28/09/2019 - 15:00 - 16:30 CB-27A - GT 27 - Experiências Inovadoras na Atenção Psicossocial |
30556 - A REDE DE APOIO PSICOSSOCIAL COMO FONTE PARA A CONSTRUÇÃO DE SUBJETIVIDADES: UMA EXPERIÊNCIA NA CIDADE DE ALFENAS- MG JULIA OLIVEIRA COMONIAN - UNIFAL-MG, CLAUDIA GOMES - UNIFAL-MG
Contextualização: As instituições psicossociais, atreladas ao nível primário de atenção à saúde aos sujeitos em situação de sofrimento psíquico, no município de Alfenas, lançam como objetivos comuns favorecer a reintegração social e emancipação, a partir da vinculação de diferentes setores, de diversos profissionais e múltiplas atividades que contemplem os usuários e seus familiares para que se possa estabelecer uma rede de apoio nos diferentes contextos nos quais os sujeitos participam. Descrição: Dentre os setores e ações psicossociais desenvolvidas no município, este trabalho tem como foco o relato de uma experiência a partir da parceria entre uma Universidade sul mineira e uma Instituição de atenção psicossocial a partir da vinculação de uma estagiária, que visou a sistematização de ações psicossociais que favorecem o processo de desenvolvimento humano na vida adulta frente as adversidades e desafios vivenciados, considerando temas como representação da relação saúde x doença; constituição familiar; cidadania; autonomia e perspectivas futuras, a partir da premissa de que o debate desses temas favorece sobremaneira o estabelecimento de uma rede de apoio seja entre os usuários e os profissionais da equipe ou entre os próprios usuários. Para a discussão dos temas, foram desenvolvidas atividades relacionais que favorecem o protagonismo dos usuário, seja a partir da construção artísticas com músicas, poemas e pinturas, seja por meio de rodas de conversa a partir de um tema disparador, ou ainda por meio de oficinas e encontros temáticos, como por exemplo, dia da beleza ou visitas em espaços externos. Período de realização: A partir de um levantamento de demandas desenvolvido conjuntamente com a equipe da Instituição, com os usuários e estagiária vinculada à Universidade, estabeleceram-se as temáticas para a elaboração de um plano de ação. As ações e diferentes atividades propostas foram desenvolvidas ao longo dos anos de 2017 e 2018, por meio de encontros semanais na Instituição, a partir dos diferentes temas e objetivos traçados. Objetivo: Desenvolver e consolidar a rede de apoio institucional, como condição para a configuração subjetiva dos usuários, a fim de favorecermos o desenvolvimento de cidadania, provocarmos os processos de inclusão e reintegração social, assim como potencializar a emancipação. Resultados: As observações, relatos e inquietações derivadas da experiencias foram transcritas em um diário de campo pela estagiária, e posteriormente analisados. Assim indicando que as atividades relacionais estabelecidas, visando plenamente a compreensão do sujeito em situação de sofrimento psíquico, potencializou indicadores como auto-reconhecimento; significações sobre as condições de vida material, entre eles o destaque a relação familiar e social; assim como indicadores de ações de enfrentamento. Compreendemos que os resultados nos apontam que para além do formato das ações e atividades propostas, por meio de atividades coletivas a partir de dinâmicas relacionais horizontais e situadas pelas temáticas, a condição conjunta de elaboração da proposta, constituída pelos usuários, pelos profissionais e pela Universidade, favoreceu para além de um plano de trabalho, a configuração de uma relação de compromisso, co-participação e co-responsabilidade das ações. Aprendizados e análise crítica: Em nosso entendimento, as ações desenvolvidas e resultados obtidos nos aponta para dois pontos de análises centrais para a discussão da criação da rede de apoio psicossocial, ou ações de atenção primária no município. O primeiro deles é sobre a necessidade de estabelecimento de parceiras entre os diferentes setores, dentre os quais destacamos a universidade pública. Entendemos que os debates teóricos sobre saúde mental demandam o rompimento dos muros acadêmicos para se transformarem em ações que propiciem transformações na vida coletiva. Outro ponto de análise, é o entendimento de que a criação de uma rede de apoio psicossocial, demanda relação pessoal, o que indicamos com isso é que contemplar as demandas dos usuários é compreender para além de seu diagnóstico e caracterizações que limitam o sujeito ao perfil de doente, incapaz e excluído, ainda resquícios de uma sociedade manicomial. Concluímos que as ações e atividades envolveram não apenas técnicas, teorias e postulados, como objetivamente indicado pelo plano de ação a partir da definição dos temas; mas também potencializou novas e outras configurações subjetivas, nas quais os usuários puderam apresentar e serem contemplados em seus direitos, deveres, em suas falas e significações, elementos esses essenciais para a construção da cidadania e emancipação, de um sujeito que pensa sobre sua realidade material, sente sua condição social e pode agir, a partir de uma ação coletiva transformadora.
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