30/09/2019 - 13:30 - 15:00
EO-27B - GT 27 - Cuidado em Saúde Mental e Família |
29983 - INSTRUMENTOS DE ABORDAGEM FAMILIAR COMO TECNOLOGIA APLICADA AO CUIDADO INTEGRAL EM SAÚDE MENTAL: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
SÁVIO SILVEIRA LEITE - EMCM/UFRN, HELOISA FREITAS DA CUNHA - EMCM/UFRN, JOSÉ GARCIA DE ARAÚJO NETO - EMCM/UFRN, JOSÉ HAROLDO FERREIRA DA SILVA JUNIOR - EMCM/UFRN, JÚLIO LEONARDO DOS SANTOS MONTEIRO - EMCM/UFRN, LUCAS BRITO DE FARIA - EMCM/UFRN, PEDRO HENRIQUE DE MEDEIROS MORAIS - EMCM/UFRN, PROF. DR. DIEGO BONFADA - EMCM/UFRN
Contextualização: O módulo “Problemas Mentais e do Comportamento”, contido na grade curricular do curso de medicina da Escola Multicampi de Ciências Médicas, unidade vinculada à Universidade Federal do Rio Grande do Norte, discute os principais transtornos de saúde mental com os quais o médico generalista trabalha em seu cotidiano. Como uma das temáticas propostas, foram discutidos os instrumentos de abordagem familiar no contexto do território adscrito por uma Unidade Básica de Saúde. As atividades relativas ao conteúdo envolveram apresentações teórico-práticas, discussões em grupo e também observação de campo e aplicação na realidade, viabilizando o aprendizado sobre os principais instrumentos utilizados para abordagem familiar, destacando-se o Genograma, Ecomapa e FACES III. O genograma e ecomapa possibilitam visualizar a conformação familiar e identificar os laços de afetividade, sendo registradas informações sobre os sujeitos de um grupo familiar e de suas relações, abrangendo no mínimo três gerações. Isso auxilia na compreensão de diversos problemas clínicos familiares, situando-os no tempo, no espaço, nas relações sociais e familiares, em interface com os equipamentos sociais disponíveis aos indivíduos. Já o FACES III permite avaliar as características de coesão do ambiente familiar, como também a harmonia entre seus membros. Descrição: Inicialmente, aconteceu um momento de discussão acerca das potencialidades diagnósticas e de escolha de condutas adequadas materializadas pela utilização dos instrumentos de abordagem familiar na Unidade Básica de Saúde. Em seguida, foi realizada uma busca ativa de casos de pacientes com transtornos mentais mais graves, por meio da leitura de prontuários e sugestões coletadas junto ao médico residente. Após seleção do caso de interesse, foi feita a primeira visita domiciliar, quando foi iniciada a coleta de informações para compor e estruturar o genograma, o ecomapa e a aplicação do Faces III, com o intuito de melhor compreender a dinâmica familiar do indivíduo em sofrimento psíquico. Através das análises foi constatada a necessidade de uma abordagem interprofissional e um cuidado longitudinal para melhor solucionar as múltiplas vertentes do problema. Deste modo, estabelecemos estratégias em conjunto com os demais profissionais da unidade para desenvolvimento de um Projeto Terapêutico Singular. Período de realização: O período de realização e aplicação dos instrumentos foi 01 de abril a 03 de maio de 2019, conforme cronograma do módulo “problemas mentais e do comportamento” da EMCM, no município de Caicó-RN. Objetivo: Compreender a importância da utilização dos instrumentos de abordagem familiar genograma, ecomapa e FACES III para melhor entender as particularidades das relações familiares nos âmbitos de relacionamento, afetividade, problemas clínicos e utilização de equipamentos sociais do paciente com transtorno mental. Resultados: O processo de aplicação dos instrumentos Genograma, Ecomapa e FACES III em família que apresenta usuários com transtornos mentais originou resultados satisfatórios em diversos âmbitos do processo de trabalho em saúde, permitindo ampliar os as alternativas para o cuidado integral do caso clínico. Além disso, o mesmo contribuiu para estabelecimento de um plano de terapêutico longitudinal a ser desenvolvido junto a toda família, em conjunto com toda a equipe profissional da unidade de saúde. Aprendizados: A utilização dos instrumentos citados mostrou-se relevante para ampliar a oferta de serviços, condutas e intervenções de saúde voltadas às pessoas e suas famílias, sem perder de vista o contexto em que estão inseridas, suas histórias e relações interpessoais. Somado a isso, o uso do PTS aliado a abordagem familiar como estratégia terapêutica fortalece o protagonismo dos usuários e familiares no levantamento de suas necessidades de saúde e na decisão sobre a conduta do próprio tratamento, por meio de escuta qualificada e pactuação. Análise crítica: A utilização das ferramentas de abordagem familiar proporciona um maior entendimento do contexto sociocultural da paciente, expandido para além da visão limitada ao consultório, junto a isso, a identificação de necessidades de saúde, suas causas e consequências não observáveis em ambiente ambulatorial. Garante-se dessa maneira a integralidade do cuidado ao paciente. Isto posto, o diagnóstico familiar está contido no primeiro passo para a elaboração de um PTS, instrumento relevante para o cuidado longitudinal da pessoa, a partir do desenvolvimento de objetivos e planos para cada prioridade elencada. A utilização das tecnologias leve-duras supracitadas aumenta a efetividade do trabalho em saúde. Condição inerente à realidade da saúde mental, que exige por sua natureza complexa e multifacetada, uma atenção que não fique restrita à terapêuticas medicamentosas isoladamente.
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