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Grupos Temáticos

29/09/2019 - 15:00 - 16:30
CB-28D - GT 28 - Saúde, Currículo, Formação: Experiências, Vivências, Aprendizados e Resistência Sobre Raça, Etnia, Gênero e Seus (Des)Afetos: Formação e Qualificação

30060 - FAMÍLIA, GÊNERO E RAÇA: PERCEPÇÃO DO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM DE RESIDENTES SOBRE AS ESPECIFICIDADES DESTAS RELAÇÕES SOCIAIS PARA O TRABALHO NO CAMPO
ALEXSANDRA PINHEIRO CAVALCANTE COSTA - UFAC, LEONARDO CARNUT - UNIFESP


Introdução: As categorias ‘família’, ‘gênero’ e ‘raça’ tratam-se de relações sociais complexas que, no trabalho diário de residentes devem ser levadas em consideração. No cotidiano do ensino sobre a estratégia de Saúde da Família, a família contemporânea ainda é pouco tematizada como espaço de produção de diversidades que enseja profundas alterações e constrói novas domesticidades. Neste sentido, a crítica a noção de família nuclear burguesa e o processo de superação do marco moderno são fenômenos que servem para problematizar as reconfigurações que (des)constroem a sensação de salubridade da família enquanto instituição. No campo, estas categorias ainda se apresentam como relações sociais específicas que transformam o ensino destas categoriais para quem trabalhará em áreas rurais, um desafio a mais a ser requerido. Objetivo: Assim, o objetivo deste trabalho foi compreender a percepção dos estudantes da Residência de Saúde no Campo sobre o ensino-aprendizagem das categorias ‘família’, ‘gênero’ e ‘raça’ e como elas ajudam ao trabalho em saúde na comunidade. Método: Tratou-se de uma abordagem qualitativa, com utilização da entrevista como forma de coprodução dos dados. O cenário de análise foi o módulo educacional sobre ‘Família, Gênero e Raça’ ministrado para os residentes em Saúde no Campo da Universidade de Pernambuco no período de abril de 2016. Os vinte residentes são divididos em dois grupos que trabalham em unidades de saúde da família em comunidades diferentes. Metade deles é lotada no assentamento Sem Terra em Caruaru, e, o outro grupo na comunidade quilombola do município de Garanhuns, ambos no agreste pernambucano. O módulo foi constituído de cinco encontros cujo objetivo foi compreender a família como núcleo social primário, microcosmo producente de diversidades que (re)configuram a lógica da contemporaneidade, sendo interseccionado pelo gênero e pela raça e tendo o campo como tema transversal. Ao término da vivência, os residentes foram convidados a responderem uma entrevista semiestruturada, cujo um dos tópicos foi: “o módulo ‘Família, gênero e raça’ contribuiu para formação na residência em saúde da família (com ênfase na saúde do campo)?”. Ao final esses dados foram sistematizados por meio da Análise do Discurso e interpretados à luz da Teoria das Representações Sociais de Serge Moscovici, utilizando como principais referenciais das categorias Família, Gênero e Raça, a perspectiva histórica cunhada por Kaloustian, Fernandes e Boehs, e, por fim, Sales Júnior. Para compreender as especificidades do campo, a discussão sobre a Política Nacional de Saúde Integral das Populações do Campo e da Floresta já vinha sendo tematizada ao longo de todos módulos da residência. Resultados e Discussão: Os discursos puderem ser reconstruídos em oito ideias centrais que apresentam a percepção dos residentes sobre a contribuição do ensino-aprendizagem destas categorias. Para eles as categorias servem para a “Compreensão dos conceitos”, para atuar em “Diferentes conformações de famílias”, para melhorar o “Embasamento para a prática profissional”, para repensar a “Manutenção de práticas que não respondem às demandas”, para promover uma “Ressignificação da prática profissional”, para qualificar a “Atuação sobre a saúde da família”, para ajudar e delimitar melhor a “Reflexão sobre transformação social” e reconhecem que “Falta de atualização sobre o tema”. No que se referiu ao conteúdo, “campo” no contexto da discussão como relação social transversal recolocam as duas categorias tomadas como centrais no debate. O “gênero” apareceu nos discursos como uma de suas expressões mais frequentes no debate familiar (a posição da mulher na produção de novas domesticidades e o lugar da sexualidade na conformação de novos arranjos familiares); e ainda mesclada “raça/cor da pele” como a desconstrução da suposta ideia de “democracia racial” no Brasil (com ênfase na organização/ascensão do movimento negro como unidade política e manutenção da cultura familiar assim como nas cotas raciais como elemento mobilidade econômica das famílias). Conclusões: A lida cotidiana dos residentes em situações de trabalho no campo requer, necessariamente, olhar qualificado para esta relação social que o campo é. As categorias Família, Gênero e Raça são dotadas de especificidades importantes. Para os residentes, o processo ensino-aprendizagem destas categoriais faz-lhes reelaborar conceitos, delimitá-los melhor, orientando a prática para perceber as relações sociais, desnaturalizando-as. O papel da família como orientadora do cuidado, apoio social e proteção é reconduzido ao modo em que as domesticidades dependem da terra e por isso, essa especificidade parece central no ensino-aprendizagem das categorias família, gênero e raça no campo.

local do evento

Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

Campus Central

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