29/09/2019 - 15:00 - 16:30 CB-28D - GT 28 - Saúde, Currículo, Formação: Experiências, Vivências, Aprendizados e Resistência Sobre Raça, Etnia, Gênero e Seus (Des)Afetos: Formação e Qualificação |
31371 - INTEGRALIDADE EM SAÚDE: UMA EXPERIÊNCIA DE FORMAÇÃO INTERPROFISSIONAL EM SAÚDE VANESSA DE LIMA SILVA - UFPE, ETIENE OLIVEIRA FITTIPALDI - UFPE, MARIA ILK NUNES DE ALBUQUERQUE - UFPE, CINTHIA KALYNE DE ALMEIDA ALVES - UFPE, UMBELINA DO REGO LEITE - UFPE, FERNANDA CRISTINA DE LIMA PINTO TAVARES - UFPE, RODRIGO CARIRI CHALEGRE DE ALMEIDA - UFPE, ELAINE JUDITE DE AMORIM CARVALHO - UFPE, VERA LUCIA DUTRA FACUNDES - UFPE
A educação interprofissional ocorre quando estudantes de duas ou mais profissões aprendem sobre os outros, com os outros e entre si, para possibilitar a efetiva colaboração e melhorar os resultados na saúde. Trata-se de um passo fundamental na transição de sistemas de saúde fragmentados para uma posição mais fortalecida. As equipes de assistência de saúde interprofissional compreendem como otimizar as habilidades de seus membros, compartilhar o gerenciamento de casos e prestar serviços de saúde de melhor qualidade a pacientes e à comunidade. A Organização Mundial da Saúde considera e recomenda a colaboração interprofissional em educação e prática na saúde como uma estratégia inovadora que desempenhará um papel importante na atenção às necessidades de saúde das populações. Objetiva-se relatar a implementação do componente curricular Integralidade em Saúde entre 13 cursos da Universidade Federal de Pernambuco. Trata-se da primeira experiência curricular de formação interprofisisonal de estudantes de saúde da universidade. A criação do componente curricular eletivo decorreu de um compromisso com o programa Pró Saúde, a criação de um componente transversal, comum aos 13 cursos de saúde. Foram convidados coordenadores e docentes de cada curso. A adesão se deu aos poucos e variou conforme a identificação e comprometimento dos docentes com a formação interprofissional. No transcurso das discussões, foi definido que o componente curricular teria carga horária de 60 horas, das quais 45 horas práticas e 15 horas teóricas, a serem distribuídas de forma a contemplar o estudo do cuidado integral em saúde, seus conceitos de base e sua forma de aplicação na prática clínica. Foram definidos como temas para as aulas teóricas: concepções de saúde; determinação social da saúde; integralidade em saúde; interdisciplinaridade e interprofissionalidade em saúde; práticas integrativas; clínica ampliada e seus dispositivos. Do ponto de vista didático e pedagógico, as temáticas são trabalhadas se utilizando de estratégias metodológicas inovadoras, ativas e participativas, na maioria das vezes, respaldadas na ludicidade e na criatividade, que promovem a autonomia, a troca de saberes, a construção partilhada de conceitos e a reflexão dos cenários de realidades, de modo a facilitar e potencializar o estudo da integralidade em Saúde na prática interdisciplinar. As subturmas práticas são formadas com até seis estudantes de cursos diferentes, acompanhados por um docente. O cenário de práticas abrangeu o estudo de casos e intervenções nas Unidades de Saúde da Família do município. Para o manejo dos casos, adotou-se a elaboração de um Projeto Terapêutico Singular, pautado na clínica ampliada. Os estudantes entram em contato com os profissionais do Núcleo de Apoio à Saúde da Família e da Equipe de Saúde da Família onde conhecem suas formas de atuação inteprofissional. Em seguida são apresentados a um caso acompanhado pela equipe. Para a elaboração do Projeto Terapêutico Singular, é realizado um diagnóstico ampliado, onde os estudantes realizam visita domiciliar e conhecem a pessoa e sua família. São utilizados como instrumentos de diagnóstico a elaboração do modelo de determinação social do caso, genograma e ecompa, construídos, quando possível, na presença do usuário. A definição das ações a serem realizadas é partilhada com os profissionais que acompanham o caso e, quando possível, com o usuário. Os casos acompanhados pelos grupos envolvem a complexidade do processo saúde-doença, com destaque para as vulnerabilidades sociais relacionadas a raça, gênero e idade. O componente curricular foi implantado em 2014, com oferta em cada semestre letivo, e atualmente está formando sua décima turma. Passaram pelo componente mais de 300 estudantes e 16 docentes. O componente curricular tem apresentado grande potência para a formação interprofissional entre os estudantes de saúde e para a educação permanente dos docentes da universidade. Há um aprendizado mútuo quanto às trocas teóricas e vivências práticas nas unidades de saúde, bem como na integração entre as áreas da saúde e a possibilidade de conviver com estudantes e professores de outros cursos. A escolha da categoria teórica Integralidade em Saúde também se mostrou efetiva para o estudo da prática interprofissional em saúde. A Integralidade em Saúde tem como um de seus sentidos a formação do profissional de Saúde, formação essa que possibilita a habilitação e a capacitação dos profissionais a desenvolver práticas de cuidados menos reducionistas e menos fragmentárias, buscando compreender o conjunto de necessidades, de ações e serviços que um usuário apresenta, considerando em especial os aspectos humanitários e subjetivos do cuidado em Saúde.
|

|