28/09/2019 - 13:30 - 15:00 EO-28A - GT 28 - Saúde, Currículo, Formação: Experiências, Vivências, Aprendizados e Resistência Sobre Raça, Etnia, Gênero e Seus (Des)Afetos: Atores Sociais |
30449 - TECENDO AFETOS E ENCONTROS NO TERRITÓRIO: EDUCAÇÃO POPULAR EM SAÚDE COMO FERRAMENTA DE APROXIMAÇÃO ENTRE ADOLESCENTES E A UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE PRISCILLA VIÉGAS BARRETO DE OLIVEIRA - ANEPS PE; ABRATO, NATALY DE OLIVEIRA SOUSA - ANEPS PE, ANAILDA SANTANA DE OLIVEIRA - CEBES RECIFE, FERNANDO SEVERINO DA SILVA - ANEPS PE, ADRIELLY ARAÚJO DE OLIVEIRA - PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO DE NUTRIÇÃO UFPE
Contextualização:As Unidades Básicas de Saúde (UBS) são os espaços privilegiados no território de elo entre a comunidade e as Redes de Atenção. É o ponto da Rede que deve acolher e acompanhar pessoas e famílias nas mais variadas situações, a partir de processos educativos que abordem o enfrentamento dos determinantes e condicionantes de saúde, com olhar e estímulo ao protagonismo das pessoas nessas relações, a partir da visão delas mesmas e da coletividade, nas quais o norte é a promoção de saúde e prevenção de agravos e doenças, o que está extremamente alinhado aos princípios da Educação Popular. Fazendo o recorte para o público juvenil, em um país com extremos de desigualdade, e uma população de jovens em torno de 24%, o Brasil se destaca negativamente com a falta de efetividade de políticas públicas que se refletem em exposição às iniquidades estreitamente conectadas com as questões relacionadas principalmente à raça/cor e classe, além de gênero e orientação sexual. O que demonstra a necessidade premente de visibilidade para esse público, além de escuta e atenção às suas especificidades. Descrição: trata-se de relato de experiência de residentes multiprofissionais em – e militantes da - saúde mental, quando de sua prática no anteriormente denominado NASF (Núcleo de Apoio à Saúde da Família), no ano de 2016, em Camaragibe - Pernambuco. A partir do diagnóstico situacional do município e diálogo com algumas equipes da Estratégia Saúde da Família (eESF), especialmente Agentes Comunitárias de Saúde, identificou-se a lacuna de aproximação e acolhimento de adolescentes, principalmente em localidades com grande índice de violência juvenil. Foi desenhado um projeto de grupo com adolescentes que contemplasse 8 encontros (1 por semana) e temáticas a serem identificadas e definidas e uso de técnicas corporais e lúdicas para trabalhar questões que foram levantadas pelo grupo: sexualidade e corporeidade, gravidez, uso de métodos contraceptivos, indicação de atividades físicas. A divulgação foi feita por fanzine e visita domiciliar a partir do mapeamento de território e das(os) adolescentes.Objetivo: Descrever criticamente as atividades feitas por residentes multiprofissionais em – militantes da – saúde mental com adolescentes na atenção primária em saúde, a partir da perspectiva da educação popular em saúde.Resultados:O grupo não pôde começar no dia previsto no planejamento pela pouca quantidade de adolescentes que chegaram no 1º dia (dois adolescentes).Para ampliar a divulgação e consequente adesão, foi articulada uma atividade sobre sexualidade através do Programa Saúde na Escola (PSE) viabilizando a partir daí uma maior adesão. A dinâmica sempre se dava a partir do olhar e saber que cada adolescente tinha da temática e era trabalhado coletivamente a construção de saberes sobre os temas abordados. Os recursos utilizados foram os mais variados: rodas de diálogo, jogos construídos pela equipe de residentes e as(os) adolescentes, técnicas circenses, esquetes, circuitos. A temática seguinte era pactuada no encontro anterior. Para facilitar a comunicação, sugestão dada pelas(os) participantes do grupo, foi criado um grupo de whatsapp, que era utilizado para fortalecer os afetos entre ACS-adolescentes, tirar dúvidas, além de lembrar dos próximos encontros. Outro ganho foi a solicitação de continuidade por parte dos adolescentes. Aprendizados: a potência da atuação em Rede é espetacular. Poder atuar na UBS e ampliar para a o ambiente escolar e vice-versa (através do PSE), entendendo a escola como espaço plural e de desenvolvimento ético-político-pedagógico de jovens, é uma experiência incrível que demonstra a possibilidade de utilização desse espaço. Além disso, ficou evidenciado a imprescindibilidade de acolhimento e valorização do ACS como conexão UBS-comunidade, uma vez que foi o principal profissional de viabilidade da proposta, seja no mapeamento do território e das(os) adolescentes, seja no apoio às atividades, ou ainda – que estava previsto no planejamento – na sustentabilidade e continuidade da proposta, já que essa Residência passaria 1 (um) ano no NASF. Análise crítica:pode-se afirmar que a transformação da relação que envolvem o ser e estar-no-mundo, a saúde-doença nos territórios que trazem a perspectiva da horizontalidade, de acolhimento do saber que as pessoas trazem, com toda sua historicidade, entre usuárias(os)dos serviços e profissionais de saúde, além do próprio serviço em si, é o grande ganho da educação popular em saúde.É a alternativa ao fazer para e pela comunidade, para o fazer com, ou seja, com o protagonismo necessário de quem vivencia cotidianamente. Os maiores desafios se encontram no entendimento dos espaços de saúde e escolar como de viabilização dessas ideias, e dos ACS como catalisadores desses processos, além da urgência em acolher e atender os jovens.
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