29/09/2019 - 13:30 - 15:00 EO-28D - GT 28 - Saúde, Currículo, Formação: Experiências, Vivências, Aprendizados e Resistência Sobre Raça, Etnia, Gênero e Seus (Des)Afetos: Formação |
31093 - AVANÇOS E DESAFIOS DA INSERÇÃO DA TEMÁTICA RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS E DE GÊNERO EM UM PROGRAMA DE RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL EM SAÚDE DA FAMÍLIA ELAINE CRISTINA TÔRRES OLIVEIRA - UNCISAL, SANDRA BOMFIM DE QUEIROZ - UNCISAL, LUCIANO BAIRROS DA SILVA - UNCISAL, MARIA LUCÉLIA DA HORA SALES - UNCISAL, KERLE DAYANA TAVARES DE LUCENA - UNCISAL
CONTEXTUALIZAÇÃO: Saúde é um direito fundamental dos indivíduos que perpassa um conjunto de condições individuais e coletivas que são influenciadas e determinadas por fatores econômicos, culturais, étnico-raciais, de gênero e orientação afetivo-sexual. Esses fatores podem ocasionar desigualdades de saúde entre grupos populacionais em virtude de injustiças sociais. O reconhecimento das iniquidades conduz a necessidade de transformação das práticas e a implementação de políticas de equidade implica em comprometimento dos profissionais que atuam na formação e/ou na assistência. Mas para que isso ocorra, faz-se necessário que os processos formativos incluam os problemas sociais, dentre eles, as relações étnico-raciais e de gênero, para garantir uma formação de profissionais que identifiquem e desenvolvam estratégias para o enfrentamento das iniquidades raciais e de gênero em saúde. Nesse processo, a formação experiencial assume preponderância, permitindo inclusive o reconhecimento de valores preconceituosos e o seus tensionamentos pelos próprios profissionais de saúde.
DESCRIÇÃO: Trata-se de um relato de experiência sobre a inserção, no Projeto Pedagógico de um Programa de Residência Multiprofissional em Saúde da Família, da temática relações étnico-raciais e de gênero, como também, os avanços e desafios de sua execução na formação e qualificação profissional dos residentes. A inserção da temática foi motivada pela discussão coletiva (residentes, tutores, preceptores, professores) durante atualização do projeto pedagógico do Programa. Vivenciou-se um momento em que se discutiu a atuação profissional dos egressos e uma formação que garantisse competências e habilidades, saberes e abordagens técnico-política e ética, para efetivar e qualificar os princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS).
PERÍODO DE REALIZAÇÃO: A experiência iniciou-se no final do ano de 2017, com a discussão sobre a inserção da temática relações étnico-racial e de gênero como um componente da atenção à Saúde da Família e prosseguiu com sua execução durante o ano de 2018.
OBJETIVO: Descrever a experiência vivenciada com a introdução da temática relações étnico-raciais e de gênero, na matriz curricular de um Programa de Residência Multiprofissional em Saúde da Família em uma Universidade pública de uma capital nordestina.
RESULTADOS: A implantação do módulo referente à temática de equidade teve uma aceitação significativa, a partir das falas dos integrantes da primeira turma contemplada com a mudança curricular. A execução da experiência iniciou com uma roda de apresentação que teve o tema “Vivência ou convivência com a discriminação racial ou LGBTT+”. A cada depoimento, os integrantes se emocionaram as experiências dos colegas. Ao final perceberam como não se conheciam quanto a vivência de processos discriminativos e sobre a importância de abordar a temática na Universidade e, principalmente, no processo de formação que integra o ensino e o serviço, como a residência. Para muitos, esse foi o primeiro contato aprofundado sobre as relações étnico-raciais e de gênero e saúde. Na perspectiva de integrar o contexto local e as temáticas discutidas em sala, foi organizada uma aproximação in loco com as discussões das relações étnico-raciais a partir da visita ao terreiro. A avaliação realizada sobre a visita, levantou impressões positivas no que concerne a importância de desconstruir representações preconceituosas e salientou a necessidade da residência procurar dar visibilidade a esses equipamentos sociais no processo de territorialização, no entorno da instituição de ensino.
APRENDIZADOS: Verificou-se com a experiência que a atuação profissional na perspectiva da equidade requer o entendimento de todos os fatores que contribuem para a vida dos indivíduos e para o surgimento de iniquidades em saúde. O agir do profissional como cidadão que busca a implementação dos princípios do SUS, só é possível mediante formação adequada e contextualizada com a realidade. Dessa forma, considera-se que a discussão da temática relações étnico-raciais e de gênero no componente curricular se torna fundamental para a atuação qualificada dos residentes na produção de cuidado ou gestão de serviços de saúde.
ANÁLISE CRÍTICA: O processo de introdução da temática na formação dos residentes tem certa influência na experiência prévia da coordenação da residência com módulos referentes às políticas de equidade nos cursos de bacharelado em saúde da própria Universidade. Contudo, a discussão da temática relações étnico-raciais e de gênero na formação de profissionais de saúde ainda é um desafio a ser enfrentado, tendo em vista todo o contexto histórico do país.
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