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Grupos Temáticos

30/09/2019 - 15:00 - 16:30
CB-15B - GT 15 - Violência, Preconceito e Discriminação

30664 - TRAVESTILIDADE: ENCRUZILHADAS ÉTNICAS E DE GÊNERO
MANOELLA ALVES CARNEIRO CHAGAS - UFBA, ANA VITÓRIA ALVES ANTUNES - UFBA, HIVISON NOGUEIRA DA SILVA - UFBA, JOSÉ LÂNIO SOUZA SANTOS - UFBA, KLEBER SOARES ROCHA - UFBA, KUEYLA DE ANDRADE BITENCOURT - UFBA, NOÊMIA FERNANDA SANTOS FERNANDES - UFBA, EDUARDA FERREIRA DOS ANJOS - UFBA, ADRIANO MAIA DOS SANTOS - UFBA


Contextualização: Trata-se de um relato de experiência sobre uma vivência no projeto “Enfrentamento da vulnerabilidade social de jovens em razão da orientação sexual e identidade de gênero: cidadania e direitos humanos”, apoiado pelo edital 15/2016, dentro do Programa Sankofa, da Universidade Federal da Bahia (UFBA). O projeto de extensão, iniciado em junho de 2017, tem o objetivo de debater questões atuais sobre o enfrentamento à violência contra a mulher, ao sexismo e à LGBTTIfobia, viabilizando/criando espaços para a realização de tais discussões. Assim, elabou-se uma atividade sobre travestilidade. Descrição: Desenvolveu-se uma mesa redonda, intitulada “Travestilidade: Encruzilhadas étnicas e gênero” no Campus Anísio Teixeira da UFBA, cujo público eleito foi a comunidade acadêmica em Vitória da Conquista - BA. Convidou-se dois sujeitos para a atividade: um mediador que trabalha com o tema e uma pessoa que se reconhece como travesti. O primeiro é mestre em Relações Étnicas e Contemporaneidades e já atuou como Coordenador de Políticas LGBT do estado da Bahia. A segunda, se reconhece como travesti, “trabalha na pista” desde a adolescência, possui hoje 39 anos e foi a protagonista da tese de mestrado do mediador convidado. Ela, por sua vez, convidou duas travestis e uma mulher trans para compor a mesa. Devido há alguns imprevistos, convidou-se outra mediadora, docente da UFBA, psicóloga e mestre em Educação. Coordenadora do projeto de Extensão "Produção de subjetividade, Sexualidade e Gênero" e do projeto de pesquisa "Psicologia e população LGBT - uma proposta de educação em saúde para a garantia de direitos". As convidadas chegaram com uma hora de atraso, mas nada que comprometesse a fluidez da atividade. A proposta era a realização de um evento mais intimista para deixar todxs mais à vontade, principalmente as convidadas. Como acordado inicialmente, cada um que estava presente se apresentou falando o nome, o que fazia/onde estudava e sua orientação sexual/identidade de gênero. No decorrer da mesa, a mediadora lançava algumas questões e assim ocorria o diálogo. As convidadas tiveram cerca de 20 minutos de fala e o debate foi deixado para o final. Uma das travestis a princípio lançou um questionamento interessante sobre a contribuição da universidade para melhorar a vida da população trans, além dessas participações em pesquisas. Alguns colocaram que a contribuição viria a longo prazo com profissionais mais humanizados, capaz de acolher as demandas dessa população especificamente e que esses espaços e o trabalho em sala de aula seria o meio para alcançar tal objetivo, além do processo de educação permanente com os profissionais já formados. Depois do questionamento inicial, cada uma falou um pouco sobre o processo de descoberta e transformação corporal; falaram também sobre as dificuldades do acesso aos serviços de saúde público, aos olhares discriminatórios, ao desrespeito do nome social, a falta de conhecimento dos profissionais de saúde em relação aos seus corpos em situações comuns e específicas, mas muito frequente entre essa população (por ex., utilização do silicone industrial, efeitos colaterais etc.). Relaram ainda sobre a criminalização das “bombadeiras” e as consequências da interferência da vigilância sanitária na produção do silicone industrial. Período de realização: 10 de maio de 2019, o debate durou cerca de 3 horas e contou com a participação de 17 pessoas. Objetivo: compreender e debater questões ligadas às vivências trans, descobertas, mudanças corporais, inclusão e acessibilidade, principalmente nos serviços de saúde públicos/privados. Resultados: Cada uma das travestis/mulher trans tinha um perfil muito diferente (baixa escolaridade, docente, acadêmica e outra com vivências no exterior), mas dentro das suas diferenças, tinham pontos em comuns, como o não acesso ao serviço de saúde, a marginalização social e a discriminação por sua identidade de gênero. Esse foi o começo de uma possível aproximação com essa comunidade. Os indivíduos presentes puderam aprender um pouco sobre suas demandas e pautas. Aprendizados: Dialogar com populações marginalizadas e compreender quais são suas demandas é fundamental para construção em conjunto de estratégias que contribuam a curto, médio e longo prazo na vida desses grupos. Além disso, esse contato colabora diretamente na formação dos futuros e também profissionais de saúde. Análise crítica: As travestis deveriam estar inseridas em todos os espaços, inclusive os acadêmicos, como alunas, professoras, trabalhadoras, mas percebe-se ainda o estranhamento que elas causam ao adentrar a universidade. Existe uma falha no processo de formação dos profissionais de saúde, pois eles não reconhecem os sujeitos fora de uma lógica binária. Fala-se tanto em humanização na saúde, mas como humanizar, se não discutimos/compreendemos os sujeitos? As grades curriculares continuam reproduzindo uma lógica biologicista, que coisifica os sujeitos.

local do evento

Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

Campus Central

A Universidade Federal da Paraíba é reconhecida pela sua excelência no ensino e em pesquisas tecnológicas e, atualmente, encontra-se entre as melhores Universidades da América Latina.

Campus I - Lot. Cidade Universitaria, João Pessoa - PB, 58051-900