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Grupos Temáticos

28/09/2019 - 15:00 - 16:30
CB-28A - GT 28 - Saúde, Currículo, Formação: Experiências, Vivências, Aprendizados e Resistência Sobre Raça, Etnia, Gênero e Seus (Des)Afetos: Atores Sociais, Práticas e Cuidados em Saúde

31197 - A CRIAÇÃO DO GRUPO DE TRABALHO SOBRE SAÚDE DA POPULAÇÃO NEGRA ENQUANTO POTÊNCIA DE INOVAÇÃO PARA PROFISSIONAIS DE ATENÇÃO PRIMÁRIA E A COMUNIDADE ATENDIDA.
JEANICE DA CUNHA OZORIO - UFRGS, ANDREIA BARCELLOS OLIVEIRA - GHC, GABRIELA DUTRA CRISTIANO - PUCRS, HELENA BIAVASCHI GRASSI - UFRGS, LUANA SILVA DA ROSA - GHC, VANESSA L. S. DE AZEVEDO - PREFEITURA MUNICIPAL DE PORTÃO


Resumo: No âmbito da saúde, apesar de diversas evidências sobre as desigualdades raciais, econômicas e sociais que incidem sobre a população negra, ainda são poucas as ações direcionadas para a redução destas iniqüidades. Nesse sentido, a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN) tem o intuito de deliberar e compactuar com as três esferas governamentais indicadores e metas para a promoção da equidade étnicoracial na saúde; avaliar e monitorar esses indicadores visando a diminuição das iniqüidades, combater o Racismo Institucional no Sistema Único de Saúde (SUS), bem como inserir no exercício do controle social e nas formações e educação permanente dos trabalhadores da saúde questões como racismo e saúde da população negra (BRASIL, 2009). Monteiro (2012), afirma que o conhecimento sobre Educação Permanente e questões étnico-raciais de quem trabalha com gestão de pessoas é escasso. Essa realidade é grave, impondo a necessidade de abordar o Racismo e Saúde da População Negra nos processos de formação e educação permanente dos trabalhadores da saúde e no controle social. O racismo é um mecanismo que atua para impedir que mudanças ocorram nesse sentido, impedindo falas, debates e ações que visem o combate à essas desigualdades e injustiças. Assim, o presente relato de experiência tem como objetivo demonstrar a relevância da criação de um grupo de trabalho (GT) em uma equipe multiprofissional de uma Unidade de Saúde em Porto Alegre, composta por aproximadamente 50 trabalhadoras/es, para problematizar questões da saúde da população negra entre seus membros e junto a população no seu território de atuação. Embasando-se na PNSIPN foi criado, em maio de 2015, o GT com o intuito de propor ações de prevenção e promoção de saúde voltadas à população negra, enfrentando/modificando, assim, um contexto de vazio assistencial. O grupo iniciou propondo ações voltadas ao dia 20 de Novembro, dia da Consciência Negra. Os primeiros debates e inquietações deram início a um planejamento de como sensibilizar e mobilizar os demais membros da equipe e da comunidade para essa questão. Assim, foi organizado para os/as profissionais da equipe um encontro de educação permanente sobre a questão racial, com a participação de profissionais que atuam na rede de saúde. No mês de novembro, foi programada uma roda de capoeira em uma das escolas e no grupo da terceira idade do território da Unidade de Saúde, ofertadas oficinas de turbante e de Abayomi, ambas abertas à comunidade. No ano posterior, decidiu-se realizar as atividades não somente no mês de novembro, mas procurar desenvolvê-las durante todo o ano. Desta forma, foram mantidos encontros periódicos para estudos de temas pertinentes como cotas raciais, injúria racial, anemia falciforme, dados sobre a desigualdade racial, educação permanente para profissionais da equipe, roda de conversa com a comunidade sobre racismo, entre outros temas e atividades junto a equipe de saúde e a comunidade atendida. Como resultados, observou-se a importância de pautar discussões entre as/os trabalhadores/as da saúde a cerca de marcadores como representatividade e racismo, bem como sua transversalidade com questões de gênero e sexualidade. Estas reflexões possibilitaram iniciar um processo, ainda que com resistências, de mudança de cultura entendendo que é possível emergir um novo tipo de cuidado pautado por reflexões críticas e olhares ampliados em relação a população negra. Além disso, percebeu-se uma mudança em relação ao acesso de pessoas negras ao serviço de saúde, o que entende-se ter relação com a identificação dessas pessoas com as discussões realizadas e com as profissionais de saúde negras. Tais considerações refletem a potência da criação do GT enquanto catalisador de debates em um processo de contra-hegemonia, na contracorrente do racismo e da reatualização de práticas conservadoras e estigmatizantes.
Referências:
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria MS n.992, de 13 de maio de 2009. Institui a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra. Diário Oficial, Brasília, 2009. Seção 1
MONTEIRO, Maria do Carmo Salles. Desafios da inclusão da temática étnico-racial na Educação Permanente em Saúde. In.MÜLLER, Tânia Mara Pedroso (Coord.); BATISTA, Luís Eduardo; WERNECK, Jurema e LOPES, Fernanda (Orgs.). Saúde da População - Coleção Negras e Negros: Pesquisas e Debates - 2º edição Revista e ampliada – 2012 ABPN - Associação Brasileira de Pesquisadores Negros. 372 p.

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