28/09/2019 - 15:00 - 16:30
CB-15A - GT 15 - Saúde LGBT |
29791 - HORMONOTERAPIA NA ATENÇÃO BÁSICA: RELATO DE EXPERIÊNCIA NA POLÍTICA DE ATENÇÃO À SAÚDE INTEGRAL LGBT DE PERNAMBUCO
AGUYDA NAIARA DE LIMA PEREIRA BENTO - FIOCRUZ PERNAMBUCO, LUIZ VALÉRIO SOARES DA CUNHA JÚNIOR - SECRETARIA ESTADUAL DE SAÚDE DE PERNAMBUCO, MANUELA DE SOUZA CALADO - FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE PERNAMBUCO, GIULIA FULGINO GUSMÃO DE MELO - FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE PERNAMBUCO, RODRIGO DE OLIVEIRA - SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE DO RECIFE, AIRLES RIBEIRO FRAGOSO - SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE DO RECIFE
HORMONOTERAPIA NA ATENÇÃO BÁSICA: RELATO DE EXPERIÊNCIA NA POLÍTICA DE ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE LGBT DE PERNAMBUCO
Aguyda Naiara de Lima Pereira Bento- Residente em saúde Coletiva FioCruz PE;
Luiz Valério Soares da Cunha Júnior- Coordenador Política Estadual de Saúde Integral SES PE;
Manuela de Souza Calado- Graduanda em Odontologia UPE;
Giulia Fugino Gusmão- Graduanda em Odontologia UPE;
Jadianne Ferreira da Silva- Residente em saúde Coletiva FioCruz PE
Airles Ribeiro Fragoso- Coordenador municipal Política de atenção à Saúde LGBT
Rodrigo de Oliveira- Médico do ambulatório Patrícia Gomes
Contextualização: A Política Estadual de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais, foi instituída pela portaria de nº 60 em 2015, tornando Pernambuco o primeiro estado a ter uma política instituída, e infelizmente, ainda, o único até 2019. É uma política Bottom-Up, pois reconhece a importância fundamental da sociedade cívil, na possibilidade de poder encontrar soluções que lhe aflige, isso por meio do controle social, onde em 2012 foi montado um Comitê Técnico Estadual de Saúde Integral da População LGBT de Pernambuco. Recife , capital do estado, também tem a política municipal saúde LGBT, e é por meio de um dispositivo na rede de saúde de Recife, que se enreda essa experiência.
Descrição: Residente de Saúde Coletiva da FIOCRUZ, em estágio na coordenação da Política Estadual de Saúde Integral LGBT desde março ao presente momento. Nessa política aprende-se que educação em saúde é fundamental e não se chega a objetivo algum sem antes preconizar esse aspecto. Então a Política Estadual está a todo momento muito junto aos municípios, dentre os quais se destaca o de Recife, que detém o ambulatório Patrícia Gomes que fica na Policlínica Lessa de Andrade, que já era uma unidade existente antes da implementação da política municipal. Lá o médico de saúde da família e comunidade, realiza a hormonização da população trans que frequenta o ambulatório.
Período de realização: De março até o presente momento, ainda em processo, previsto até dezembro do atual ano.
Objetivo: O trabalho propõe que a experiência do município de Recife e do Estado de Pernambuco sejam disseminadas como fonte de inspiração para aspirarmos juntos grandes avanços na atenção à saúde desta população que hoje se encontra em estado de vulnerabilidade, principalmente diante do retrocessos e regresso do fortalecimento do fundamentalismo religioso.
Resultados: O resultado tem sido bastante positivo, desburocratizando o processo de transição da expressão de gênero das pessoas trans, o que tem impactos severos na qualidade de vida destes.
Aprendizados: São inúmeros aprendizados, mas um que inquestionavelmente marca bastante é a possibilidade da desburocratização dos processos de cuidado,com a forma com que se olha para o outro, a sensibilidade do profissional da ponta e gestão, a forma como caminham juntos e a reafirmação da importância da atenção básica no cuidado com essa população.
Análise crítica: Há necessidade de desconstrução da ideia de identidade de gênero enquanto um ser por trás do fazer, ou ser um gênero em função de um sexo biológico, como possível confinação do primeiro ao segundo, fortalecendo a ideia do sexo enquanto algo imutável, que acentua a patologização das identidades trans nos serviços de saúde a partir do que vem sendo vivenciado nesse período de estágio. A desconstrução do pensamento cartesiano sobre identidade de gênero e sexo mostra-se ser um processo lento, porém um processo que existe e está acontecendo. A filosofa Judith Buttler diz que a existência de corpos pressupõem uma generificação, ou seja todo corpo está fadado a um molde pré- fabricado, por meio de uma estilização repetida do corpo imersas junto à um conjunto de atos repetidos dentro de uma estrutura altamente coerciva e normativa. A política de atenção à saúde LGBT tem como dever romper com essas amarras de preconceitos para promover os preceitos de equidade e integralidade do SUS. É também importante que pessoas consigam respeitar a pluralidade e possibilidades de se experienciar sexo, desejo e gênero.
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