29/09/2019 - 13:30 - 15:00
EO-28C - GT 28 - Saúde, Currículo, Formação: Experiências, Vivências, Aprendizados e Resistência Sobre Raça, Etnia, Gênero e Seus (Des)Afetos: Formação |
30077 - A SAÚDE DA POPULAÇÃO NEGRA NO CURRÍCULO DE MEDICINA DE UMA INSTITUIÇÃO PÚBLICA EM ALAGOAS
MARIA CRISTINA DA CONCEIÇÃO - UFAL, JORGE LUÍS DE SOUZA RISCADO - UFAL, ROSANA QUINTELLA BRANDÃO VILELA - UFAL
Política de Saúde integral da População Negra do SUS - PNSIPN, ponta em suas diretrizes, dentre outras questões, a necessidade de inclusão da temática racial nos processos formativos em saúde, na perspectiva de permitir o desenvolvimento de ações que desconstruam estigmas e preconceitos, e fortaleça uma identidade negra positiva e contribuam para a redução das vulnerabilidades, bem como, estimular a abordagem e a reflexão crítica acerca das condições de saúde da população negra trazendo à tona o viés do racismo. Sendo, neste caso, fundamental averiguar a possível efetivação dessa política na prática, a partir da investigação da existência de temas relacionados à Saúde da População Negra em cursos de graduação dos profissionais da saúde, uma vez que os currículos e programas dos cursos de graduação, são dispositivos capazes de realizar a passagem do que está previsto nas legislações e diretrizes para os processos de formação nos cenários de ensino e aprendizagem através das práticas, saberes, valores, linguagens, técnicas artísticas, científicas, representações do mundo.
Objetivo
Verificar a presença da temática relacionada à Política Nacional de Saúde Integral da População Negra no Curso de Graduação em Medicina com vista na identificação das disciplinas que contemplam a Saúde da População Negra.
Metodologia
Trata-se de um estudo documental, de caráter exploratório, numa perspectiva qualitativa, com levantamento de dados realizados em 71 disciplinas obrigatória do curso de graduação em medicina de uma instituição pública em Alagoas, comparando as indicações relacionadas às diretrizes da Política Nacional de Saúde da População Negra, com os elementos que consideram a abordagem sobre o perfil epidemiológico, condições de vida, e realidade social da população negra. Os dados foram discutidos na perspectiva da análise de conteúdo, utilizando os referenciais da política de saúde integral da população negra, com o propósito de escoimar, em cada texto, o núcleo emergente que atendesse aspectos objetivos e subjetivos contidos nas disciplinas, buscando desvelar conteúdos que contemplasse à temática Saúde da População Negra.
Resultados
Nas abordagens dos conteúdos presente nas disciplinas foram encontradas citações pontuais sobre as nosologias consideradas prevalentes na população negra como doença falciforme, diabetes mellitus, glaucoma e hipertensão arterial, para os demais assuntos não foram identificados elementos que considerem de forma explícita o viés étnico-racial ligado à Saúde da População Negra nas ementas e nos planos de disciplinas obrigatórias da graduação.
Embora se preconize evidências científicas que, no Brasil as diferenças raciais em muito tem contribuído para manter a baixa qualidade da saúde da população negra, tornando as nosologias, oriundas das más condições de vida e as agravadas pela falta de acesso aos serviços de saúde, bem como as que se originam a partir das condições fisiológicas que por sofrerem interferências evoluem para doença, como sendo mais prevalentes junto à população negra, tais agravos, não são revelados dentro dos conteúdos com referência ao viés étnico-racial.
Considerações finais
A pesquisa revelou que há uma lacuna relacionada a possíveis abordagens da temática racial ligada à Saúde da População negra nas disciplinas da matriz curricular do curso pesquisado, demonstrando que, mesmo havendo legislação que proponham a inclusão do tema em questão, na formação dos profissionais da saúde, isso não garante sua efetividade nos currículos e mesmo que algumas referências pontuais de temas sobre doenças, consideradas científica e geneticamente, prevalentes na população negra tenham sido evidenciadas, não há de forma explícitas referências de discussões que considere o viés racial. Embora, na estrutura curricular foram identificados aspectos potencializadores que permitem integralizar essa temática em todos os eixos formativos de forma transversal.
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