30/09/2019 - 13:30 - 15:00 EO-27B - GT 27 - Cuidado em Saúde Mental e Família |
30430 - A IMPORTÂNCIA DO TRABALHO COM A FAMÍLIA DO PACIENTE PSIQUIÁTRICO NO SUCESSO DO TRATAMENTO. EDIMARCIA MUNHOS CORREA COELHO - SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE/ DEPARTAMENTO REGIONAL DE SAUDE DE PRESIDENTE PRUDENTE /AMBULATÓRIO REGIONAL DE SAÚDE MENTAL, APARECIDA PAVANELLI - PREFEITURA MUNICIPAL DE PIRAPOZINHO
A Saúde Mental no Brasil tem uma trajetória histórica marcada pelo horror, mercantilização da loucura e violência nos manicômios, e coincide com “movimento sanitarista” em 1970. Com a Lei Nº 10.216 de 2001, um novo modelo de assistência às pessoas com transtornos mentais começa a ganhar espaço, pautada na proteção. Mesmo como signatário na Declaração de Caracas, (1990), o Brasil não teve muito êxito em novas práticas, somente por força de lei, houve a alteração do modelo hospitalocentrico, centrado na exclusão, nas diversas formas de tortura, na segregação da sociedade, por modelo substituído de cuidado de atenção e de proteção, e começam a dar lugar a Política de atendimento humanizado, centrada no sujeito e não na doença, assegurado com a Portaria GM/MS. Nº 336,2002.
No Estado de São Paulo, região que corresponde ao Departamento Regional de Saúde de Presidente Prudente – DRS, (compõe 45 municípios); da Secretaria de Estado da Saúde (SES), com a Política de Saude Mental, muito se tem avançado, dos 4 hospitais psiquiátricos, apenas 1 mantém suas atividades de forma alternativa e com acompanhamento do DRS e Ministério Público.
A região é articulada através da Rede de Atenção Psico Social - RAPS, que compreende 15 CAPS, nas diversas modalidades, 10 Residências Terapêuticas, e 54 leitos psiquiátricos em hospital geral, em cinco municípios.
Neste cenário de RAPS, encontra se o Ambulatório Regional de Saúde Mental, unidade mantida pela SES, através do DRS de Presidente Prudente, implantado em 1976, “viveu” seu período de “modelo hospitalocentrico”, onde o paciente não tinha voz, nem vez, a única forma era internação.
Com efetivação da Politica de Saúde Mental, passamos a atender no modelo CAPS, de forma humanizada, buscando a dignidade, e o protagonismo do paciente, e conta com uma equipe técnica reduzida, aquém da sua necessidade, pois atende a 1020 pacientes de Presidente Prudente região. A equipe e composta por três assistentes sociais, duas enfermeiras, uma farmacêutica, uma terapeuta ocupacional, três médicos psiquiatras, duas auxiliares de enfermagem, seis oficiais de serviços, um encarregado de setor, quatro vigilantes (alternadamente), e quatro serviços gerais, todos envolvidos e atentos às demandas sociais e terapêuticas de cada paciente.
Este trabalho tem o objetivo de apresentar dados, que demonstra que a família, o paciente, o território e os profissionais de saúde são responsáveis pelo sucesso do tratamento, sem internações.
Caso como de RJS, com 40 anos de vida, teve 43 internações longas, porém, desde que aderiu ao tratamento nesta unidade, as internações reduziram, permanecendo 40 dias internado em situação de crise extrema, o próprio paciente solicitou a internação, pois não estava bem, e junto com a equipe decidiu-se pela proteção do paciente naquele momento. Em três anos de tratamento na unidade esta foi à única internação.
Responsável por isto, a equipe, que acredita no potencial do paciente, proporcionando momentos e atividades para que possa ser o sujeito, o respeito como cidadão e como protagonista da sua história.
Envolver a família no atendimento, chamando-a á responsabilidade do cuidado do seu ente, discutir a doença, o que esta trás de prejuízo ao paciente, e como a perda dos laços familiares destrói e prejudica o tratamento. A família recebe o apoio principalmente do serviço social e isto fortalece a relação e a família.
A família é envolvida e participa o tempo todo, sendo atualmente as oficinas terapêuticas o suporte ao tratamento, as reuniões de equipe, o atendimento individual, o trabalho em grupo, as feiras de artesanatos e exposições que participam, a articulação com rede local, o território, o vínculo afetivo, a medicação correta e administrada conforme orientação, e sem dúvida o compromisso do médico psiquiatra com o paciente e os acordos com a família, a construção do Plano Terapêutico Singular, assim como o acolhimento de todos os funcionários, trará beneficio e sucesso.
As oficinas acontecem todos os dias, e oferece ao paciente não só um espaço lúdico, mas sim um espaço terapêutico, que permite conhecer seus medos, suas potencialidades, perceber sua fragilidade, e resgatar sua história, vivências e muitas vezes sua vida que mistura ao cheiro do hospital, que traz a memória os gritos de um período louco e doente, onde ele, o paciente, era apenas paciente de sua própria história e não sujeito, o protagonista.
Alguns dados relatados abaixo mostra que o trabalho com a família e o paciente pode e deve ser incentivado.
A saber, no ano de 2016 - 1100 pacientes - 42 internações; 2017 - 1080 pacientes - 27 internações; 2018 - 1050 pacientes - 12 internações.
O número de pacientes vai reduzindo à medida que os municípios vão implantando os CAPS, o tratamento nesta unidade passa a ser de estabilizar á crise, e o matriciamento ao serviço de referência do paciente, do contrario o paciente permanece em atendimento na unidade.
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