28/09/2019 - 15:00 - 16:30 CB-28A - GT 28 - Saúde, Currículo, Formação: Experiências, Vivências, Aprendizados e Resistência Sobre Raça, Etnia, Gênero e Seus (Des)Afetos: Atores Sociais, Práticas e Cuidados em Saúde |
30870 - HUMANIZAÇÃO EM CLÍNICAS DE ENSINO ODONTOLÓGICO: PERCEPÇÃO DE FUNCIONÁRIOS RAFAELA REIS DA SILVA - UFMG, LANNA ELISA FURTADO OLIVEIRA - UFMG, ROSA NÚBIA VIEIRA DE MOURA - UFMG, VIVIANE ELISÂNGELA GOMES - UFMG, EFIGÊNIA FERREIRA E FERREIRA - UFMG
Introdução: Em 2003, o Ministério da Saúde lançou a Política Nacional de Humanização, cujo objetivo foi ofertar atendimento de qualidade em todas as áreas da saúde somando a tecnologia ao bom relacionamento interpessoal, sendo este um eixo norteador das práticas de atenção e gestão em todas as instâncias do SUS. Humanizar é uma rede de construção permanente e solidária de laços de cidadania, onde o profissional passa a olhar cada indivíduo plenamente, levando em conta sua história, tratando-o como inserido em um coletivo. Embora a humanização na saúde tenha sido (e por vezes ainda é) interpretada como proporcionar um ambiente mais agradável, lúdico e prazeroso, e estes atributos se constituam em melhorias físicas necessárias nos serviços, ela não se restringe a isto. Um atendimento humanizado envolve as relações estabelecidas entre profissional e paciente, pautada no respeito à dignidade da pessoa humana, a gestão compartilhada dos serviços e a política pública. Objetivo: Avaliar a percepção da humanização do cuidado odontológico entre funcionários de uma Faculdade de Odontologia, da região Sudeste do Brasil. Metodologia: Foi realizado um estudo qualitativo, utilizando o grupo focal para coleta de dados, que favoreceu a explicitação das experiências vividas durante os atendimentos. O grupo focal foi constituído por seis participantes voluntários, selecionados intencionalmente, envolvidos diretamente com o atendimento clínico, que se dispuserem a colaborar com o estudo após leitura e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. O projeto de pesquisa foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CAAE 73913217.4.0000.5149). Utilizou-se como suporte teórico para a elaboração do roteiro do grupo focal, as diretrizes da Política Nacional de Humanização. Optamos por selecionar três dimensões, as mais imbricadas no momento do atendimento: acolhimento (reconhecer como legítima a demanda apresentada e estabelecer relação de confiança, compromisso e vínculo), clínica ampliada compartilhada (considerar a singularidade do sujeito no adoecimento e sofrimento e a complexidade do processo saúde doença) e a defesa dos direitos dos usuários (conhecer os direitos garantidos por lei, facilitar a divulgação e assegurar o cumprimento). A coleta dos achados foi realizada em sala especialmente cedida para este fim, proporcionando a adequação necessária (conforto, silêncio, tranquilidade) para a realização do grupo focal. Ao grupo foi feita a pergunta motivadora: Você poderia dizer o que entende por atendimento humanizado ou humanização da Odontologia? Sequencialmente o roteiro foi explorado, em continuidade à conversa estabelecida. As falas foram gravadas em áudio, seguido de sua transcrição. A transcrição das falas ocorreu sem a identificação dos participantes, redigida no formato de texto, apresentando parágrafos de acordo com a mudança de voz dos participantes. Resultados e Discussão: Os achados foram interpretados com base na fenomenologia e as falas analisadas com base na análise de conteúdo, sendo identificados os temas: Percepção da humanização; Humanização na prática e Comunicação. Com relação à temática humanização em saúde, as falas mostram que a percepção social da humanização encontra-se associada à concepção humanística (ouvir o paciente, equipe multiprofissional e clínica de emergência) e relacionada à conduta voltada para comunicação (orientar, informar o paciente e falta de respeito). As representações sociais são produtos das relações cotidianas que perfazem e transformam a partir de uma ação. A compreensão dos significados observados mostrou uma evolução do significado simbólico atribuído às práticas da humanização. Considerações finais: Com esta pesquisa, foi possível observar que ainda existem dificuldades em trabalhar a humanização no ensino, mesmo após as mudanças curriculares preconizadas pelas políticas vigentes, o que reitera a necessidade de se trabalhar este tema de forma transversal. Além disso, foi possível perceber, por meio dos relatos apresentados, que a percepção da humanização é algo que todos têm conhecimento de uma forma geral, e a partir desta emergiram questionamentos do porquê não vivenciar esta prática nos atendimentos, e que a sua vivência é um desafio a ser superado. Apoio: FAPEMIG.
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