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Grupos Temáticos

29/09/2019 - 13:30 - 15:00
EO-15C - GT 15 - Saúde e Narrativas de Si

30764 - BIXA PRETA: UMA ANÁLISE A PARTIR DA PERSPECTIVA INTERSECCIONAL
GUSTAVO HENRIQUE DA SILVA - INSTITUTO DE MEDICINA SOCIAL / UERJ, SÉRGIO LUIS CARRARA - INSTITUTO DE MEDICINA SOCIAL / UERJ, STALLONE PEREIRA ABRANTES - UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE


INTRODUÇÃO
Com uma crescente conquista de espaço seja no campo das artes ou das produções acadêmicas nas temáticas sobre gênero, raça e sexualidade, a figura da bixa preta será o tema da discussão deste trabalho. A proposta é pensar o lugar do homem homossexual negro a partir das produções acadêmicas e principalmente dos processos históricos de constituição deste corpo contra hegemônico, colocando em discussão os atravessamentos teóricos que se compõem, bem como as ressignificações e produções de vida que se apresentam. Serão levados em consideração tanto os processos macropolíticos quanto os processos autogestionados micropolíticos, considerando também aspectos de promoção e produção de cuidado.
OBJETIVOS
Este trabalho busca estabelecer uma discussão em que eixos temáticos como raça, gênero, sexualidades e classe social se interseccionam para falar deste lugar da bixa preta. Será realizada também a constituição histórica desses sujeitos enquanto movimento. Por fim, se buscará uma análise destes aspectos no campo das políticas públicas.
METODOLOGIA
Para a construção deste trabalho foi realizado um levantamento bibliográfico para fundamentar as perspectivas analíticas e conceitos trabalhados. Também foi realizada uma análise de documentos para compreender a formação da movimentação política organizada para efeitos de representatividade desses sujeitos e a análise de políticas pertinentes.
DISCUSSÃO
Decido iniciar a discussão a partir da relação que se procura estabelecer entre as categorias sexo, gênero e de que maneira se relacionam com o desejo. Na tentativa de uma resposta, prefiro apostar não em colocações dicotômicas, mas sim de uma possibilidade transversal da discussão, na ideia de romper com os processos de opressão que se instalam na reificação dessas categorias identitárias dadas a priori e mantenedoras de uma subjugação de poder sobre os outros. Nesse sentido, uma possibilidade de rompimento dessa lógica seriam os próprios processos de reinvenção dos corpos, do gênero. Isso se torna possível ao entender o gênero bem como as expressões da sexualidade como uma categoria discursiva, podendo estar em reformulação continuamente.
O ponto de partida para pensar o lugar que a bixa preta se encontra nesse campo discursivo, foi a aposta de na discussão desse “corpo ininteligível”, que escapa das padronizações branco-heteronormativas, rompendo com os pressupostos relacionais diretivos entre sexo, gênero e desejo.
Pensando na escolha deste sujeito da pesquisa, busquei instrumentos para pensar a que fatores estar atento nesses primeiros passos pela perspectiva analítica interseccional. Para estar atento às diferenças que fazem a diferença, em outras palavras, que fatores que são marcadores de individualidades ou de coletivos que precisamos estar atentos em uma leitura não essencialista no sentido de escapar da produção de uma hegemonia em que as intersecções sejam negligenciadas.
Podemos pensar a constituição desse sujeito bixa preta no âmbito individual bem como no nível macropolítico. Através de documentos podemos constatar a existência do grupo Adé-Dudu, registrado como o primeiro grupo organizado de homossexuais negros, reivindicando assim um espaço de combate tanto às opressões homofóbicas quanto às racistas. Trazendo a análise para o cotidiano podemos perceber diversos outros coletivos de bixas pretas com este mesmo objetivo e que avançam nesse processo de criação de espaços de produção e promoção de cuidado.
Repensando sobre estas estruturas colocadas me questiono que lugar ocupa o negro (que já não corresponde à estrutura branca) e homossexual (que não se encaixa na matriz heterossexual) nessa relação. Destaco outra pontuação extremamente importante para o caminho deste trabalho que diz sobre a nomenclatura a que venho utilizando, bixa preta, evitando uma afirmação na delimitação de homem (cis ou trans) homossexual negro. Utilizar esta última definição soa como dizer de um indivíduo inscrito em um manual médico, produto de uma política higienista de purificação da raça, do gênero e da sexualidade.Falar da bixa preta, diz sobre a criação de um registro com efeito político próprio, buscando um racha no sistema sexo-gênero.
Para efeitos de políticas públicas, cabe mencionar que o único documento em nível de diretriz nacional que estabelece diretamente esta ligação entre as questões de raça, gênero e sexualidade é o do Programa Brasil Sem Homofobia.
CONCLUSÕES
Em uma sociedade como a brasileira, fundamentada em estruturas heteronormativas, brancas e ocidentais, a figura da bixa preta precisa se afirmar enquanto um corpo de resistência, um sujeito político, frente um sistema em vigor. A partir deste trabalho torna-se possível um mapeamento inicial das rupturas que se apresentam a partir da existência desses sujeitos. É possível observar as articulações de fortalecimento enquanto coletivo bem como os avanços ainda necessários para uma efetivação contínua das construções no campo do cuidado.

local do evento

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