28/09/2019 - 13:30 - 15:00 EO-28A - GT 28 - Saúde, Currículo, Formação: Experiências, Vivências, Aprendizados e Resistência Sobre Raça, Etnia, Gênero e Seus (Des)Afetos: Atores Sociais |
31530 - SAÚDE DA MULHER E FEMINISMOS EM ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE: RELATO DE EXPERIÊNCIA DO COLETIVO ANARCHA DE FEMINISMOS E SAÚDE NO PROCESSO DE FORMAÇÃO MÉDICA NATALIA DANTAS DE ALBUQERQUE QUEIROZ - UFRJ / ENSP, CAMILLA SANTOS BAPTISTA - FIOCRUZ, FABIANA GUTIERREZ PANOZO - FIOCRUZ, ANA CAROLINA DE OLIVEIRA CARDOSO - FIOCRUZ, DANDARA PIMENTEL FREITAS - SMS-RJ
Contextualização
O coletivo Anarcha de Feminismos e Saúde é composto por mulheres feministas inseridas na lógica do cuidado em Atenção Primária à Saúde (APS) no município do Rio de Janeiro, com interesse específico em produção de saúde e autonomia da mulher. Trabalhamos em unidades básicas de saúde (UBS) em áreas de alta vulnerabilidade social da cidade, no território de Manguinhos e Jacarezinho, regiões com baixos Índices de Desenvolvimento Social (IDS). Estas UBS estão vinculadas ao programas de formação de residência médica em Medicina de Família e Comunidade (MFC) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp) e da Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro (RMFC-RJ)
Descrição
O Coletivo Anarcha inicia suas atividades no segundo semestre de 2018, realizando encontros semanais regulares para planejamento de atuação e construção gradual de sua identidade.
Nesses espaços de reunião, foram planejadas a atividade teórica relatada no presente trabalho para abordagem de saúde da mulher em APS; atividade esta destinada aos residentes médicos do segundo ano de residência em MFC do programa de residência da UFRJ/ Ensp, após convite recebido pela coordenação acadêmica do espaço. Participaram desse espaço alunos da residência médica, alunos da graduação da faculdade de medicina e preceptores do programa de residência.
A atividade expositiva dialogada foi construída numa perspectiva multidisciplinar, de acordo com os objetivos de aprendizagem já listados.
Período de realização
A atividade ocorreu em fevereiro de 2019, na Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), e teve duração total de 4 horas, conduzida, ministrada e mediada pelas autoras deste trabalho.
Objetivo
O objetivo deste trabalho é relatar a experiência do Coletivo Anarcha em um espaço de discussão teórica, cujo público alvo são residentes médicos de MFC da UFRJ/Ensp, internos da faculdade de medicina UFRJ e preceptores do mesmo programa. Os Objetivos de Aprendizagem desta atividade previamente estabelecidos eram: (1) Ampliar conhecimento sobre bibliografia contemporânea sobre feminino e/ou feminismos, (2) Gerar reflexão crítica sobre história da ginecologia e controle histórico do corpo feminino, (3) Revisitar aspectos da comunicação clínica e do exame ginecológico especular e autoespeculação, (4) (Re)Conhecer a mulher em sua natureza cíclica, (5) Apresentar discussão sobre imposição de padrões estéticos evidenciados pelo aumento estatístico de procedimentos cirúrgicos íntimos.
Resultados e Aprendizados
A atividade acadêmica ocorreu conforme planejado, respeitando tempo previsto e abordagem dos objetivos de aprendizagem previamente determinados. Como produto desse espaço, seguem algumas reflexões, fenômenos e sugestões ali propostas:
1. Participação seletiva:
a. Foi observado uma maior participação de mulheres, muitas delas alinhadas com os temas selecionados para discussões, evidenciando viés de gênero - mulheres que se autodenominam feministas participaram de forma mais expressiva na atividade
b. Também foi observada participação mais intensa de preceptores e graduandos, apesar de o público alvo principal - motivo da existência do espaço - serem os residentes médicos em formação.
2. Necessidade de aplicação prática: Ao final da atividade, o grupo sugeriu incorporação de novos casos clínicos norteadores da discussão. Essa sugestão evidencia as dificuldades habituais práticas de abordagem da temática nos dilemas e nos desafios cotidianos.
3. Público-alvo: atividade destinada exclusivamente a médicos graduados, pós-graduados ou em formação: Apesar de conduzida pelo Coletivo Anarcha, multidisciplinar em sua essência e composição, acreditamos que atividades exclusiva para uma categoria reduz a potência do espaço.
Análise Crítica
A presente atividade é considerada a primeira experiência teórico-prática do coletivo Anarcha de feminismos e saúde (CAFS). O retorno positivo e as sugestões do grupo reforçam o valor, a importância e a necessidade de reflexões com foco em saúde da mulher na produção de cuidado. Esse espaço teórico — palco da primeira atividade — é visto como potente e multiplicador, já que dialoga diretamente com formação de profissionais médicos inseridos na APS — porta de entrada preferencial de assistência no Sistema Único de Saúde (SUS).
|