28/09/2019 - 13:30 - 15:00 EO-15G - GT 15 - Saúde LGBT |
30182 - PESSOAS TRANS NO SUS: UMA PORTA (ENTRE) ABERTA? ANA CAROLINA LIMA DOS SANTOS - PUC RIO, NILZA ROGÉRIA DE ANDRADE NUNES - PUC RIO
INTRODUÇÃO
A atenção em saúde para a população LGBTQI no Sistema Único de Saúde é um tema atual e vem sendo debatida nos últimos anos a partir da conquista e ampliação dos direitos para esse segmento. No entanto, a ausência do debate de saúde e diversidade sexual nos currículos acadêmicos das profissões da área da saúde, além da escassez de dados científicos sobre a saúde de travestis e transexuais, denotam que as reflexões em âmbito acadêmico se apresentam muito incipientes. A convivência com travestis e transexuais indica como é perceptível a vulnerabilidade vivida por essas pessoas diante da ausência de programas de saúde que atendam suas necessidades específicas. É necessário, portanto, ressignificar a formação e prática profissional aprendida pelos profissionais de saúde, que por vezes, traduzem-se em práticas conflituosas e discriminatórias, indo na contramão do que prevê as políticas e programas específicos para essa população.
OBJETIVO
O presente estudo tem por objetivo analisar a relação dos profissionais em formação nas residências multiprofissionais em saúde no que tange ao atendimento de pessoas trans em um hospital de Atenção Básica no Rio de Janeiro.
METODOLOGIA
Trata-se de um estudo qualitativo, realizada por meios que possam responder a pergunta/problema levantada/o. O trabalho integra um projeto de pesquisa maior, sobre o acesso de pessoas trans no SUS em um hospital universitário do município do Rio de Janeiro a partir da percepção dos profissionais de saúde. O estudo utiliza-se dos instrumentos de grupo focal e entrevistas semiestruturadas para a construção de narrativas dos profissionais. Foram incluídos apenas os profissionais de saúde em formação nas residências multiprofissionais (assistentes sociais, psicólogas, enfermeiras, dentistas e nutricionistas) na Atenção Básica do município do Rio de Janeiro.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
A trajetória de pessoa trans que buscam acolhimento de suas demandas em saúde no SUS, é marcada por uma série de dificuldades como discriminação, preconceito e violências. As limitações começam antes mesmo de chegar ao profissional de saúde, desde a entrada na unidade até dentro dos consultórios especializados.
Os episódios de atitudes discriminatórias contra as sexualidades consideradas desviantes da norma são recorrentes nos ambientes de saúde. Ficam explícitos a intolerância e o desrespeito à diversidade que as próprias instituições promovem. As dificuldades de lidar com as questões relativas ao gênero e à sexualidade, especialmente à sexualidade feminina, faz com que os profissionais de saúde reduzam o impacto de suas ações. A maneira como os profissionais entendem e constroem as noções de gênero e sexualidade, torna-se uma das principais barreiras de acesso das pessoas trans aos serviços.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A reflexão sobre o debate parece ganhar relevância, à medida em que também convém convidar os profissionais para o pensar a questão, sobretudo o assistente social inserido nas equipes de saúde. Além disso, problematizar junto dos profissionais de saúde de que forma essa percepção condiciona e/ou determina suas práticas e reflete na qualidade da assistência às pessoas trans. Evidenciar o tema da transexualidade a partir do olhar dos profissionais é fundamental para a construção de uma formação e educação permanente em saúde de qualidade e que contribua para a criação de espaços de diálogos entre os profissionais de saúde e a população atendida.
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