29/09/2019 - 15:00 - 16:30
CB-12A - GT 12 - Práticas de Saúde, Comunicação e Direitos Humanos |
31389 - ATENÇÃO À SAÚDE DO IDOSO E ENVELHECIMENTO SAUDÁVEL
LUCINEIRE LOPES DE OLIVEIRA - UERN, VANIA DE VASCONCELOS GICO - UFRN
Discute-se a atenção à saúde do idoso, percorrendo-se os caminhos que discutem o desenvolvimento da atenção à saúde, alterada pela nova (con)formação etária da sociedade que exigiu adequações que deram lugar a elaboração e implementação da Política Nacional de Atenção à Saúde do Idoso tendo como pano de fundo os princípios norteadores do Sistema Único de Saúde – SUS, e como recorte territorial uma cidade polo do oeste potiguar, nordeste brasileiro. Os objetivos delineados são: cartografar a implementação da política de atenção à saúde do idoso, considerando-se os princípios e diretrizes do SUS e da Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa; verificar se a promoção à saúde é tida como estratégia que favorece aos idosos a possibilidade de um envelhecimento saudável; identificar o discurso dos idosos acerca do processo de envelhecimento e conhecer as estratégias que utilizam para dar conta das suas necessidades. Adota-se como estratégia metodológica o questionário BOAS – Brazil Old Age Schedule , amplamente utilizado para coleta de dados dessa camada da população, complementado por entrevistas com vinte (20) idosos residentes na cidade, na perspectiva de entender os elementos objetivos, e os traços políticos e subjetivos que expressam a regularidade que marca o espaço da atenção à saúde do idoso. Os dados do BOAS foram tabulados e divididos em nove seções para análise. Ao dar-se voz aos sujeitos-parceiros do estudo foi possível apreender em seus discursos uma leitura aprofundada que permitiu a visualização de temas polifônicos e policêmicos; foram analisados tendo como suporte teórico-metodológico o modelo proposto por Boaventura de Souza Santos (2006) designado razão cosmopolita que se fundamenta em três procedimentos meta-sociológicos, a saber: a sociologia das ausências, a sociologia das emergências e o trabalho de tradução, conceitos chaves das Epistemologias do Sul, exercício político-epistemológico do autor para descolonizar o conhecimento, dando-se voz a uma camada da população tornada invisível pelos cânones do pensamento hegemônico. Constata-se como resultados da pesquisa, a exclusão e discriminação dos idosos nos diferentes cenários sociais, condição que não os impede de serem conscientes da sua importância como cidadãos merecedores de tratamento digno e respeitoso pela família, sociedade e, pelo poder público; ao discorrerem sobre a saúde, os idosos afirmaram a necessidade de se propor modelos alternativos de atenção que tenha como norte o paradigma da promoção à saúde, para um envelhecimento saudável. Conclui-se que nestes espaços, realizam-se encontros, desenham-se linhas que se mostraram heterogêneas porque foram construídas pelas dessemelhanças que se engendram incessantemente e que demonstram que apesar de termos avançado no tocante a atenção do idoso, ainda há um caminho longo a percorrer no sentido de atender às necessidades explicitadas pelos idosos, e fazer valer os seus direitos básicos, à saúde, a comunicação, ao reconhecimento, ao lazer, aos transportes, enfim aos seus direitos de cidadania e dignidade. Sugere-se a prática da criação-experimentação-diferenciação, ao destacar a dimensão histórico-processual, desconstruções e negociações com efeitos coletivos, para um paradigma democrático da saúde do idoso.
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