem como gostariam de serem cuidados/as enquanto quem realiza a travessia, ao final, é acolhido/a pela última pessoa. As mãos acarinham o corpo do outro como quem prepara a terra para acolher a planta prestes a nascer do namoro entre arte e cuidado (5). OBJETIVOS: Evidenciar a articulação entre arte e cuidado na inclusão da multidimensionalidade nas formações em saúde, por meio do corredor cenopoético do cuidado. METODOLOGIA: Sob a abordagem qualitativa e ancorados no Estudo de Caso, este é um recorte de pesquisa de mestrado, submetida ao comitê de Ética em Pesquisa da instituição, tendo sido aprovada com o número 2.670.023. A coleta de dados se deu na formação dos educadores populares do curso de aperfeiçoamento de educação popular em saúde (EdPopSUS2) no período de 2017 a 2018 no Ceará. Como técnicas de coleta, adotamos a observação participante e entrevistas em profundidade com 23 educadores. Com referencial na análise temática, fomos auxiliados pelo programa Iramuteq. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Como resultado da interpretação dos dados, obtivemos como um dos temas as aprendizagens com o corpo todo na qual inclui-se este trabalho. O corredor, segundo as falas, possibilitou trazer, para o trabalho, o campo relacional, desarmando arestas, medos, angústias com afetividade. Esta foi ressaltada como linguagem. O toque, o acolhimento e a arte compuseram o caminho de uma experiência que se fez mística. “É uma troca espiritual energética. Um abraço, um beijo, um afago ou uma palavra misteriosamente se encaixam na necessidade que você tinha”. No corredor, fundem-se práticas tradicionais de cuidado e culturais, desde a massoterapia, as plantas medicinais, o Reiki, passando pela música, a poesia, o Toré. As pessoas se entregam ao cuidado sendo levadas a um profundo estado meditativo (4) numa dinâmica de responsabilização coletiva do cuidado. O cuidado põe-se, aqui, como um princípio ativo que reafirma a multidimensionalidade das práticas de saúde que constituem o ser biopsicossocial e espiritual que somos (6). As culturas populares são lugares de resistência à marginalização dos saberes advindos de lugares periféricos, inibindo a colonização por completo (6). “Cantaram uma música. Emocionada, associei a Oxum. Pensei em força, fortaleza, água”. O corredor despertou a simbologia de Oxum, o orixá das águas doces. A água traduz a transformação, tendo, em sua não-resistência, a capacidade de assumir infinitas formas, sem se cristalizar (7). O corredor além de incluir a dimensão ancestral do cuidado, coloca-o em seu princípio organizativo. Na retomada da prática ancestral do cuidado, presente em nossas culturas, pode estar configurando-se este mundo místico. “Mexeu com a intimidade de minha alma. Fui instigada a me olhar. Me deixou em sintonia comigo mesma e com as energias cósmicas que giravam a meu favor. Promoveu sentimentos, reflexões: quem sou eu? Como posso estar mudando? Me inovou”. A educação popular em saúde, proposta da escuta viva e audível ao mundo plural dos saberes e das práticas sociais, como a saúde (6), concretiza-se nesta vivência de sinergia entre os âmbitos político, corpóreo e espiritual. CONCLUSÃO: Num movimento permanente de cuidar e ser cuidado/a, a espiritualidade, âmbito usualmente negligenciado nos espaços de educação em saúde, toma corpo no corredor. Envolve dimensões para além do corpóreo, do aparente, da imagem, sendo menos manipuláveis pela racionalidade e perpassando energias e sutilezas que possibilitam o enlaçamento da diversidade que compõe o humano. O caráter provocativo ativou a dimensão política que, se unindo à corpórea, inclui a percepção de energias sutis como potências de vida, evidenciando a multidimensionalidade do humano.

local do evento

Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

Campus Central

A Universidade Federal da Paraíba é reconhecida pela sua excelência no ensino e em pesquisas tecnológicas e, atualmente, encontra-se entre as melhores Universidades da América Latina.

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