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Grupos Temáticos

30/09/2019 - 13:30 - 15:00
EO-28F - GT 28 - Saúde, Currículo, Formação: Experiências, Vivências, Aprendizados e Resistência Sobre Raça, Etnia, Gênero e Seus (Des)Afetos: Formação e Qualificação

31297 - O ESTÁGIO COMO POTÊNCIA NA FORMAÇÃO PROFISSIONAL AMPLIADA PARA O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE: EXPERIÊNCIA COM O POVO INDÍGENA XUKURU DO ORORUBÁ – PE/BRASIL
LUCAS FERNANDO RODRIGUES DOS SANTOS - UPE, EMANUELLA PEREIRA CARVALHO - IAM/FIOCRUZ-PE, FABÍOLA DE MELO LINS - UFPE, ISLLANY KARINE SANTOS DA SILVA - UPE, THATIANA REGINA FÁVARO - UFAL, RAFAEL DA SILVEIRA MOREIRA - IAM/FIOCRUZ-PE, PAULETTE CAVALCANTI DE ALBUQUERQUE - UPE; IAM/FIOCRUZ-PE, HERIKA DE ARRUDA MAURICIO - UPE


CONTEXTUALIZAÇÃO: A Residência Multiprofissional Integrada em Saúde da Família (RMISF), ofertada pela Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de Pernambuco (UPE), é um Programa que forma profissionais em nível de pós-graduação, com treinamento em serviço sob supervisão, para atuar na Atenção Primária à Saúde sob a ótica do modelo de atenção à Saúde da Família. O Programa aposta na diversidade de experiências como propulsora de atitudes e comportamentos essenciais na construção das competências profissionais. Assim, estabelece em seu projeto pedagógico o desenvolvimento de estágios interiorizados e com populações específicas, como assentamentos rurais, populações indígenas e quilombolas. Nessa perspectiva, desenvolveu-se estágio com o povo indígena Xukuru do Ororubá, que habita um território de 27.550 hectares, na Serra do Orobubá, localizado a cerca de 200 quilômetros de Recife-PE. A terra, homologada no ano de 2001, integra o município de Pesqueira-PE, Brasil e divide-se em 3 regiões socioambientais (Serra, Ribeira e Agreste) e 24 aldeias. A população aldeada em 2018 era de 7.900 pessoas; DESCRIÇÃO: A partir do direcionamento para a realização de estágios interiorizados com populações incluídas nas políticas de Promoção da Equidade em Saúde proposto pelo Programa de RMISF, realizou-se uma vivência no Território Indígena Xukuru do Ororubá com objetivo de realizar um estudo epidemiológico acerca das condições de saúde bucal de jovens adultos da etnia. A partir da coleta de dados em nível domiciliar, foi possível construir percepções e reflexões sobre os aspectos contextuais e individuais, desde elementos políticos/sociais, condições e necessidades em saúde, até a situação da atenção à saúde bucal no Território; PERÍODO DE REALIZAÇÃO: A vivência ocorreu no período de novembro a dezembro de 2018; OBJETIVO: Identificar as formas utilizadas de fazer saúde, considerando as características próprias do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena, o afastamento dos grandes centros e as especificidades socioculturais nas condições de saúde do Povo Xukuru do Ororubá; RESULTADOS: A experiência resultou na oportunidade de reflexão crítica sobre as condições de vida e saúde dos povos indígenas brasileiros, em especial do povo Xukuru do Ororubá. Aglutinando percepções e escutas em múltiplos aspectos, sobre os elementos do território, percebeu-se o impacto da seca e escassez de água, desde sobre os modos de sobrevivência até as condições alimentares e de higiene corporal e bucal. Em relação às condições de habitação, verificou-se que a disponibilidade de banheiros dentro do domicílio ainda não é uma realidade para muitos, apontando para a importância da vigilância de doenças relacionadas às condições sanitárias. A dificuldade de deslocamento nas – e para fora das – aldeias também é um importante fator a ser considerado, tanto na atenção à saúde ofertada pelo Subsistema de Atenção à Saúde Indígena, quanto nos serviços de referência. As ações desenvolvidas pelos profissionais de saúde atuantes no Território Indígena de valorização da medicina tradicional local denotam recursos humanos preparados para atuação em contextos interculturais; APRENDIZADOS: A vivência contribuiu de maneira significativa para a aquisição de conhecimento e olhar sociopolítico para a questão indígena. A partir das necessidades de vida e saúde do Povo Xukuru do Ororubá, do lugar que os povos indígenas ocupam na sociedade, do histórico de lutas, das questões políticas relacionada à demarcação de terras, mudanças e desmontes de políticas de assistência, proteção e de garantias, percebe-se o impacto do histórico processo de violência na saúde. Paralelamente, também foi possível verificar a enorme capacidade de organização política do grupo nas últimas três décadas, de modo a garantir seu território, organizar formas de sobrevivência, reunir as aldeias e lideranças, atuar na formação de jovens e reconquistar sua própria identidade; ANÁLISE CRÍTICA: Vivências como essa apontam para a potencialidade da proposta de estágio nos Programas de Residência em Saúde, ao oportunizar observações e escutas direta dos sujeitos, avivando a percepção dos profissionais de saúde em formação para o efeito da carência de garantias de direitos de grupos em situação de vulnerabilidade. No presente contexto, trazer à tona algumas das diversas problemáticas enfrentadas pelo povo Xukuru do Ororubá após vivência prática, poderá contribuir para dar visibilidade à resistência dos povos indígenas do Brasil e assim instigar o comprometimento pessoal/profissional e a busca coletiva por melhorias nas condições de saúde desse grupo étnico.

local do evento

Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

Campus Central

A Universidade Federal da Paraíba é reconhecida pela sua excelência no ensino e em pesquisas tecnológicas e, atualmente, encontra-se entre as melhores Universidades da América Latina.

Campus I - Lot. Cidade Universitaria, João Pessoa - PB, 58051-900