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Grupos Temáticos

29/09/2019 - 13:30 - 15:00
EO-15C - GT 15 - Saúde e Narrativas de Si

30224 - COMO O PROCESSO DE HORMONIZAÇÃO CONTRIBUI PARA A AFIRMAÇÃO DA IDENTIDADE TRANSMASCULINA NO ACESSO AOS DIREITOS?
BRUNA LINS DE ARAUJO RAMOS - ASSISTENTE SOCIAL - RESIDENTE EM SAÚDE COLETIVA -FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ - FIOCRUZ PERNAMBUCO INSTITUTO AGGEU MAGALHÃES, KELLYANE DE SANTANA RICARDO - ASSISTENTE SOCIAL MESTRANDA EM SERVIÇO SOCIAL - PPGSS - UFPE, AMANDA BONNER PEIXOTO - ASSISTENTE SOCIAL - UFPE


1. Contextualização
O presente trabalho surgiu da experiência de estágio obrigatório em Serviço Social entre os anos de 2016 e 2018 no Espaço de cuidado e acolhimento para pessoas transexuais, travestis e intersex (Espaço Trans/HC/EBSERH). O referido serviço faz parte da rede credenciada na oferta do Processo Transexualizador do SUS. A vivência dentro do serviço permitiu a aproximação com a realidade operacional da hormonioterapia, como também com as implicações e benefícios/impactos na vivência das pessoas transexuais; sendo perceptível a centralidade desses procedimentos na vida desses/as usuários/as. O foco dessa discussão está centrado na hormonioterapia masculina e suas dificuldades de acesso, levando em consideração as limitações postas pela oferta escassa de procedimentos e de medicações, mas também da necessidade desta oferta como garantia do direito à saúde dessas pessoas.
2. Objetivo
Discutir sobre o processo de hormonização transmasculina para a afirmação da identidade trans e acesso ao direito à saúde;
3. Metodologia e Período de Realização
O respectivo trabalho tem como base de reflexão a experiência de um ano de estágio no Espaço Trans/HC/EBSERH) importante afirmar que o período é entre 2016 e 2018, pois as três autoras estagiaram em períodos diferentes. Através de Minayo (2001), que compreende a pesquisa qualitativa como “o mundo dos significados das ações e relações humanas, um lado não perceptível e não captável em equações, médias e estatísticas”, é que entendemos a necessidade de discutir a temática da hormonização como importante mecanismo de afirmação da identidade trans. Utilizamos a pesquisa bibliográfica; análise de diário de campo, ele possui registros sobre as rodas de conversa (três no total) e as contribuições dos/as usuários/as; além do relatório de estágio. Todos os registros referem-se à vivência de estágio.
4. Resultados e Aprendizados
Cabe problematizar que as corporalidades não são unívocas, porém, socialmente nas bases do senso comum são entendidas como marcadores efetivos da identidade de gênero. Espera-se que as pessoas trans apresentem-se à sociedade de forma mais aproximada possível com o que se espera de ser mulher ou homem no constructo do imaginário social. Com isto, hormonizar-se para aproximar-se corporalmente de sua identidade de gênero torna-se pauta central na vida das pessoas transexuais. De acordo com Souza e Jorge (2018), a hormonização é parte do percurso fundamental para a saúde e o bem-estar dos homens trans já que garante ganhos sociais diversos.
Inicialmente, os/as usuários/as chegam ao serviço do Espaço Trans para o acompanhamento médico da hormonização, já que muitos/as por não ter tido o acesso adequado à saúde, se automedicam em larga escala para as mudanças corporais. Vale ressaltar que a testosterona, diferentemente da progesterona, tem maior efeito nos corpos em um período mais curto. Segundo a Cartilha de Saúde do Homem Trans e Pessoas Transmasculinas (2018), observa-se com o decorrer do uso da testosterona o crescimento e engrossamento dos pelos faciais e corporais, aumento da massa muscular e da força, engrossamento da voz, entre outros. Mudanças essas que facilitam o processo de performance de gênero masculina (ou a chamada passabilidade). Os homens trans têm como principal demanda clínica a adenomastectomia (procedimento cirúrgico que consiste na ressecção das mamas). Muitas das vezes, o “tratar bem” se dá pelo desconhecimento da identidade de gênero trans, pois quando a sociedade “descobre” que algum homem é trans o cenário muda.
5. Considerações Críticas
Assim, é preciso que a hormonização se torne uma estratégia segura, capaz de produzir cuidados e melhorias na qualidade de vida das pessoas trans, já que ela é, também, estratégia de garantia no acesso ao mercado de trabalho. Mas não deve ser um fim em si mesmo, é preciso que haja a conscientização acerca da educação sexual em suas diferentes performances, entendendo a necessidade da ampliação da rede para a assistência integral à saúde de transexuais. Percebe-se uma dificuldade em encontrar trabalhos teóricos que enfatizem particularmente o processo de hormonioterapia para a população trans masculina.

Referências
BRASIL. Cartilha Saúde do homem trans e pessoas trans masculinas. Rede Nacional de Pessoas Trans - Brasil. 2018. Disponível em: http://redetransbrasil.org.br/wp-content/uploads/2018/03/Cartilha-Homens-Trans.pdf. Acessado em: 22 maio 2019.
MINAYO, Maria Cecília de S. O Desafio do Conhecimento. Pesquisa qualitativa em saúde. 2ª ed. SP: HUCITEC/ RJ: ABRASCO, 1993.
MINAYO, Maria Cecília de Souza (org.). Pesquisa Social. Teoria, método e criatividade. 18 ed. Petrópolis: Vozes, 2001.
SOUSA, Diogo; IRIART, Jorge. "Viver dignamente": necessidades e demandas de saúde de homens trans em salvador, bahia, brasil . Cad. saúde pública [online]. 2018, vol.34, n.10, e00036318. Epub 11-Out-2018. ISSN 0102-311X.

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