Clique para visualizar os Anais!



Certificados disponíveis. Clique para acessar a área de impressão!

Associe-se aqui!

Grupos Temáticos

29/09/2019 - 15:00 - 16:30
CB-27B - GT 27 - Processos Formativos Inovadores

31034 - APROXIMAÇÕES ENTRE A UNIVERSIDADE E O MOVIMENTO ANTIMANICOMIAL: A EXPERIÊNCIA DO CURSO POPULAR DE SAÚDE MENTAL E DIREITOS HUMANOS
RONALDO RODRIGUES PIRES - FCLA/UECE, JOSÉ JACKSON COELHO SAMPAIO - UECE, ALEXSANDRO BATISTA DE ALENCAR - UNILAB/FCLA, NÚBIA DIAS COSTA CAETANO - FCLA, CLÁUDIA FREITAS DE OLIVEIRA - UFC/FCLA, FRANCISCA MÁRCIA ARAÚJO LUSTOSA CABRAL - FCLA


CONTEXTUALIZAÇÃO:
O movimento antimanicomial reúne diversos atores na defesa de uma política de saúde mental que preze pelo respeito aos direitos humanos, pelo cuidado em liberdade e a superação do estigma dirigido às pessoas com sofrimento mental. No Ceará, o Fórum Cearense da Luta Antimanicomial tem atuado, com todos os percalços e recomposições, desde o ano 2000 até a atualidade. Além de usuários, familiares e trabalhadores do Sistema Único de Saúde (SUS), também agrega pesquisadores e professores universitários. Esta composição tem mostrado uma aproximação da universidade que tem produzido aprendizagens recíprocas e cooperação. Deste encontro surgem várias atividades e, desde 2016, representantes da universidade e do movimento, tem ocupado assento na Comissão Intersetorial de Saúde Mental do Conselho Estadual de Saúde do Ceará (CISM/CESAU) colaborando com o controle social no SUS. A necessidade de formação de usuários e familiares surgiu com os desafios na compreensão das pautas complexas que envolvem a saúde mental enquanto política pública. Usuários relataram sentir necessidade de um curso que os auxiliassem na atuação do controle social. Diante disso, buscamos apoio no Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva da Universidade Estadual do Ceará (PPSAC-UECE) e no Grupo de Pesquisa História, Loucura e Saúde Mental do Departamento de História da Universidade Federal do Ceará (UFC). Dessa parceria desenvolvemos o Curso Popular de Saúde Mental e Direitos Humanos, cadastrado como curso de extensão na Pró-reitoria de Extensão da UECE (PROEX).

DESCRIÇÃO: O Curso Popular de Saúde Mental e Direitos Humanos é um curso de extensão para usuários e familiares do SUS, desenvolvida por estudantes e professores com o Fórum Cearense da Luta Antimanicomial. O curso foi projetado em 10 encontros semanais, totalizando uma carga horária de 40 horas, sendo realizado nas salas do PPSAC-UECE. Utilizando metodologias inspiradas em Paulo Freire, foram disparadas temáticas e discussões por meio dos Círculos de Cultura como método.
PERÍODO DE REALIZAÇÃO: Iniciado em 30 de abril de 2019, finalizará em 29 de junho de 2019. Ocorreram, até o momento, 06 encontros.

OBJETIVOS:
Formar usuários e familiares da RAPS de Fortaleza para a atuação na promoção e defesa do direito à saúde e de uma política antimanicomial de saúde mental no SUS. O curso também se propõe a disparar agentes multiplicadores de conhecimentos no território.

RESULTADOS
O grupo de cursistas reúne 17 usuários e familiares dos CAPS de diferentes regiões de Fortaleza. Nos encontros foram discutidos temas como: direitos humanos, a saúde como direito, o SUS, Reforma Psiquiátrica e Luta Antimanicomial, drogas e redução de danos. O clima do curso é de muita participação que se mescla com momentos de catarse, com falas de situações de sofrimento despertadas pelas reflexões.
Durante o encontro sobre a história do SUS, alguns usuários lembraram do tempo em que recorriam ao INPS e, por estarem desempregados, tinham que pegar a carteira emprestada de vizinhos ou outras pessoas usando uma identidade falsa para terem acesso aos cuidados em saúde. Ao falar da Reforma Psiquiátrica muitos lembraram situações de violências sofridas por eles em hospitais psiquiátricos e comunidades terapêuticas, que os motivaram para a defesa de uma política antimanicomial de saúde mental.
Observamos que existia nos participantes uma ideia de que o SUS não funciona, que maltrata o cidadão, por lembrarem as filas e corredores de hospitais sempre cheios. Contraditoriamente, reconheciam os benefícios dos CAPS, mas não faziam uma conexão destes serviços como parte de um SUS que dá certo.
Alguns trouxeram visões estereotipadas e deturpadas sobre os direitos humanos, que mobilizou os facilitadores a problematizarem os diversos sentidos e significados da temática no cotidiano social. Buscamos aprofundar a percepção do coletivo para uma compreensão mais ampla, para fazê-los apropriarem-se criticamente do imaginário socialmente construído.

APRENDIZADOS E ANÁLISE CRÍTICA
Reconhecer a saúde mental como um direito humano, e não como um assunto apenas de especialistas, reafirma a necessidade de inciativas como este curso que possam favorecer o compartilhamento mútuo entre os saberes da universidade e os saberes populares incentivando o protagonismo de usuários e familiares na defesa do SUS.
Os relatos dos usuários são convergentes com a atualidade da sociedade brasileira que convive com deturpações sobre a defesa dos direitos humanos e preconceitos que permeiam o senso comum. A mídia hegemônica também favorece este contexto, além de projetar uma imagem majoritariamente negativa do SUS.
Ao promover a problematização desta realidade pudemos aprender que é possível e necessário construir, por meio de uma reflexividade coletiva, espaços que podem ampliar o conhecimento das pessoas e superar visões ingênuas e mistificantes dos problemas sociais.

local do evento

Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

Campus Central

A Universidade Federal da Paraíba é reconhecida pela sua excelência no ensino e em pesquisas tecnológicas e, atualmente, encontra-se entre as melhores Universidades da América Latina.

Campus I - Lot. Cidade Universitaria, João Pessoa - PB, 58051-900