Clique para visualizar os Anais!



Certificados disponíveis. Clique para acessar a área de impressão!

Associe-se aqui!

Grupos Temáticos

30/09/2019 - 13:30 - 15:00
EO-15F - GT 15 - Violência, Preconceito e Discriminação

31106 - PRÁTICAS DE (SOBRE)VIVÊNCIA DAS TRAVESTIS PROFISSIONAIS DO SEXO NAS NOITES DE OLINDA E RECIFE: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
ALEF DIOGO DA SILVA SANTANA - UFPE, EDNALDO CAVALCANTE DE ARAÚJO - UFPE, PAULA DANIELLA DE ABREU - USP


CONTEXTUALIZAÇÃO
A norma entre desejo sexual, gênero e sexo é uma forte característica da sociedade contemporânea que estrutura a ordem heterossexual em comportamentos e corpos, denominando que corpos que não respondam aos padrões vigentes são considerados desviantes, abjetos. Compreende-se, nesse contexto, a travesti que possui uma “ambuiguidade ou duplicidade sexual na própria afirmação identitária” e sua construção social dar-se a partir de processo alicerçado em performances e tecnologias femininas, caracterizando, além disso, um aspecto de resistência ao modelo binário.1
Discute-se que o controle das identidades trans são permeadas por processos de condenação moral e repreensão e encontram-se presentes em todos os níveis sociais. Estudos demonstram que devido a não aceitação por parte da família à identidade de gênero, muitas travestis sobrevivem em condições precárias de vida, sendo excluídas das áreas de ensino, saúde e trabalho, resultando em poucas alternativas de renda e entre essas encontra-se o trabalho sexual.2
Tem-se o trabalho sexual como uma vivência que esconde a realidade do contexto dessas profissionais e possibilita a vivência dos riscos diários, da violência e à exposição a infecções sexualmente transmissíveis (IST). Evidencia-se, portanto, que a vulnerabilidade das travestis profissionais do sexo fundamenta-se na exclusão social, preconceito e estigma, sendo possível observar altos índices de violência física, psicológica, sexual e hostilidade pública que sofrem no ambiente de trabalho3.
OBJETIVO
Relatar a experiência de um discente de pós-graduação em Enfermagem, nível mestrado, na coleta de dados com travestis profissionais do sexo nas noites de Olinda e Recife.
DESCRIÇÃO E PERÍODO DE REALIZAÇÃO
Trata-se de um estudo descritivo, do tipo relato de experiência, vivenciado por um pós-graduando em Enfermagem, nível mestrado, entre os meses de fevereiro a abril de 2019. Realizou-se o acompanhamento 2 vezes por semana, no horário noturno das 21h às 01:00. Previamente analisou-se os dias da semana que possuíam mais travestis profissionais do sexo nos pontos mais movimentados das cidades. Realizou-se a verificação por 1 semana dos principais locais e horários de movimentação. Optou-se por escolher as sextas-feiras e os sábados. Os pontos de coleta deram-se a partir de indicação de moradores e ambulantes das respectivas cidades. Iniciou-se a abordagem a partir de um ponto específico da cidade de Olinda, conhecida como Praça do Carmo e as sucessivas abordagem deram-se pela técnica em cadeia bola de neve. Este resumo é parte de um trabalho de dissertação aprovado pelo Comitê de ética em pesquisa da Universidade Federal de Pernambuco, sob número: 04933318.9.0000.5208.
RESULTADOS
Observou-se que as travestis profissionais do sexo estão expostas à violência física, verbal, e sexual tanto de agressores quanto dos próprios clientes enquanto realizam o trabalho. Evidenciou-se que os lugares de realização dos programas são muitas vezes vazios, que expõem o perigo e a marginalização dessas profissionais. Por muitas vezes observou-se o uso de substâncias alcoólicas enquanto realizavam os acordos da atividade laboral. Observou-se redes de apoio entre as profissionais em diversos pontos de prostituição, criando uma barreira de proteção entre “as suas” e também como forma de descontração enquanto aguardavam os clientes. Por muitas vezes essas profissionais expõem a sua saúde em práticas sexuais para conseguir a renda de sustento, como o sexo desprotegido por serem melhores remuneradas, práticas de sexuais grupais, uso de substâncias ilícitas e práticas sexuais exóticas. Evidenciou-se também a marginalização e presença de jovens travestis e dialetos próprios como forma de socialização entre o grupo.
APRENDIZADOS E ANÁLISE CRÍTICA
A experiência vivenciada pelo discente mostrou a necessidade de articulação de políticas públicas para essas profissionais, seja com base na política de saúde integral a pessoas Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais e Travestis (LGBT) no tocante à promoção e prevenção à saúde, mas também no enfrentamento das vulnerabilidades no contexto do trabalho sexual. A vulnerabilidade que permeia essas profissionais advém de práticas transfóbicas nos diversos espaços sociais e na sociedade, na exclusão enquanto pessoas que possuem suas demandas e especificidades que precisam ser supridas e enquanto corpos que resistem ao modelo binário vigente. A Enfermagem enquanto ciência que se articula com as diversas especificidades da população dos diversos gêneros e orientação sexual, destaca-se na identificação desses contextos vulneráveis e possibilita a atuação como agente facilitador nas práticas de saúde.

local do evento

Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

Campus Central

A Universidade Federal da Paraíba é reconhecida pela sua excelência no ensino e em pesquisas tecnológicas e, atualmente, encontra-se entre as melhores Universidades da América Latina.

Campus I - Lot. Cidade Universitaria, João Pessoa - PB, 58051-900