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Grupos Temáticos

28/09/2019 - 15:00 - 16:30
EO-12B - GT 12 - Estratégias e Metodologias Que Favorecem a Descolonização da Comunicação na Saúde

31027 - SIGDESASTRES: PROPOSTA DE UM ESPAÇO DE PARTICIPAÇÃO E EMANCIPAÇÃO DAS COMUNIDADES AFETADAS PELO ROMPIMENTO DA BARRAGEM DE FUNDÃO (MG)
MICHELE NACIF ANTUNES - UFES, PAOLA PINHEIRO BERNARDI PRIMO - UFES, MARIELA PITANGA RAMOS - UFES, ANA CAROLINE DE ALMEIDA PEÇANHA - UFES, CARLA MATOS MARINÉLLI SANTOS - IFES, THALITA MASCARELO DA SILVA - UFES, ADAUTO EMMERICH OLIVEIRA - UFES


Apresentação: A comunicação dos riscos e dos desastres é também uma comunicação mediada, onde os meios de comunicação assumem um papel central, e muitas vezes constroem simbolicamente o mundo de acordo com os interesses do sistema político-econômico dominante. Em uma conjuntura de midiatização da sociedade, isto é, do atravessamento do campo midiático nos demais campos sociais, torna-se problemático tentar separar a comunicação dos fatos sociais. No caso dos desastres tecnológicos, presenciamos a atuação dos meios de comunicação, que encaram o acontecido de forma técnica, superficial, sem levar em conta a vulnerabilidade e o posicionamento dos envolvidos. E, consequentemente, há uma generalização do problema e das soluções apresentadas, podendo ser considerada uma violência contra os atingidos, na medida em que os silenciam, ou que captam suas vozes e as homogeneíza. Neste sentido, o mapeamento da mídia local e não hegemônica, o monitoramento e a disseminação de seu conteúdo, pode revelar atores com suas vozes abafadas e, a partir daí, amplificá-las, retornando a essa população atingida, um dos direitos humanos, a eles tantas vezes ceifados, o direito à comunicação.

Objetivo: Apresentar o SigDesastre, uma proposta ancorada nas Tecnologias de Comunicação e Informação (TIC´s), que alinhadas à comunicação e saúde se apresenta como um potencial espaço para promover a participação e emancipação das comunidades afetadas pelo rompimento da barragem de Fundão (MG).

Metodologia: Foi realizado inicialmente uma cartografia das mídias locais existentes dentro da bacia do Rio Doce, identificando rádios, portais de notícias e webjornais. À medida que foi possível conhecer as mídias locais, em uma segunda etapa da pesquisa, é realizado o monitoramento constante de tais mídias na internet, capturando a informação sobre o desastre e seus impactos na saúde. O resultado é disponibilizado em um ambiente virtual, o SigDesastre.

Resultados/Discussão: Após realizada busca na internet, por meio de descritores pré-estabelecidos, foram localizados 372 rádios, 180 portais de notícias e webjornais nos municípios pertencentes à bacia do Rio Doce, nos Estados do Espírito Santo e Minas Gerais. Advoga-se que trazer as mídias locais para o ambiente da pesquisa e promover um sistema de monitoramento na internet, que capture o conteúdo disperso existente sobre os impactos do desastre e os disponibilize em um ambiente virtual, seja uma forma para contribuir com a emancipação dessa população. Os atingidos por desastres são muitas vezes colocados à margem pela midia hegemônica, colonizadora, detendora de uma verdade absoluta e que invisibiliza essas pessoas e comunidades, não privilegiando uma comunicação dialógica. Santos (2018) ressalta o papel dessa “sociedade invisível”, que vive “do outro lado da linha abissal”, sendo detentora de verdades e conhecimentos que precisam ser trazidos à tona para que realizemos uma “justiça cognitiva global”. As mídias locais podem exercer esse papel. Ao cartografar esses dispositivos de comunicação e concentrá-los em um espaço virtual, permite-se que o discurso não hegemônico seja também conhecido, concedendo novos saberes e realidades àquele cotidiano que mesmo novo, já se impõe como único. Além disso, a existência de um espaço na internet, que concentre a informação existente, pode oferecer subsídios para que ações entre os atingidos sejam propagadas, formalizando um local de boas práticas virtuais.

Considerações finais: O direito humano à comunicação está intrinsicamente relacionado ao direito à participação, em condições de igualdade formal e material, na esfera pública mediada pelas comunicações sociais e eletrônicas. Desta forma, desenvolver espaços, processos e práticas que ampliem as vozes mais periféricas, permitindo a disseminação de seus interesses e pontos de vistas é uma estratégia que pode contribuir para a participação (Araújo e Cardoso, 2007). Assim, uma estratégia que se apresenta é identificar, reunir e monitorar as mídias locais dos territórios atingidos, bem como ouvir as vozes que precisam ser ouvidas e amplificadas, em contrapartida ao silenciamento dos meios de comunicação hegemônicos. É imperativo que as boas práticas virtuais sejam reforçadas com iniciativas com esse propósito, que ultrapassam a linha abissal, que buscam os do outro lado da linha, os identifica e os fortalece.

REFERÊNCIAS
ARAÚJO, I.S. de; CARDOSO, J.M. Comunicação e saúde. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2007.
Santos, B.S. Na oficina do sociólogo artesão. Aulas 2011-2016. São Paulo: Editora Cortez, 2018.

local do evento

Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

Campus Central

A Universidade Federal da Paraíba é reconhecida pela sua excelência no ensino e em pesquisas tecnológicas e, atualmente, encontra-se entre as melhores Universidades da América Latina.

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