28/09/2019 - 15:00 - 16:30 CB-6A - GT 6 - Cidade, Subjetividade e Práticas em Saúde |
31067 - O DIA DA LUTA ANTIMANICOMIAL COMO MOMENTO DE REFLEXÃO, CRIAÇÃO E CIDADANIA – UM RELATO SOBRE O PROJETO “SAÚDE NA PRAÇA” NA CIDADE DE DOURADOS - MS. GABRIELA RIEVERES BORGES DE ANDRADE - UFGD, CÁTIA PARANHOS MARTINS - UFGD, CONRADO NEVES SATHLER - UFGD
Contextualização: O projeto “Saúde na Praça” nasceu do nosso desejo de abordar temas relacionados à saúde junto à população, em espaços públicos da cidade. Partimos do entendimento de que a utilização de espaços públicos - quando possibilita o protagonismo dos sujeitos - permite sua ressinificação e também a dos coletivos neles atuantes. Uma das ações do projeto é marcar o Dia da Luta Antimanicomial (18 de maio) em praça pública. A data celebra e reafirma, nacionalmente, conquistas do Movimento da Saúde Mental, movimento que trouxe à tona as condições sub-humanas com que os ditos loucos eram tratados nos hospitais psiquiátricos. O Movimento da Saúde Mental possibilitou novas leituras filosóficas e políticas sobre a loucura bem como a criação de serviços de atenção à saúde mental de porta aberta em substituição aos manicômios. A data celebra, portanto, o direito à liberdade, à saúde e à cidadania de sujeitos aos quais são atribuídos lugares periféricos por motivos históricos, mas sem razão na atualidade, visto que essas razões são mais da ordem do preconceito e dos estigmas sociais. Descrição: As ações tiveram início em maio de 2017 quando se reuniram docentes e discentes do Curso de Psicologia, Residentes do Hospital Universitário, participantes do projeto GraduaSUS, profissionais e usuários de serviços de Saúde Mental em uma praça, com o objetivo de marcar o Dia da Luta Antimanicomial. No local, confeccionamos cartazes e um varal de poesias, cantamos e tocamos e fizemos uma roda de conversa sobre o Movimento da Saúde Mental, seus avanços e desafios. Em 2018 nos reunimos novamente, de forma mais articulada com os profissionais e usuários da Rede de Saúde Mental em outra praça, onde foram feitas manifestações em microfone aberto, lembrando a trajetória da Saúde Mental na cidade, aula de zumba ministrada por educadora física do NASF e execução de músicas por usuários. Período de realização: A experiência teve início em 2017 e continua em curso enquanto projeto de extensão, com previsão de execução anual. Objetivos: Criar espaços de reflexão sobre Saúde Mental na cidade; fortalecer as pautas locais da saúde mental; fortalecer novos protagonismos; contribuir para a articulação da rede de saúde mental; criar espaços de resistência e de expressão criativa. Resultados: As ações do “Saúde na Praça” marcaram o Dia da Luta Antimanicomial, reforçando novos modos de estar na cidade, celebrando a liberdade e a cidadania. O processo de construção das ações fortaleceu a articulação do curso de Psicologia com a Rede Psicossocial, intensificou articulações internas ao curso de Psicologia, enfatizou a temática da Saúde Mental e da Luta Antimanicomial nos processos de ensino do Curso. O Centro Acadêmico do Curso de Psicologia, a partir da articulação com o “Saúde na Praça” passou a realizar a Semana da Luta Antimanicomial com programação voltada para debates de filmes, mesas redondas com convidados, entre outros. Aprendizados: É possível criar espaços abertos de promoção de saúde e de cidadania e torná-lo cada vez mais inclusivo. Em 2019 a articulação, ao longo do ano, com a Rede Psicossocial possibilitou planejar as ações de forma conjunta, sendo realizada uma roda de conversa com os profissionais da Rede de Saúde Mental, o que foi muito importante, pois elucidou para o grupo os avanços e desafios dos serviços de Saúde Mental e a necessidade de resistir aos retrocessos colocados pela política de Saúde Mental atual. Por outro lado, a Secretaria de Saúde cancelou, de última hora, a ação em espaço público, do Dia da Luta Antimanicomial. O aprendizado que ficou é que, embora o fortalecimento da articulação com a Secretaria de Saúde seja fundamental, é igualmente importante que o projeto desenvolva as ações com autonomia. Análise crítica: Há inúmeros desafios em curso, seja na articulação ensino/serviço, seja na ocupação dos espaços públicos. O desafio de articular com os serviços da rede SUS e de fortalecer nossa articulação na Universidade envolve um trabalho que vai muito além do dia de ação na praça. Demanda articulação, planejamento e envolvimento de diferentes atores, sendo resultado de um processo contínuo ao longo do ano. O pontapé inicial, dado em 2017, gerou ações para dentro da Universidade muito relevantes e o desafio colocado pelo projeto “Saúde na Praça” é, entre outros, que essas ações aconteçam, cada vez mais, “para fora” da universidade.
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