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Grupos Temáticos

29/09/2019 - 13:30 - 15:00
EO-28D - GT 28 - Saúde, Currículo, Formação: Experiências, Vivências, Aprendizados e Resistência Sobre Raça, Etnia, Gênero e Seus (Des)Afetos: Formação

31077 - REFLEXÕES ACERCA DO PAPEL DA FORMAÇÃO MÉDICA NA REDE DE PROTEÇÃO A MULHER VÍTIMA DE VIOLÊNCIA: RELATO DE EXPERIÊNCIA
DANIELE FELICIANI TASCHETTO - UFN, MARTHA HELENA TEIXEIRA DE SOUZA - UFN


Contextualização
A violência contra a mulher, a partir da luta dos movimentos sociais - principalmente o feminista - foi compreendida enquanto um fenômeno social consequente da cultura patriarcal. Ao desnaturalizar essa violência e reconhecê-la como um problema social, passou a ser enfrentada ativamente de diferentes maneiras, principalmente no âmbito jurídico-legal. Percebe-se, entretanto, que apesar desses avanços os números continuam alarmantes (FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA, 2019). O que se tem evidenciado é o importante impacto negativo na qualidade de vida de suas vítimas, acarretando em um problema de saúde pública. Isso se deve, entre diversos fatores, ao longo período de duração do ciclo da violência, deixando sequelas graves que reverberam pelo resto da vida. Apesar disso, seus impactos ainda são invisíveis dentro da formação médica, pois entende-se que essa é uma demanda que cabe a outras áreas, não ao atendimento clínico. Todavia, esses efeitos repercutem constantemente no serviço de saúde, gerando gastos de recursos humanos e materiais. Para isso, mostra-se necessário que se quebre o silêncio sobre a necessidade de os profissionais de saúde estarem aptos para buscar ativamente casos de violência doméstica nos atendimentos.
Descrição
Os acadêmicos participaram de pesquisa intitulada “percepções acerca da violência vivenciada por mulheres e suas interfaces com a saúde”, financiada pelo CNPq período de 2018/2019, aprovada pelo comitê de ética e pesquisa da Universidade Franciscana sob número 2.993.532. A pesquisa foi realizada na delegacia da mulher em Santa Maria/RS, mediante entrevista semiestruturada, com o objetivo de compreender de que maneira a violência afeta a saúde dessas mulheres. Durante o período de coleta de dados, a proximidade dos acadêmicos com a realidade pesquisada impactou na maneira com que enxergam seu papel de atuação enquanto médicos.
Período de realização
De setembro de 2018 a março de 2019.
Objetivo
Relatar as reflexões suscitadas pela participação de acadêmicos de medicina na inserção em projeto de pesquisa acerca da violência contra a mulher e suas interfaces com a saúde.
Resultados
A partir da pesquisa em campo, os estudantes puderam conhecer a delegacia da mulher de seu município, como são efetuadas as denúncias e de que maneira realizar encaminhamentos. Considera-se de extrema relevância esse reconhecimento dos demais serviços que compõem a rede, para que consigam trabalhar de maneira integrada. Ademais, também puderam ter contato com as mulheres que haviam decidido realizar a denúncia, o que provocou sensibilização devido à gravidade dos relatos escutados. Através da análise dos discursos, puderam perceber os impactos negativos que a violência provoca na saúde. Entre estes, o afastamento da vida social, que acarreta em dependência financeira do agressor, ausência de uma rede de apoio, deterioração da autoimagem e cuidados com à saúde, piora da qualidade sono, bem como quadros de ansiedade e depressão. Diante disso, evidenciaram o silenciamento que há na prática clínica ao não abordar o gênero enquanto determinante social em saúde, pois as entrevistadas relataram ter passado durante consultas com médico nesse período. Entre outros motivos, essa invisibilidade se deve ao fato de que os profissionais se sentem despreparados para abordar assuntos que consideram “delicados e íntimos” (ALMEIDA, SILVA, MACHADO, 2014). Portanto, há necessidade de aproximar os alunos dessa demanda, desde a sua graduação, para que não tenham receio em investigar casos de violência. Para isso, torna-se imprescindível que integrem a rede de apoio e, como tal, busquem ativamente reconhecer quem se encontra nessa situação através do acolhimento e escuta ativa, para que consigam ser resolutivos e auxiliar no enfrentamento à violência contra a mulher.
Aprendizados e análise crítica
Para que se possa construir em conjunto uma sociedade do bem viver, onde as mulheres sejam respeitadas, faz-se necessário articular uma rede ativa de enfrentamento ao patriarcado e à violência em diferentes cenários. A partir da escuta dos relatos dessas mulheres, os acadêmicos puderam perceber a responsabilidade que a formação médica tem de debater questões de gênero e reconhecer a violência doméstica enquanto um problema de saúde pública. Por isso, acredita-se no papel importante que pesquisa e extensão desempenham para a educação de profissionais mais sensibilizados e críticos com a realidade social.
Referências:
ALMEIDA, Luana Rodrigues de; SILVA, Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da; MACHADO, Liliane dos Santos. O objeto, a finalidade e os instrumentos do processo de trabalho em saúde na atenção à violência de gênero em um serviço de atenção básica. Interface Comunicação Saúde e Educação. 2014;18(48): 47-59.
Fórum brasileiro de segurança pública. Visível e invisível: a vitimização de mulheres no Brasil. 2° edição. 2019.

local do evento

Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

Campus Central

A Universidade Federal da Paraíba é reconhecida pela sua excelência no ensino e em pesquisas tecnológicas e, atualmente, encontra-se entre as melhores Universidades da América Latina.

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